Em decisão, juiz declarou que atitude de Gabriel Monteiro foi de abuso de poderCleber Mendes / Agência O Dia
Publicado 01/04/2022 13:52
Rio - O vereador Gabriel Monteiro (sem partido) foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) a pagar uma indenização por danos morais no valor de R$ 20 mil para um médico que trabalhava na UPA do Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio, por constrangimento no local de trabalho.

A decisão do TJRJ, publicada no dia 11 de março, é em relação ao episódio em que o vereador invadiu a unidade de saúde, em 17 de setembro do ano passado, às 2h da manhã, para a gravação de um vídeo para seu canal do Youtube. No momento da fiscalização, ele insinuou que o médico estaria tendo relações sexuais com outra médica de plantão naquela noite durante o horário de trabalho.

O juiz Mauro Nicolau Júnior, em decisão, determinou que a conduta do vereador foi um “exercício arbitrário e abusivo dos poderes de seu cargo” e que o processo fosse encaminhado ao Ministério Público e ao presidente da Câmara dos Vereadores do Rio para que tomem as "medidas cabíveis" referente ao caso.

O magistrado ainda reiterou que a invasão de imóveis, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas por lei, é passível de detenção de um a quatro anos, além de multa.

Relembre o caso

Na madrugada do dia 17 de setembro, Gabriel Monteiro, junto com sua equipe de filmagem, entrou na sala de descanso dos médicos sem autorização prévia para verificar o que os mesmos estavam fazendo no momento. Ao identificar funcionários dormindo no mesmo cômodo, mesmo vendo que estavam descansando em camas separadas, insinuou que estavam tendo relações sexuais no horário de serviço, dizendo que "iria dar um tempo para os dois se vestirem". A fala fez com que rumores sobre os dois fossem criados na unidade.

Segundo testemunhas, ele teria entrado pela porta de trás da unidade de pronto atendimento, que é destinada somente para ambulâncias em casos de urgência. Por conta de uma liminar da Justiça, o material não pode ser publicado na época, mas foi solicitado que as imagens fossem entregues na íntegra, sem nenhum tipo de edição, para avaliação.

No dia da invasão, o médico acusado por Monteiro estava de plantão desde às 7h, segundo os pontos de verificação de entrada. De acordo com testemunhas presentes na unidade, o profissional dormia no momento em que não tinham pacientes para serem atendidos na UPA.


Gabriel é alvo de inúmeras denúncias

No início desta semana, se tornaram públicas denúncias de cinco pessoas, entre servidores, ex-funcionários e uma mulher com quem já se relacionou, o acusando de assédio moral e sexual e estupro.

Além disso, ele também é alvo de acusações de manipulações em seus vídeos do Youtube. Em um dos casos, ele induz uma criança a dizer o que deseja em diversos trechos do vídeo. Em um dado momento, Monteiro até faz a criança falar que seu pai é alcoólatra e usa todo o dinheiro da família em bebidas.

Em novas imagens divulgadas, Gabriel Monteiro também aparece combinando com um morador de rua a simulação de um assalto a uma mulher parada na rua. Para convencê-lo a participar, o parlamentar oferece R$ 400. Após a ação, o homem não gosta da maneira como o vereador o trata e acaba em discussão, com o segurança de Monteiro empurrando o morador de rua, que cai no chão.

Vídeos íntimos vazados

Outra polêmica envolvendo o vereador youtuber é o vazamento de diversos vídeos íntimos seus tendo relações sexuais da internet. Em um deles, ele aparece se relacionando com uma adolescente de 15 anos.

O fato virou caso de polícia, que investiga o vazamento das imagens nas redes sociais. Segundo o parlamentar, os HDs e seu celular, que continham as imagens, foram roubados.

Conselho da Câmara adia decisão sobre parlamentar

Após as denúncias graves contra o vereador se tornarem públicas, o Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores se reuniu em caráter emergencial para decidir sobre a quebra de decoro do parlamentar, porém optou por adiar a decisão e aguardar por mais provas dos casos.

Ao total, Gabriel Monteiro já soma 13 denúncias contra ele na Câmara, em sua maioria, envolvendo as fiscalizações que o deixaram famoso nas redes sociais. E mesmo com o número expressivo de acusações, ainda não há nenhum processo contra ele.

Acusações o fazem perder patrocínios

Durante a semana, Gabriel esteve sob os holofotes da mídia por conta de várias denúncias e, principalmente por conta da manipulação dos seus vídeos, foi criada uma campanha para a desmonetização do seu canal.

Até o momento, cerca de nove marcas já apoiaram a causa de deixaram de patrocinar as redes sociais do vereador, que soma cerca de 23 milhões de seguidores, sendo 6 milhões somente no Youtube.
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