Carminha Jerominho é alvo de operação contra receptação. Segundo a Polícia Civil, a ex-vereadora adquiriu dois aparelhos celulares roubadosReginaldo Pimenta
Por O Dia
Publicado 25/02/2021 07:52 | Atualizado 25/02/2021 12:53
Rio - A ex-vereadora Carminha Jerominho (PMB), filha de Jerônimo Guimarães, condenado por ser um dos fundadores da milícia Liga da Justiça, foi conduzida para depor na manhã desta quinta-feira. Ela é um dos alvos da Operação Cegueira Deliberada, da Polícia Civil, que mira receptadores de cargas de aparelhos eletrônicos roubados no Rio. Até o início da tarde, dezesseis pessoas haviam sido presas.
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Carminha foi conduzida porque seu celular não foi encontrado pela Polícia. Os agentes estiveram na casa da ex-vereadora, em um condomínio de luxo de Campo Grande, Zona Oeste do Rio, na manhã desta quinta-feira. A vereadora foi encontrada na casa da vizinha. "A minha irmã me ligou dizendo que tinha uma busca e apreensão e fui levar minha filha na casa da vizinha. Eu vim voluntariamente (depor)", disse ao chegar para prestar depoimento.
A operação cumpre 26 mandados de prisões e busca e apreensões em vários bairros do Rio e na cidade de Volta Redonda, no Sul fluminense, após dois meses de investigação sobre roubos de cargas, especificamente de aparelhos celulares de última geração.
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A vereadora reconheceu que comprou dois aparelhos em uma loja de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, mas disse que pagou valor de mercado. "A gente não tem que questionar o trabalho da Polícia. Eu comprei de fato dois celulares numa loja. Tá tudo direitinho no extrato, no cartão parcelado", disse na Cidade da Polícia, Zona Norte do Rio. Os aparelhos foram presentes para o pai e para o tio, disse na sede policial.
Tio de Carminha, Natalino José Guimarães disse que sua família sofre perseguição por parte da imprensa e que sofreu um processo falho na Justiça. "Só acho que há uma perseguição da imprensa em denegrir a nossa família. Assim como fui preso injustamente, eu fui absolvido de todos os crimes. Não roubamos nada da população. Não entendo a imprensa que não gosta da gente. Nossa prisão foi política. Eu sou um chefe de família, trabalhador. Essa perseguição continua", disse.
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Segundo as investigações, Carminha Jerominho adquiriu dois dos aparelhos celulares roubados. Em 2008, Carminha conseguiu se eleger mesmo estando presa após ser acusada de usar a milícia para coagir eleitores na Zona Oeste. A filha de Jerominho estava dentro da Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, quando saiu o resultado da eleição. Um ano depois da prisão e de ser eleita, a herdeira do clã foi cassada por arrecadação irregular de verba, mas voltou ao cargo em 2011 por decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Outros dois identificados como receptadores são Policiais Militares que estão sendo conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar para prestar esclarecimentos sobre a ocultação dos aparelhos.

Os detidos vão responder pelos crimes de receptação.
Um dos roubos foi realizado no Terminal de Cargas do Galeão, no dia 07 de março de 2020, por um grupo fortemente armado que levou mais de 3 milhões de reais em aparelhos telefônicos. A outra investigação diz respeito a uma ação criminosa realizada em Ipanema, quando foi levado mais de 120 mil reais em aparelhos em um roubo a mão armada na Rua Alberto de Campos.

A delegacia investiga a participação das milícias na encomenda e escoamento de roubos de cargas promovidos, já que durante as investigações ficou evidente que grande parte dos aparelhos foram destinados a áreas dominadas pelas milícias e revendidos a moradores das regiões de Campo Grande, Sepetiba, Paciência, Itaguaí, Curicica, Tanque e Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.

O nome da operação, Cegueira Deliberada, se refere ao fato de que muitos receptadores alegam que não conheciam a origem ilícita dos bens, mas deixam de verificar deliberadamente a origem dos produtos.

A Polícia Civil afirma que a operação tem o objetivo de impor um tratamento rigoroso no combate ao delito de receptação. "Espera-se que esta operação demonstre que a falta de percepção, por parte da sociedade, da gravidade em relação ao crime de receptação seja revista, já que tais atos vêm estimulando o cometimento de delitos antecedentes, no caso de roubos de cargas", diz em nota.
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