Publicado 07/06/2022 10:24
Rio - A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) informou que está acompanhando o caso do cuidador de idosos Reginaldo Avelar Porto, de 38 anos, que foi morto com um tiro disparado por um policial militar, nesta segunda-feira, na Avenida Marechal Rondon, no Sampaio, Zona Norte do Rio. A advogada Vanessa Figueiredo Lima, membro da Comissão, criticou a atuação de autoridades de segurança no estado. fotogaleria
"Vamos fazer essa apuração, esse atendimento com a família. A investigação cabe à Polícia Civil e a gente espera que a polícia investigue a fundo, que a família tenha respostas. A gente espera mesmo que esse seja um caso que a resposta seja dada. É impossível que a gente continue tendo um estado que mate pessoas por questões banais, em situações banais todo dia", disse Figueiredo.
Nas redes sociais, a Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio (Faferj) informou que Reginaldo era morador do Queto e estava próximo da discussão que ocorria em um lava-jato.
"Ele não tinha nada a ver com a briga, mas foi atingido com tiro de um policial. Uma manifestação de populares da comunidade fortemente reprimida pela PM. Lamentamos a morte de mais um morador. A pedido da Faferj, a família está sendo atendida pela Defensoria Pública e a OAB/RJ", destacou a federação.
De acordo com o representante da Faferj, Gabriel Siqueira, a vítima deixa um filho de 14 anos, que morava com o pai. No momento da confusão, Reginaldo fazia um bico no lava-jato.
Sobrinha da vítima, Taís Sampaio, estava revoltada com a morte do tio. Abalada, ela também questionou a ausência da câmera no uniforme do policial que fez o disparo.
"Ele era uma pessoa muito querida, trabalhador, nunca fez mal a ninguém. Ele tinha acabado de sair de cada para trabalhar (no lava-jato). Estava tendo uma confusão entre duas pessoas, ele não estava na confusão e não se meteu na confusão. Acabou sendo baleado e morto", lamentou a sobrinha de Porto.
Taís também criticou a atuação do PM que fez o disparo: "O policial que atirou falou que foi um acidente, quer dizer, um policial despreparado para dar um tiro à queima roupa a uma pessoa que não está fazendo nada é despreparado. E meu tio está morto".
De acordo com os policiais da UPP São João, na tentativa de separar os envolvidos, a arma de um dos policiais foi disparada acidentalmente. O cuidador de idosos foi socorrido e levado ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, onde já chegou morto.
Manifestações
Após o incidente, moradores da região fizeram dois protestos contra a morte de Reginaldo. No início da tarde, os manifestantes ocuparam duas faixas da Marechal Rondon próximo ao Viaduto Engenheiro Armando Coelho. Houve reflexos no trânsito. No início da noite, os moradores fizeram mais uma manifestação, por volta das 18h, com barricadas de fogo na via. Policiais militares usaram escudos para conter os presentes e o clima ficou tenso na região. Houve correria e gritos e os PMs chegaram a utilizar bombas de efeito moral.
Taís Sampaio, sobrinha da vítima, criticou a atuação dos policiais militares durante a manifestação dos moradores da comunidade: "Nós tentamos fazer uma manifestação, mas foi impossível. Era gás de pimenta, lacrimogêneo, não deu. Tivemos que voltar".
Policial envolvido está preso
De acordo com a Polícia Militar, o policial que portava a arma acionada participou do registro do fato na Delegacia de Homicídios da Capital e foi ouvido na 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM). O militar permanecerá preso na Unidade Prisional da corporação até a audiência de custódia.
De acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), o caso foi registrado como homicídio culposo. A investigação ficará a cargo da DPJM.
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