Publicado 08/11/2022 09:02 | Atualizado 08/11/2022 10:13
Rio- O primeiro dia do julgamento da ex-deputada Flordelis pela morte do pastor Anderson do Carmo, teve início nesta segunda-feira (7) no Tribunal do Júri em Niterói. Na sessão, três testemunhas foram ouvidas, dentre elas, a delegada Bárbara Lomba, que iniciou as investigações quando era titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), o delegado Allan Duarte, responsável pela conclusão do inquérito e Regiane Ramos Cupti Rabello, chefe de Lucas dos Santos de Souza, um dos filhos adotivos da pastora, já condenado por participação no crime.
Além a ex-parlamentar também estão sendo julgados a filha biológica Simone dos Santos Rodrigues; a neta, Rayane dos Santos Oliveira; e os filhos afetivos André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva.
No início do julgamento, advogados de defesa dos acusados fizeram uma barreira entre os réus para evitar que eles fossem fotografados pela imprensa. A ex-parlamentar ficou um bom tempo de cabeça baixa, chorou e juntou as mãos em forma de prece, enquanto a filha adotiva Marzy também ficou bastante emocionada. Diferente dos outros depoimentos, Flordelis apareceu ainda de cabelo curto e um pouco mais claro. Todos vestiam camisa branca e calça jeans.
Antes do início da sessão, que estava marcada para às 9h, mas iniciou com cerca de duas horas de atraso, o advogado da família de Anderson do Carmo, Ângelo Máximo, falou que acredita que a ex-deputada será condenada e que a declaração em que Flordelis acusa o ex-marido de ter cometido agressões físicas e sexuais contra ela é uma estratégia sorrateira.
"A opinião pública sabe de tudo o que ocorreu. Ela teve cinco oportunidades e não falou (...) Ela nunca narrou isso, muito pelo contrário, ela sempre vangloriou o Anderson, que era ‘o meu tudo’, o Deus dela. É uma estratégia sorrateira, porque a prova do processo contradiz tudo o que está nesse vídeo", declarou o advogado antes do início do julgamento desta segunda (7).
No início do julgamento, advogados de defesa dos acusados fizeram uma barreira entre os réus para evitar que eles fossem fotografados pela imprensa. A ex-parlamentar ficou um bom tempo de cabeça baixa, chorou e juntou as mãos em forma de prece, enquanto a filha adotiva Marzy também ficou bastante emocionada. Diferente dos outros depoimentos, Flordelis apareceu ainda de cabelo curto e um pouco mais claro. Todos vestiam camisa branca e calça jeans.
Antes do início da sessão, que estava marcada para às 9h, mas iniciou com cerca de duas horas de atraso, o advogado da família de Anderson do Carmo, Ângelo Máximo, falou que acredita que a ex-deputada será condenada e que a declaração em que Flordelis acusa o ex-marido de ter cometido agressões físicas e sexuais contra ela é uma estratégia sorrateira.
"A opinião pública sabe de tudo o que ocorreu. Ela teve cinco oportunidades e não falou (...) Ela nunca narrou isso, muito pelo contrário, ela sempre vangloriou o Anderson, que era ‘o meu tudo’, o Deus dela. É uma estratégia sorrateira, porque a prova do processo contradiz tudo o que está nesse vídeo", declarou o advogado antes do início do julgamento desta segunda (7).
De acordo com a Justiça do Rio, em razão do número de réus, a expectativa é de que a sessão de julgamento ocorra em mais de um dia. Após o início do primeiro dia do júri, a audiência foi interrompida por volta das 20h, sendo retomada às 9h desta terça-feira (8), podendo se estender por mais dias. Outras 26 testemunhas de acusação e defesa, algumas delas por videoconferência, ainda serão ouvidas.
Depoimento dos delegados
A primeira testemunha a ser ouvida foi a delegada Bárbara Lomba, que pontuou que a relação familiar dos réus era conturbada e que havia grupos entre os parentes, sendo os filhos biológicos e os mais próximos à Flordelis privilegiados, inclusive, na qualidade da alimentação, o que provocava insatisfação entre os membros.
Segundo a delegada, além do controle de Anderson sobre as finanças da família, a rigidez na educação dos filhos também teriam prejudicado o relacionamento entre eles. Enquanto a ex-deputada era mais maleável quanto aos erros dos filhos, Anderson era mais rigoroso e chegou a proibir que um dos filhos adotivos, Lucas Cezar dos Santos, também condenado pelo crime, voltasse para a casa da família, por conta de seu envolvimento com o tráfico de drogas.
