Alexandre de Moraes pediu vista para analisar melhor processo sobre legalidade das operações nas favelas durante a pandemia Divulgação/ ONG Viva Rio
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Publicado 22/03/2021 05:00
A força-tarefa da 58ª DP descobriu que um dos principais destinos dos assaltantes de motoristas de aplicativo, é o Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio. Segundo a Polícia Civil, o chefe das atividades criminosas do conjunto de favelas é Luiz Fernando Nascimento Ferreira, o Nando Bacalhau, que está preso. 

"A maioria dos veículos são vendidos para traficantes de comunidades do Rio, especialmente o Complexo do Chapadão. Eles costumam sempre fugir para lá. Pegam a Dutra e depois Via Light, que é uma reta só, por uma via expressa, que dá lá no Chapadão em menos de 15 minutos", explicou o delegado Willians Batista.

De acordo com o porta-voz da Polícia Militar, major Ivan Blaz, a escolha pelo Complexo do Chapadão pode ser explicada por sua extensa área, que abrange comunidades entre os bairros de Costa Barros, Pavuna, Anchieta, Guadalupe e Ricardo de Albuquerque, e por seu forte poderio bélico. O oficial contou ainda que a corporação apura a informação de que uma localidade conhecida Furna da Onça seja usada para desmanche de veículos. 

"O Chapadão tem investido sim nessa sublocação de espaços, seja para transbordo de cargas roubadas, seja para o corte de veículos, isso mediante a pagamento de pedágio do criminoso para o tráfico de drogas. Mas essa relação ali é histórica, há cerca de 10 anos, o Nando Bacalhau já tinha como atividade principal esquentar carros roubados, remarcando chassi e revendê-los para o restante do país", explicou Blaz. 
Segundo a Polícia Civil, mesmo preso, Nando Bacalhau ainda chefia as atividades criminosas do Complexo do Chapadão  - Divulgação
Segundo a Polícia Civil, mesmo preso, Nando Bacalhau ainda chefia as atividades criminosas do Complexo do Chapadão Divulgação


Os agentes da 58ª DP constataram ainda que o conjunto de favelas carioca também abriga ladrões que roubam carga na região. E não é de hoje que o Chapadão tem uma forte relação com roubos de carga e veículos, de acordo com as polícias Civil e Militar.

"Historicamente a área concentra quadrilhas especializadas em roubo de carga, tem essa expertise há muitos anos. Em 2010, com a tomada do Alemão, o Chapadão se tornou um dos QG's do Comando Vermelho e promoviam muitos bailes também. Mas, devido as investigações ali, desde 2016, houve uma diminuição do roubo de carga, naquela região, percentualmente. Hoje a gente pode afirmar que o Chapadão não é a principal área de roubo de carga do estado", declarou o delegado Vinicius Domingos, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Carga (DRFC).
Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), os índices de roubos diminuíram no ano passado na área do 41º BPM (Irajá), em comparação com 2019. A redução de roubos de veículos foi de 36% em relação ao resultado dos doze meses de 2019, e de 38% nos roubos de carga.
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O delegado Vinicius Domingos atribui essa queda aos constantes indiciamentos à liderança da criminalidade na região, mesmo ele estando preso, e ao aumento da quantidade de viaturas da Polícia Civil na rua, auxiliando o patrulhamento. Já para o porta-voz da PM, major Ivan Blaz, a diminuição de roubos no Complexo do Chapadão se deve às estratégias de policiamento preventivo nos pontos de acesso da comunidade.

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