Rio - Uma redação 100% em home office, com os jornalistas conectados pela Internet, era algo inimaginável no dia 5 de junho de 1951. Nessa data, circulava a primeira edição de O DIA, jornal que atravessou décadas acompanhando a transformação do Rio de Janeiro e tornou-se leitura de grande relevância para o carioca. Hoje, enquanto o mundo luta contra a pandemia do novo coronavírus, o periódico completa 69 anos com a sua equipe em casa e interligada, sempre tendo como prioridade levar informação ao seu leitor.
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“Tenho enorme orgulho de fazer parte da história de O DIA. Somos mais que uma empresa de comunicação, somos uma grande família e esses 69 anos de idade estão repletos de evoluções e realizações. A marca O DIA sempre será uma grande potência no quesito ‘informação’”, afirma Fernando Salvador, coordenador de Projetos & Marketing.
Editor-chefe do DIA Online, Bruno Ferreira, de 46 anos, há 21 na empresa, destaca a força do site: “O DIA Online fala o que importa mais ao cidadão carioca. Isso que nos fez dobrar a audiência nos últimos 12 meses. A área digital de O Dia traz informação atualizada em tempo real sobre diversos temas de interesse, tanto é que temos mais de 18 milhões de usuários únicos, número maior do que a soma de toda a população do Rio”.
Uma semana após o início da vigência dos decretos de isolamento social, O DIA foi a primeira redação do Rio a colocar praticamente 100% da equipe em home office. Aos 58 anos, sendo 20 no jornal, Fernando Faria, editor do Ataque, diz que a equipe de esporte ‘joga nas onze’, com responsabilidade: “Desde a paralisação das atividades esportivas, os nossos repórteres passaram a cobrir a covid-19. E com dedicação incrível. O futebol, nossa matéria-prima, faz falta, mas não quando o troféu em disputa é a vida”.
Em seus 69 anos, o jornal retratou a história. Editor de Arte do Meia Hora, Sidinei Nunes, de 51 anos, entrou em O DIA em 1996 e lembra do 11 de setembro de 2001: “Recebi uma ligação às 8h30: ‘Liga a televisão’. Uma voz do outro lado dizia: “É a Terceira Guerra Mundial. Ataque às Torres Gêmeas nos EUA. Corri para a redação, assim com toda a equipe. Às 12h30 estava nas bancas uma edição especial”.
Em Benfica, os gráficos colocam as máquinas para rodar o jornal. “Entrei em 1984. Comecei como ajudante de impressão e passei por várias etapas até chegar a supervisor. É muito gratificante imprimir o jornal para chegar aos nossos leitores”, afirma Abelardo Silva Filho, de 58 anos. Léo Baptista, de 36 anos, também tem longa trajetória na empresa: “Entrei em 1999, com 15 para 16 anos, através de um programa social”, lembra ele, hoje coordenador de Call Center e também em home office: “É um desafio operar dessa forma”.
A repórter Ana Carla Gomes, de 42 anos, desde 1998 no jornal, cobria Esportes e agora retrata a pandemia: “Entrevistei pacientes curados, pessoas fazendo o bem para amenizar a dor e trabalhadores longe do seu sustento. Levar essas histórias aos leitores é marcante”.
Editor de Economia, Max Leone, de 51 anos, destaca o desafio da redação: “O DIA se mostra cada vez mais revigorado e disposto a manter o pioneirismo de fazer jornal todos os dias ‘de casa’. Cheguei em 2009 e não poderia imaginar que colocaríamos o jornal nas bancas e na Internet fazendo tudo em home office”.
No setor de Operações Comerciais, o analista pleno Roberto Cunha, de 53 anos, desde 1999 na empresa, viu grandes transformações no jornal sempre no intuito de melhorar a qualidade editorial pensando no leitor. A saudade dos colegas tem sido grande. “Ninguém imaginava que poderíamos trabalhar dessa forma. Sinto falta do contato, das pessoas, da rotina. Nesses anos, fiz amizades e aprendi muito”, diz a especialista em sistemas Viviane Alam El Warrak, de 48 anos, há 15 no jornal.
