Publicado 24/08/2020 13:07 | Atualizado 24/08/2020 18:50
Rio - A polícia não tem dúvidas de que a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) planejou toda a execução do marido, o pastor Anderson do Carmo, morto na madrugada de 16 de junho do ano passado. Antes mesmo de Flávio dos Santos Rodrigues, um dos filhos biológicos da evangélica, atirar contra o líder religioso, ela chegou a procurar um pistoleiro para praticar o crime.
"Não nos restam dúvidas de que ela foi a cabeça desse crime. Ela chegou a contratar pistoleiro em outras ocasiões, mas o crime não foi executado. Por fim, a família conseguiu convencer o Flávio", revelou o delegado Allan Duarte, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), responsável pelo caso.
As investigações apontaram que a ideia de matar o pastor Anderson surgiu em 2018, antes de Flordelis ser eleita deputada federal. De lá pra cá, a família tentou envenená-lo diversas vezes.
"Identificamos que não se tratava de uma família normal. Concluímos que se tratava de uma quadrilha criminosa que tinha um único objetivo: eliminar o pastor Anderson do Carmo. O objetivo da deputada era chegar à Câmara e logo depois descartar o marido como um objeto qualquer", destacou o delegado.
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A motivação do crime foi o controle exercido pelo líder religioso sobre a vida e as finanças da família de 55 pessoas. A separação nunca esteve nos planos de deputada. Antes do crime, inclusive, foi Flordelis que avisou Flávio sobre a chegada do casa na residência deles, onde o pastor foi morto.
'O CASO É MATAR'
No celular do filho adotivo André Luiz de Oliveira, conhecido como Bigode, a polícia encontrou a seguinte mensagem enviada por Flordelis: "Fazer o quê? Separar dele eu não posso porque poderia escandalizar o nome de Deus. Como a separação não pode, o caso é matar". André foi preso nesta segunda.
Para o Ministério Público estadual (MPRJ), a deputada usava seu poder religioso para conseguir projeção.
"Ela se valia da imagem de uma família unida para enganar as pessoas", disse o promotor Sérgio Luis Lopes Pereira.
O MPRJ ainda apontou que Flordelis acreditava que a execução do pastor reforçaria a imagem de uma mulher vítima que perdeu o marido em um assassinato e que mesmo assim cuida dos filhos sozinha.
RÉUS NA JUSTIÇA
Flordelis e outras 10 pessoas, dentre elas sete filhos e uma neta, vão responder na Justiça pela morte do pastor. Flávio dos Santos Rodrigues, 38, filho biológico da deputada, e Lucas Cézar dos Santos de Souza, 18, adotado por ambos, já estavam presos e são apontados como os executores do crime.
A polícia apontou pelo menos cinco crimes na trama envolvendo a família:
. homicídio triplamente qualificado
. tentativa de homicídio
. falsidade ideológica
. uso de documento falso
. organização criminosa majorada (uso da violência)
Na operação realizada nesta segunda, que pôs fim à investigação de um ano e dois meses, sete pessoas foram presas:
1. Adriano dos Santos Rodrigues (filho biológico)
2. Simone dos Santos Rodrigues (filha biológica)
3. André Luiz de Oliveira, o Bigode (filho adotivo e ex-marido de Simone)
4. Carlos Ubiraci Francisco da Silva (filho adotivo)
5. Marzy Teixeira da Silva (filha adotivo)
6. Rayane dos Santos Oliveira (neta, presa em Brasília)
7. Andrea Santos Maia (mulher de Marcos, ex-PM que esteve preso com Flávio e Lucas)
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