Publicado 24/02/2022 12:36
Rio - O corpo do estudante Gabriel Vila Real da Rocha, de 17 anos, foi identificado nesta quinta-feira por peritos do Instituto Médico Legal (IML) de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, através de uma papiloscopia. O jovem, que estava dentro de um dos ônibus que caiu no Rio Quitandinha, foi levado pelas correntezas, na semana passada, durante o trágico temporal que atingiu a cidade imperial. Até o momento, mais de 200 pessoas foram mortas e número de desaparecidos supera os 40.
Segundo o G1, o corpo de Gabriel foi encontrado dentro do rio na Rua Washington Luís, na última terça-feira. No mesmo dia, o marceneiro Leandro Rocha, o pai do jovem, foi até o Clube Petropolitano e realizou o exame de DNA. Desde segunda, a Polícia Civil vem fazendo um mutirão de coleta de material genético de parentes desaparecidos e afetados pela chuva.
Leandro esteve novamente no IML para liberar o corpo do filho nesta manhã e pediu para que as buscas continuem para encontrar os outros desaparecidos.
"Quero agradecer primeiro a Deus porque nós encontramos o meu filho. E quero agradecer a todos os envolvidos, sem exceção. Eu queria deixar uma mensagem também de que não parassem com as buscas pelos que ainda estão desaparecidos. Eu encontrei meu filho, mas ainda tem muitos com a esperança de encontrar os seus", disse Leandro, emocionado.
"Quero agradecer primeiro a Deus porque nós encontramos o meu filho. E quero agradecer a todos os envolvidos, sem exceção. Eu queria deixar uma mensagem também de que não parassem com as buscas pelos que ainda estão desaparecidos. Eu encontrei meu filho, mas ainda tem muitos com a esperança de encontrar os seus", disse Leandro, emocionado.
Gabriel foi reconhecido pelos familiares como passageiro de um dos ônibus que ficaram submersos durante enchente no Rio Quitandinha, na altura da Rua Coronel Veiga, no Centro. As cenas, que impactaram o mundo, mostram o estudante tentando salvar outros passageiros, ora carregando uma escada, ora tentando se equilibrar sobre os ônibus já tomados pelas águas do rio.
De acordo com a família, Gabriel, que estudava na Escola Estadual Princesa Isabel, foi ao colégio naquela manhã de terça-feira e à tarde resolveu ir uma loja no centro da cidade para trocar a mochila com defeito. Ele, que não sabia nadar, retornava para casa de ônibus quando ocorreram as fortes chuvas. O último contato do estudante com familiares foi feito, através de um aplicativo de mensagens, por volta das 14h50.
Desde o dia do temporal, Leandro ficou percorrendo às margens do Rio Quintandinha à procura do filho. O pai de Gabriel com a ajuda de outros voluntários para percorrer a região onde o veículo caiu em direção ao fluxo das águas.
Motoristas relembram tragédia
Na sexta-feira passada, os motoristas dos dois ônibus que foram arrastados pela enxurrada choraram ao relembrar os momentos de pânico que viveram. Os profissionais contaram como conseguiram resgatar parte dos passageiros e também sobre o sentimento de tristeza pelos que foram arrastados pela correnteza que se formou com a enchente.
Em um vídeo divulgado no Facebook pelo Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro), Carlos Alberto Nascimento mostrou a dor que sente pelos passageiros que não se salvaram, entre eles, um menino. No momento da tragédia, ele conduzia o ônibus que fazia a linha 401 (Independência), da empresa Petro Ita.
"Não sei quem é o pai daquele menino, que eu não consegui pegar, mas ele pode tá certo que a dor que ele tá sentindo, eu tô sentindo, eu também tenho filho! Só quero que Deus conforte muito, muito ele, porque aquela criança era tudo que eu queria ter segurado, e não consegui", lamentou Carlos.
Carlos Antônio de Faria, de 46 anos, da linha 465 (Amazonas), da Petro Ita, que também foi carregada pela enchente, falou sobre a angústia que sentiu diante do desespero de todos que estavam dentro do coletivo. "Eu só queria salvar todo mundo. Só isso".
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