Rio - Painéis da exposição "Presença D'Elas: a Potência da Mulher Preta" foram recolocados, neste sábado (29), após serem vandalizados, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Durante a ação, mulheres que integram a mostra fizeram um protesto contra o racismo.
A Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres (Codim), órgão da Prefeitura de Niterói, e a Fundação de Artes de Niterói (FAN) recolocaram as quatro fotografias que foram destruídas na última quarta-feira (26). Outros dois painéis depredados serão repostos na próxima semana.
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Fernanda Sixel, coordenadora da Codim, destacou a valorização das mulheres negras e repudiou os atos de vandalismo. "A gente está novamente celebrando a vida das mulheres pretas. Não são apenas cartazes, são histórias que mostram a ancestralidade, a potência e a beleza dessas mulheres da nossa cidade. O racismo foi expresso. Não só pela retirada dos cartazes, mas pela ofensa, agressão e violência", disse.
A exposição na Avenida Amaral Peixoto é uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado na última terça-feira (25), e conta com fotos de 23 mulheres negras, captadas pelo olhar da fotógrafa Lilo Oliveira. As mulheres foram retratadas com acessórios dourados, em um resgate à beleza e imponência do legado afro da cultura brasileira.
A jornalista e escritora, Laila dos Santos, que posou para o ensaio da exposição, comemorou o retorno de sua foto para um dos pilotis. "Nós nascemos e crescemos aqui. Isso é uma representatividade não só para Niterói, mas para todo o Estado e o Brasil. Que essa resistência que está sendo feita sirva de exemplo para outras cidades, que coloquem fotografias de mulheres negras nas ruas", apontou a jornalista.
Dentre as 23 mulheres fotografadas para a exposição estão a gari, Cleide Vitório, a camareira do Theatro Municipal, Sônia Maria da Silva, a cabeleireira, Maria Emília Souza, a missionária e líder comunitária, Elenice Ramos e a catadora de potências e voluntária, Marcela Rodrigues.
O presidente da FAN, Fernando Brandão, afirmou que a manutenção da exposição é um compromisso da fundação. "Infelizmente, tivemos um ato de vandalismo contra as mulheres negras homenageadas. Foi racista e covarde. A FAN vai não só recolocar as imagens vandalizadas, como vamos dar mais visibilidade ainda a essa exposição e a essas mulheres que foram feridas por essa ação racista”, completou Fernando.
O crime praticado contra a exposição foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.
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