Cerca de nove empresas já deixaram de patrocinar as redes sociais do vereador youtuber Gabriel Monteiro Divulgação/CMRJ

Rio - Marcas como Jeep, Buser, Nubank e Oi retiraram seus patrocínios das redes sociais do vereador Gabriel Monteiro (sem partido) após o início de uma campanha para desmonetizar o canal do parlamentar, realizada pelo movimento Sleeping Giants Brasil, que age contra o financiamento de discursos de ódio e fake news.

Monteiro soma cerca de 23 milhões de seguidores em todas as redes sociais, sendo 6 milhões somente no YouTube, onde diversos vídeos com indícios de manipulação foram popularizados. Na rede, sua publicação mais popular conta com mais de 20 milhões de visualizações.

A campanha foi iniciada assim que o caso veio à tona e já foi aderida por, pelo menos, nove empresas, que deixaram de exibir seus anúncios nas redes do vereador. Por meio do Twitter, a Nubank, em resposta à publicação da Sleeping Giants Brasil, informou que suspendeu o patrocínio ao canal.



A Jeep, por sua vez, agradeceu pelo alerta e reiterou que já tomou as medidas necessárias e reforçou que é contra o tipo de conteúdo publicado pelo vereador.



A Oi também aderiu a campanha e disse: "Não toleramos violência e os valores do canal não estão em linha com os valores da Oi. Por isso, negativamos o canal e estamos revendo a lista de distribuição de nossos anúncios."

A Buser informou que estão "cientes do ocorrido, nosso time já excluiu o canal da nossa lista de anúncios, e juntos com o nosso time responsável vamos atualizar a lista de contas de acordo com nossas conduta."

Outras empresas como a Estácio, a InfinitePay, ClickUp, Shopee e Impiricus também aderiram à campanha. A publicação inicial da campanha já conta com mais de seis mil curtidas e 1.500 retweets.
Novas imagens de manipulação de vídeos

Nesta quarta-feira (30), foram divulgados mais dois vídeos onde Gabriel Monteiro e funcionários simulam situações para a gravações de vídeos. Desta vez, o material mostra a criação da simulação de um assalto e de diálogos com um morador de rua, além de demonstrarem ações de preconceito contra a população LGBTQIA+.

Nas imagens divulgadas, o segurança de Gabriel Monteiro aparece empurrando o morador de rua que ajudou na simulação da cena. O homem caí no chão devido a força utilizada e fica por alguns segundos tentando se levantar enquanto sofre ameaças.

A assessoria do parlamentar, por meio de nota, informou que a truculência do segurança se deu por conta dos riscos oferecidos pelo morador de rua.

"O rapaz citado [segurança] estava seguindo os protocolos de segurança policial, visando cessar a tentativa de agressão do indivíduo, utilizou do uso progressivo da força. Verbalizou para que se afastasse, e quando o indivíduo pegou um objeto e tentou atirar contra a equipe, houve a reação do segurança fazendo-o largar o objeto".

É importante citar que, de acordo com as imagens obtidas, durante o momento do empurrão, o morador de rua não estava em posse de qualquer objeto e também não fez nenhum movimento que pudesse ameaçar o segurança ou a integridade física de qualquer pessoa presente no local.

Cancelada reunião entre delegada da Deam e Conselho de Ética

Por meio de nota, o Conselho de Ética e Decoro da Câmara dos Vereadores informou que a reunião com a delegada titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, Gisele Espírito Santo, que estava marcada para as 18h30 desta quinta-feira, foi cancelada.

A reunião seria realizada para discutir sobre as acusações contra Monteiro veiculadas na última segunda-feira. A decisão de cancelamento foi a pedido da delegada, para que possam ser reunidas mais informações acerca das denúncias envolvendo o vereador.

Conselho de Ética adia decisão sobre denúncias

Na última terça-feira (29), o Conselho de Ética da Câmara do Rio se reuniu em caráter emergencial para discutir sobre s denúncias contra Gabriel Monteiro, porém, por 5 votos a 2, adiaram qualquer decisão e optaram por analisar todos os elementos e provas que foram divulgados sobre o caso.

Com a repercussão das acusações contra Monteiro, diversos parlamentares da oposição se colocaram contra a decisão do conselho. A bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) da Câmara entrou com um ofício para abertura de processo contra o vereador.

Lindbergh Farias (PT), durante seu discurso, reforçou ser contra o adiamento, visto que as acusações contra o vereador são "gravíssimas" e a não instauração de um processo, dá a entender que a Câmara não deseja que o vereador seja investigado e que "estão querendo jogar a coisa para debaixo do tapete".