‘Sou um eterno aprendiz’, Luarlindo Ernesto, jornalista, 76 anos
Luarlindo Ernesto tem histórias de sobra para contar de sua carreira no jornalismo - Gilvan de Souza / Agencia O Dia
Luarlindo Ernesto tem histórias de sobra para contar de sua carreira no jornalismoGilvan de Souza / Agencia O Dia
“Em 1970, pisei no prédio de O DIA pela primeira vez. A redação era no segundo andar. Quando cheguei, me surpreendeu o número de gente que telefonava, escrevia, apurava, tudo ao mesmo tempo. Aquele barulho da redação já tinha me contagiado antes. Senti o cheiro do chumbo derretido que abastecia as máquinas de linotipo do térreo. Foi impressionante a correria. Estava no lugar certo. Repórteres, diagramadores, redatores, copidesques, revisores, editores e subeditores. Eram 24 horas no ar. Acompanhei o desenvolvimento do jornal, do chumbo quente até as mais avançadas tecnologias de comunicação e impressão. O jornal mantinha torres de rádio de recepção e transmissão no Sumaré, em Paulo de Frontin e até nas serras dos limites de São Paulo. Isso permitia que as equipes nas ruas mantivessem contato com a redação durante 24 horas. Acompanhei as novas tecnologias. Isso serviu para me atualizar. Hoje, são 69 anos da empresa e eu junto. Imagino quantas pessoas passaram por esse jornal. Ainda encontro nas ruas velhos companheiros e já não me admiro com as perguntas: “Você ainda está em O DIA?”. Respondo que ora, acompanho os anos no jornal. Passei por várias editorias, da reportagem policial, que era o forte no início, para Cidade, Turismo, Política e ‘namorei’ a editoria do Esporte. O jornal se moderniza e eu continuo aprendendo. Sou um eterno aprendiz. Com vontade de continuar. Afinal, a única coisa que sei fazer é ser jornalista, colado no logotipo de O DIA com orgulho”.
Dos tempos do telex e do fax
O assistente de redação Jorge Müller Delgado está na empresa há 29 anos - Luciano Belford/Agência O Dia
O assistente de redação Jorge Müller Delgado está na empresa há 29 anosLuciano Belford/Agência O Dia
Com 29 anos na empresa, o assistente de redação Jorge Müller Delgado, de 60, mais conhecido como Macarrão, viu de perto a evolução da comunicação: “Trabalhei com máquinas de telex e fax. Era impensável que todos pudessem trabalhar de casa como hoje”.
Em home office, Anderson Emerick, de 55 anos, desde 1995 na empresa, trabalha no tratamento de imagens. As fotos da dura realidade passam na sua tela: “Não é fácil lidar com imagens tão tristes e de dor. Por conviver com isso durante anos, lembro de registros históricos em detalhes”.
Fotógrafos estão nas ruas e na linha de frente da cobertura
Fotógrafos do jornal O DIA enfrentam novos desafios na carreira na cobertura da pandemia - Kelly Duque
Fotógrafos do jornal O DIA enfrentam novos desafios na carreira na cobertura da pandemiaKelly Duque
Nas ruas, o jornal conta com uma equipe na linha de frente da cobertura da pandemia. Daniel Castelo Branco, Gilvan de Souza, Cléber Mendes, Estefan Radovicz, Reginaldo Pimenta, Ricardo Cassiano e Luciano Belford são os fotógrafos responsáveis por registrar a dura realidade do momento. Ao lado deles, estão os motoristas Márcio Nahum, Paulo Roberto da Silva, Clemildo da Silva Galvão, Jorge Felipe Sobrinho, Márcio Luiz Fernandes Farias e Dalmir Pachú. “O maior desafio é estar nas ruas e não ser contaminado pelo vírus porque a gente circula por áreas de risco. Mas alguém tem que sair para deixar as pessoas informadas do que está acontecendo. É o meu papel na sociedade”, destaca Daniel Castelo Branco, de 42 anos, coordenador de fotografia.
Reginaldo Pimenta, de 51 anos, destaca a experiência como o grande diferencial da equipe: “Achei incrível a atitude do grupo. Abraçando a ideia de se tornar os olhos e muitas vezes os ouvidos da redação e trazendo resultado. O desafio é de todos nós”.
Seguindo as orientações dos órgãos de saúde, eles convivem com a apreensão do momento. “Nunca pensei em fazer esse tipo de cobertura, está sendo muito difícil, principalmente na preocupação de não pegar a covid-19. É difícil chegar em casa e não poder abraçar a filha e beijar a esposa após um dia de muita tensão na rua”, conta Luciano Belford, de 38 anos.
As fotos ganharam uma peculiaridade. “Precisamos capturar a emoção das pessoas, cobertas por máscaras, resumindo tristeza, alegria, esperança e incerteza somente através do olhar. Cada dia é de muito aprendizado”, afirma Ricardo Cassiano, de 48 anos. “Com a máscara, não vemos expressões faciais importantes, especialmente dos lábios, mas os olhos retratam muito”, diz Cléber Mendes, de 52 anos.
Estefan Radovicz, de 58 anos, registrou uma cena marcante: “Capturei o olhar de uma mulher de máscara atrás do vidro na UPA de Nova Iguaçu. Ela olha para o fundo da minha câmera. É de profunda tristeza, quase medo”. Com essa sensibilidade, eles cumprem seu papel, com a família à espera na volta para casa. “Essa pandemia trouxe uma coisa nova na minha vida profissional, a de cuidar do Gilvan fotógrafo e do chefe de família, que tem uma filha e uma esposa. Não posso passar isso para elas”, conta Gilvan de Souza, de 48 anos.
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