Publicado 03/01/2023 14:53
Rio - O corpo de Rosilene de Azevedo da Silva, de 39 anos, mais uma vítima de feminicídio no Estado do Rio, será enterrado às 16h30 desta terça-feira (3), no Cemitério Municipal de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos do Rio. A empresária foi morta com quatro tiros disparados pelo ex-companheiro, o empresário Thiago Oliveira Souza, de 41 anos, na manhã de segunda-feira (2), em uma peixaria de Cabo Frio. O homem fugiu após o crime e é procurado pela Polícia Civil.
Nas redes sociais, a Central do Camarão, peixaria que a vítima era dona, prestou uma homenagem à Rosilene e afirmou que ela deixou "um grande legado". "É com o coração partido que comunicamos aos nossos clientes e amigos que a Família Central do Camarão perdeu de forma cruel a flor mais linda do nosso jardim: Rosilene da Silva. A Central perde um pedaço da sua história, mas ficará eternizado sempre em nossos corações. Tiraram uma vida, mas não apagaram sua história. Tua essência transbordava através de suas ações. Você deixou um grande legado, Rosilene. Descanse em paz patroa, nossa gratidão por tudo que fez", escreveu a peixaria.
Segundo informações iniciais, ela era a dona do estabelecimento e essa não teria sido a primeira vez que o homem tentou matá-la. Além disso, durante a ocorrência, um funcionário do estabelecimento, identificado como Sidnei Divino Moreira, também foi atingido. Os dois foram encaminhados para o hospital, mas Rosilene não resistiu e morreu. Sidnei continua internado no Hospital Central de Emergência (HCE) de Cabo Frio e amigos chegaram a pedir doação de sangue para ele. Seu estado de saúde é grave.
Vídeo flagrou o crime
Nas imagens das câmeras de segurança do estabelecimento, Thiago aparece portando uma arma, entra na loja e aponta a pistola para Rosilene. Ela empurra o homem e vai para a parede do outro lado, enquanto um outro homem entra em luta corporal, é atingido pelo suspeito e cai no chão. Rosilene corre para a rua.
Em seguida, começa uma nova luta corporal entre o ex-companheiro de Rosilene, um outro homem e uma mulher que estavam no estabelecimento. Veja as imagens:
A ocorrência registrada na 126ª DP (Cabo Frio). Segundo a Polícia Civil, as investigações estão em andamento e agentes buscam informações para esclarecer as circunstâncias do crime.
Estado do Rio registra recorde de feminicídios em 2022
Mesmo com dados disponíveis apenas até o mês de outubro, 2022 já é o ano mais letal para as mulheres desde 2016 no estado do Rio - quando começaram a ser computados estes indicadores. De acordo com os números do Instituto de Segurança Pública (ISP), nos dez primeiros meses deste ano foram 88 feminicídios. O número já ultrapassou todo o ano passado, quando foram registrados 85 assassinatos contra mulheres por motivação de gênero.
Este foi o segundo ano seguido com aumento no número de feminicídios registrados. Após uma redução de 85 para 78 entre 2019 e 2020, o ano seguinte voltou a ter 85 casos, que era o recorde desde o início do levantamento. No entanto, com os seis novos casos computados em outubro, 2022 chegou a 88 e se tornou o mais letal para as mulheres.
Este foi o segundo ano seguido com aumento no número de feminicídios registrados. Após uma redução de 85 para 78 entre 2019 e 2020, o ano seguinte voltou a ter 85 casos, que era o recorde desde o início do levantamento. No entanto, com os seis novos casos computados em outubro, 2022 chegou a 88 e se tornou o mais letal para as mulheres.
Fevereiro deste ano foi também o mês com mais feminicídios no estado do Rio desde 2016, com 18 casos registrados, entre eles o de Adriana Moreno Vicente, assassinada em Macaé pelo companheiro Ricardo da Silva, que já havia matado a ex-mulher. Antes, o mês mais letal havia sido novembro de 2019, com 13.
A tendência é que ainda sejam registrados novos casos referentes aos últimos meses do ano, como o de Bruno Nunes Magalhães, que matou a facadas a ex-companheira Natalia Rodrigues Valentim, em Grajaú, na Zona Norte, no dia 12 de novembro. Segundo Bianca, o período de fim de ano também costuma aumentar os dados de violência contra mulheres.
O Governo do Estado, por sua vez, destacou uma série de políticas públicas voltadas à segurança da mulher, como aplicativo Rede Mulher, que permite contato direto com a Polícia Militar, a Patrulha Maria da Penha-Guardiões, com 180 PMs que atenderam 153.300 mulheres em situação de violência doméstica de agosto de 2019 a fevereiro de 2022 e efetuaram 464 prisões, a maioria por descumprimento de medida protetiva. Já o Núcleo de Atendimento aos Familiares das Vítimas do Feminicídio, do Governo do Estado, contabilizou até novembro deste ano 51 contatos diretos com parentes de mulheres assassinadas e 32 atendimentos.
Alta média de tentativas
Já o número de tentativas de feminicídio ainda está abaixo de todos os anos do levantamento, exceto 2016, quando apenas três meses foram contabilizados. No entanto, a média de casos registrados por mês em 2022, de 23,5, totalizando 235, é a terceira maior Apenas 2019 (27,3) e 2018 (24), estão acima. Nestes anos, foram contabilizadas 334 e 288 tentativas, respectivamente.
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