Vídeo mostra congolês sendo agredido em quiosque da Barra da Tijuca, na Zona OesteDivulgação

Rio - Com as mãos e pés amarrados por um fio, o congolês Moïse Kabagambe, 24 anos, foi espancado até a morte, por três homens, no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca. A briga começou quando Moïse tentou pegar algo na geladeira. Segundo familiares, naquela noite ele cobrava diárias atrasadas do trabalho, realizado no próprio quiosque.
A vítima morava no Brasil desde 2011, quando procurou o país para se refugiar dos conflitos armados na República Democrática do Congo.
Imagens de câmeras do quiosque mostram que a discussão teve inicio às 22h25 do dia 24 de janeiro, quando Moïse abre a geladeira para pegar algo. Um outro funcionário tenta impedir com um pedaço de madeira e, o congolês se defende pegando uma cadeira.
Moïse retira a blusa e, novamente, tenta ir até a geladeira, sendo impedido por outros dois funcionários do local. A partir de então tem início uma série de agressões, com chutes e socos. Dez minutos depois, Moïse tem as mãos e pés amarrados por um fio e continua apanhando. 
Os homens se alternam nas agressões. Em certo momento, dois deles conversam dentro do quiosque, trocam papéis, enquanto um terceiro volta a bater no estrangeiro com um pedaço de madeira.
Somente cerca de 30 minutos após as agressões é que o imigrante recebe uma massagem cardíaca, na tentativa de ser reanimado, mas não esboça reação. 
Veja os vídeos: aviso de imagens fortes
Agressor diz que intenção era defender idoso
Em áudio obtido pela reportagem, um dos agressores diz que a intenção era defender um idoso. No entanto, esse homem não aparece nas imagens. 
"Sou um dos envolvidos no caso do congolês na Barra da Tijuca. Ninguém quis tirar a vida de ninguém", iniciou o funcionário no áudio. "Eu fiquei pra dormir no trabalho e tinha um cara 'doidão' de cerveja e drogas, causando terror. Estava arrumando o quiosque para fechar e ele tentou meter a mão numa cerveja e eu não deixei. Ele foi para o quiosque do lado, só que era de um senhor de idade. Aí a gente desceu para a areia e, quando ele voltou, tentou pegar a bolsa do 'coroa'. Em seguida, pegou uma cadeira para dar na cabeça do 'coroa' e fomos para cima", contou.
Identificado como Helison Cristiano, ele presta depoimento na Delegacia de Homicídios.
OAB e Comissão de Direitos Humanos prestam apoio
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) também está acompanhando o caso juntamente com a OAB.
"Cuidaremos de providenciar suporte e apoio emocional e psicológico aos familiares, a OAB dará o apoio jurídico. Todos os nossos esforços serão para que essa família, desesperançosa e fragilizada nesse momento, tenha amparo e que os responsáveis por esse crime bárbaro não fiquem impunes. As providências práticas estão sendo tomadas, mas é preciso fazer a velha pergunta que nos persegue: até quando a sociedade brasileira conviverá com esse tipo de brutalidade contra pessoas negras, sejam elas nativas ou não. Quando vamos, enfim, lidar com essa chaga que carregamos e que tanto nos castiga? A pergunta é para todos, porque é definidora do que queremos ser", disse a deputada Dani Monteiro, presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj.