Motorista de Retroescavadeira se apresenta na DH, nesta terça-feira (25) e foi liberado. Na foto, Igor Machado de Oliveira.Marcos Porto/Agencia O Dia
Publicado 25/10/2022 15:23
Rio - Igor Machado de Oliveira, de 42 anos, suspeito de matar um aposentado com uma retroescavadeira, prestou depoimento durante a manhã desta terça-feira (25), na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), e foi liberado. O funcionário terceirizado da prefeitura de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, não ficou preso porque, segundo o Código Eleitoral, ele não foi detido em flagrante. O mandado de prisão continua pendente e válido e o autor, respondendo pelo crime de homicídio doloso qualificado.
A medida passou a valer nesta terça-feira (25), e se estende até 48 horas depois do segundo turno de votação das eleições presidenciais, que acontece neste domingo (30). Segundo o Código de Processo Penal, está em flagrante quem é encontrado cometendo o crime ou infração, for perseguido logo após situação em que se presuma haver cometido crime, ou for encontrado com elemento ou instrumentos, por exemplo, armas, que indiquem possibilidade de ter sido autor de crime.
Na saída da delegacia, Igor negou que tenha passado com a retroescavadeira para matar Ronald Sant'Anna do Nascimento, de 54 anos, que morreu em decorrência da colisão.
"Todo sábado a gente faz limpeza nas principais vias do município. No último sábado eu comecei a limpeza no Jardim Redentor e tinha um engarrafamento na pista. Havia também um carro buzinando muito, não tinha como passar nem ultrapassar. Aí eu falei para ele [Ronald]: 'Poxa, não tem como passar, só se for passar por cima'. Então eu parei a máquina e passaram vários carros e na vez dele, ele foi à frente e atravessou o carro na frente da máquina", disse Igor, repetindo o que havia dito em seu depoimento.
O condutor do equipamento diz ainda que se sentiu inibido com as supostas ameaças de Ronald. "Me chamou de safado, que ia encher minha cara de tiro, dizia que ia me matar". Foi nesse momento que, segundo Igor, ele não quis ficar parado com medo que o motorista estivesse armado. "Eu tirei a máquina e passei pelo lado. Logo depois eu passei por uma viatura e notifiquei o ocorrido e avisei à empresa. "Eu não saí de casa para matar ninguém não. Ele atravessou o carro na frente e eu só tentei sair. Estou aqui para responder pelo que aconteceu, mas eu não queria matar ele", afirmou.
Assim que chegou à delegacia, o funcionário terceirizado disse que o ocorrido "foi um acidente".
Família se indigna com soltura
As filhas de Ronald ficaram inconformadas com a soltura de Igor. "Revoltante saber que ele vai ser solto por lei política. Ele tinha que ficar preso, pois já cometeu outros crimes, um inclusive com a retroescavadeira", afirmou Lorraine Rodrigues. A jovem disse ainda que vai se reunir com a irmã para pensar no que elas podem fazer para que a justiça seja feita. Elas ainda não falaram sobre as supostas ameaças do pai contra Igor, mas negaram durante o enterro do pai que ele estivesse armado. "A arma do meu pai é a blíblia", afirmou uma das filhas durante o cortejo.
O corpo do aposentado foi enterrado na tarde de segunda-feira (24), no Cemitério Parque Jardim Mesquita, na Baixada Fluminense.
Procurada, a Polícia Civil confirmou a liberação do suspeito: "Por causa das restrições legais nos dias que antecedem o pleito eleitoral, nos termos do artigo 236 do Código Eleitoral, os agentes não puderam cumprir o mandado de prisão expedido no sábado (22), em razão de expressa proibição na legislação eleitoral".
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