Brasil - O Ministério da Saúde informa: no Brasil, 101.049 mortes; no Estado do Rio, 14.080. Números inquestionáveis daqueles que perderam a vida por conta da pandemia do novo coronavírus. E que preocupam especialistas, que temem uma segunda onda de casos de covid-19 e questionam sobre o 'novo normal' da população brasileira e carioca.
Para a sanitarista Lígia Bahia, especialista em saúde pública e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Estado do Rio ainda vive situação complicada. "Ainda é muito ruim, pois há a possibilidade dessa segunda onda em função da reabertura apressada e da pressão também para as escolas voltarem. Estagnamos ainda em um número alto. E vamos caminhar por mais tempo com números diários elevados", explica.
Já o infectologista Alberto Chebabo, da Divisão Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, prefere não falar em segunda onda, pois o número de casos atuais ainda é uma consequência dos primeiros meses. "É um impacto da primeira onda, da reabertura das atividades que foi feita desorganizada e dos óbitos que são divulgados tardiamente. Há, ainda, aquelas pessoas que começaram a sair depois de um tempo confinadas e suscetíveis a se infectar", afirma.
Para ele, daqui a duas ou três semanas, tendência é diminuir os casos no Sul e Centro-Oeste, e entre no patamar do número de casos do Sudeste e Nordeste. "Mas não quer dizer que tudo deva voltar ao normal. A doença não vai desaparecer. É possível que a gente chegue a 150 mil mortos nas próximas semanas em um espaço curto de tempo, com mil mortes diárias em um mês e pouco", explica.
Os especialistas são unanimes em dizer que se deve detectar a doença para encontrar casos assintomáticos e que as pessoas precisam manter distanciamento social e o uso de álcool em gel e máscara. "Vemos que são duas populações: as que acreditam, que ainda fazem o isolamento social, e outra que não. Para evitar a contaminação, pessoas precisam ainda adotar medidas de precaução", explica Lígia.