Além disso, Lomba ressaltou que Flordelis chegou a dizer à imprensa que o marido havia sido vítima de latrocínio e que morreu defendendo a família, o que não foi relatado à Polícia Civil. Ela relembrou ainda que provas do crime foram queimadas dentro do terreno onde a família morava e que os celulares de Anderson, Flordelis e Flávio dos Santos, filho biológico da ex-deputada e autor dos disparos que mataram o pastor, desapareceram.
Já o delegado Allan Duarte, disse não ter dúvidas de que Flordelis premeditou o assassinato juntamente com os filhos. "Depois de investigar o fato, eu não tenho dúvida que, se a justiça for feita, a situação deles é a de condenação. Foi um crime premeditado, com várias tentativas, das mais diversas formas, incluindo envenenamento e contratação de pistoleiros. Para mim ela é a pessoa mais perigosa dessa organização criminosa familiar", disse o delegado na área externa do Tribunal do Júri.
Segundo Duarte, o pastor só não morreu nas tentativas anteriores por circunstâncias que fugiram do controle dos mandantes. No caso do envenenamento, Anderson do Carmo foi levado a um hospital da região para ser medicado. Já no episódio em que pistoleiros foram contratados, o crime não foi efetuado pois no dia o pastor trocou de carro, o que teria confundido os atiradores.
O delegado ainda rebateu a tentativa da defesa de Flordelis em citar uma possível violência sexual ocorrida dentro de casa. "As questões sexuais foram analisadas e levadas em consideração, mas em relação a motivação do crime, foi concluído que foi interesse financeiro. Não havia vestígio de violência sexual e também não havia a possibilidade de coleta de provas nessas pessoas. Por que o fato não foi levado à delegacia há três, quatro anos? Agora estão acusando uma pessoa morta de violência sexual", disse.
Atentado a testemunha
Regiane Ramos Cupti Rabello narrou que sofreu um atentado com artefato explosivo em residência logo após o crime. Segundo a testemunha, o atentado em questão foi uma forma de "passar um recado para Lucas, para que ele calasse a boca e não mais relatasse a verdade". Lucas, um dos filhos adotivos da pastora, já condenado por participação no crime, foi funcionário de Regiane em uma oficina
Em depoimento, Regiane contou que Flordelis a considerava uma "pedra em seu sapato" por criar uma barreira entre Lucas e a ex-deputada.
"Eles [filhos da ex-parlamentar] estavam com muita raiva porque a Flordelis não podia visitar o Lucas. E eu era essa barreira, o calo no sapato deles. Na verdade, é uma família perigosa. Hoje, quando sair daqui, nem sei o que os netos dela vão fazer comigo. É processo, é tudo. Essa bomba é mais uma coisa. Daqui a pouco vão estar me matando como mataram o pastor. Eu até repensei vir depor, porque essa defesa da Flordelis está me coagindo", desabafou na frente da juíza.
Quando questionada sobre as relações na casa de Flordelis, a ex-patroa de Lucas disse que via o comportamento dos membros como um relacionamento de uma seita. "É como se fosse uma seita. As pessoas continuam lá, até porque dependem financeiramente para poder viver", comentou.
Acusações
Flordelis é acusada de ser a mandante do crime e poderá responder por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
Já a filha biológica, Simone dos Santos Rodrigues, e os filhos adotivos Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira poderão responder por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. Enquanto, a neta Rayane dos Santos Oliveira, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.
Relembre o caso
Anderson do Carmo foi atingido por mais de 30 tiros na madrugada de 16 de junho de 2019, na garagem da casa onde morava com Flordelis e os filhos em Pendotiba, Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
Logo depois do crime, a ex-deputada relatou que se tratava de uma tentativa de assalto. No velório, Flávio dos Santos, filho biológico de Flordelis, foi preso apontado como autor dos disparos que mataram o pastor. Enquanto, Lucas dos Santos de Souza, filho adotivo da pastora, foi preso horas depois do irmão, acusado de ter conseguido a arma do crime. A pistola foi encontrada na casa da família.
As investigações demonstraram que, antes mesmo da execução, o grupo já vinha tentando matar a vítima por envenenamento. A motivação do crime, segundo as autoridades, foi o controle que a vítima fazia das finanças e a administração rigorosa da casa, o que desagradava ex-parlamentar e outros integrantes da família.
Flordelis foi presa em sua casa, em Niterói, por volta das 18h40 do dia 13 de agosto de 2021, pela Polícia Civil do Rio. Ela foi levada para a Delegacia de Homicídios de Niterói, onde chegou por volta das 19h15. De lá, a ex-deputada seguiu para o Instituto Médico Legal de Niterói, onde passou por um exame de corpo de delito, e depois foi para Benfica, na Zona Norte do Rio.
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