Publicado 24/01/2023 16:36
Rio – Uma missa em memória do congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, que morreu há um após ser espancado em um quiosque onde trabalhava na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, foi realizada no Santuário do Cristo Redentor, nesta terça-feira (24), com a presença de familiares e amigos. O culto organizado pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos também marcou a celebração ao Dia do Refugiado Africano e ao Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.
Em 24 de janeiro de 2022, Moïse Kabagambe teve as mãos e pés amarrados por fios e foi agredido por três homens, até morrer, com pedaços de madeira e um taco de beisebol no Quiosque Tropicália, após cobrar um pagamento atrasado. Fábio Pirineus da Silva, Brendon Luz da Silva e Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, acusados de espancar Moïse, estão presos, mas ainda não foram julgados. Eles se tornaram réus em fevereiro de 2022. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), desde 6 de dezembro o caso se encontra na fase de apresentação de defesa.
Hoje, Moïse é símbolo da luta por respeito e garantia dos direitos dos refugiados no Brasil. A família dele organizou uma homenagem para esta terça-feira (24) em frente ao Quiosque Tropicália, na altura do posto 8 da Barra da Tijuca. O ato teve o apoio da Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Pares Cáritas RJ, Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Quiosque Moïse e Secretaria Especial de Cidadania da Cidade do Rio de Janeiro. A intenção era mobilizar interessados em protesto e pedir justiça.
A coordenadora de Migração e Refúgio e secretária executiva do Comitê Estadual Intersetorial de Políticas de Atenção aos Refugiados e Migrantes Eliane Almeida, que esteve na missa, disse que é dever do Estado garantir dignidade para refugiados e imigrantes: "Os refugiados chegam ao país não apenas esperando uma vida melhor, mas também, muitas vezes, fugindo da fome e da guerra em seus países de origem. É nosso dever garantir que possam se estabelecer e ter condição de trabalho digna para que a integração aconteça com plenitude", afirmou Eliane.
A celebração foi organizada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e em parceria com o Comitê de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Estado do Rio de Janeiro, a Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo, o Comitê Interestadual de Política de Atenção aos Refugiados e Migrantes e o Santuário Cristo Redentor.
"A missa celebrada no Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor será a memória de um ano de falecimento do jovem congolês Moïse, brutalmente assassinado. Será um momento de esperança para a família e de nossa solidariedade fraterna nesse momento em que se recorda a sua dor', disse o presidente da missa, Monsenhor Manuel Manangão, vigário episcopal para a Caridade Social.
Júlia Kronemberger, coordenadora de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Trabalho Escravo, explicou que é preciso fortalecer o combate ao trabalho escravo e ao preconceito.
"É inadmissível o que ocorreu com o Moïse. Não podemos deixar que esse crime brutal caia no esquecimento. Precisamos continuar e intensificar a nossa luta contra o racismo, a xenofobia e o trabalho escravo em nosso estado", afirmou Júlia.
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