Cariocas aproveitaram o dia ensolarado na praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, neste domingoRobson Moreira/ Agência O DIA
Publicado 22/08/2021 14:58
Rio - O cenário para o futuro da pandemia no Rio de Janeiro ainda é incerto, mas a certeza sobre a efetividade das vacinas no combate à covid-19 é cada vez mais evidente. A cidade enfrenta o maior aumento no número de casos de todo o ano de 2021 e os registros de internações nos leitos de enfermarias e UTIs dos municípios aumentaram, mas o número de mortes continua estável. É o que mostram os dados deste domingo (22) no Painel Rio Covid-19 da prefeitura, responsável por divulgar as estatísticas epidemiológicas da capital fluminense.
Segundo o painel, no dia 7 de agosto, a média móvel de casos de covid-19 confirmados por data de início de sintomas atingiu o maior número do ano, com 1.478 casos registrados. Os dados se referem ao total de casos confirmados por data de início de sintomas e é considerado um índice mais confiável do que o de notificações diárias do ponto de vista epidemiológico, por não conter erros provocados pela demora no registro do número de casos.
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Neste mesmo 7 de agosto, enquanto a cidade enfrentava o pico de infecções registradas, a média móvel de óbitos registrado por data de início de sintomas era de 16 ao dia. Para fins de comparação, o mesmo índice no dia 20 de março chegou a 120 mortes na média da semana e o prefeito Eduardo Paes anunciava o fechamento de praias, um feriado de 10 dias e o endurecimento das medidas restritivas.
Apesar dos avanços, o secretário estadual da Saúde no Rio, Alexandre Chieppe, reconheceu que houve um aumento no número de idosos que receberam duas doses da vacina e precisaram ser hospitalizados. Muitas dúvidas existem em relação ao aumento da imunidade por parte das vacinas, com a expansão da desinformação que faz com que uma minoria de pessoas prejudique a campanha contra a covid-19 tentando escolher a dose que considera a mais protetora.
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O DIA procurou a infectologista e presidente da Sociedade de Infectologia do Rio de Janeiro, Tania Vergara, para tirar dúvidas sobre o poder de proteção das vacinas, e se elas podem de fato perder o potencial de imunidade com o passar do tempo.
O número de idosos internados por covid com o esquema vacinal completo vem aumentando, acompanhado do aumento da desinformação em relação à vacina CoronaVac. De fato, ela é menos efetiva em comparação com as doses de outros fabricantes?
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Há uma confusão sobre eficácia e efetividade. A eficácia é o que se vê nos estudos, então é em uma população controlada. A efetividade é o que se vê em uma população geral, então ela conta com todas as possibilidades de pessoas que se vacinam. Bom, a CoronaVac mostrou uma eficácia no estudo em torno de 50%, mas a efetividade dela é mais alta. A efetividade vai variar de acordo com o hospedeiro também, e tanto a eficácia quanto a efetividade podem ser menores em pessoas de mais idade.
Uma possível dose de reforço que vem sendo debatida no Ministério da Saúde. Ela seria apenas necessária para a CoronaVac ou para todas as vacinas?
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Não é só essa vacina [CoronaVac] que tem uma eficácia menor nos idosos, é qualquer vacina, porque isso é uma prerrogativa dos idosos. Eles, assim como os bebês, têm uma imunidade que não é tão boa quanto dos mais jovens, sendo incapaz de montar uma defesa imune tão robusta quanto a de pessoas na sua juventude. Os velhos têm mais possibilidade de adoecer de várias doenças porque a imunidade é menor. Com isso, é possível que dure menos a imunidade que obtém com a vacina. O imunizante ensina o sistema imune a reagir contra aquele agente invasor, mas essa reação pode diminuir com o tempo em qualquer pessoa e vai diminuir mais nos velhos porque eles não são tão fortes quanto os mais jovens. Não é só relacionada à CoronaVac, mas qualquer vacina.
Existe relação entre a variante Delta ter reduzido o efeito das vacinas?
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Algumas vacinas são um pouco menos efetivas contra a variante Delta, mas todas são efetivas. Na verdade, a proposta das vacinas hoje circulando não é que a pessoa não se infecte mas que ela não desenvolva uma doença grave, necessitando de hospitalização ou que não vá a óbito, então todas as vacinas mostraram-se efetivas nesse sentido. A efetividade, como disse antes, vai variar de acordo com a faixa etária e isso está relacionado à resposta do hospedeiro.
Com a vacinação sendo mantida, é possível dizer que ainda existe a previsão da volta à normalidade visto que no Rio estamos acompanhando um aumento nos casos?
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Quanto mais rápido mais gente se vacina, menos infecções temos durante a entrada de alguma variante e menor o risco de terem mutações que aumentem a possibilidade de escape do efeito vacinal. Não vejo, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, com esse pico de casos, a possibilidade de falar em volta da normalidade, não consigo nem abordar esse tema no momento. Primeiro temos que controlar o que está acontecendo.
É possível que a população tenha que periodicamente se vacinar contra a covid-19 nos próximos anos?
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É provável que a população tenha que se vacinar periodicamente contra a covid-19 à semelhança do que acontece com a influenza.
Estagiário sob supervisão de Gustavo Ribeiro
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