Policiamento na Quiosque onde congolês foi assassinado na Barra FabioCosta

Rio - A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) indiciou, nesta terça-feira  (1º), três homens pela morte de Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, na última segunda-feira (24). De acordo com a especializada, todos foram indiciados por homicídio duplamente qualificado sem possibilidade de defesa e meio cruel. O congolês teria sido espancado até a morte por cinco homens, com golpes de madeira e taco de beisebol, após cobrar um pagamento atrasado no quiosque Tropicália. Todo o crime foi gravado por imagens de câmeras de segurança do estabelecimento.
Segundo o delegado Henrique Damasceno, titular da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), o porrete usado no crime foi localizado em um matagal perto do quiosque, após a denúncia de uma testemunha. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou como causa da morte traumatismo do tórax com contusão pulmonar e também vestígios de broncoaspiração de sangue. O documento revela lesões concentradas nas costas e o tórax aberto, com os órgãos dentro.
Na tarde desta terça-feira, Helison Cristiano confessou participação no espancamento e morte do jovem. Ele contou outra versão do ocorrido e também negou que Moïse estivesse cobrando salários atrasados. Ele disse ter tentado se entregar duas vezes à polícia, mas que por medo de sofrer represálias, ele recuou. Já no início na noite, um segundo homem, identificado apenas como Fábio, foi preso em Paciência, na Zona Oeste do Rio. A reportagem apurou que ele disse aos policiais que o congolês era usuário de drogas e estava rondando o local. Na tentativa de dar um corretivo, acabou passando dos limites.
O caso
A vítima teria sido espancada até a morte por cinco homens, com golpes de madeira e taco de beisebol, após cobrar um pagamento atrasado no quiosque Tropicália. Ele foi encontrado em uma escada, amarrado e já sem vida. De acordo com a DHC, imagens de câmeras instaladas no local foram analisadas, testemunhas estão sendo ouvidas e os agentes continuam levantando informações para esclarecer o caso, identificar e prender os autores do crime. A Polícia também informou que a investigação vai seguir agora sob sigilo.
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Repercussão
A morte brutal de Moïze Kabamgabe segue repercutindo entre os grupos e instituições que atendem os refugiados no país. O Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio da Cáritas (PARES Cáritas RJ), a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), informaram que vão acompanhar o caso.
O Abuna, uma organização sem fins lucrativos, também repudiou o ocorrido. "O Abuna repudia este ato de covardia, brutalidade e xenofobia. Nos unimos à família de Moïse e demandamos justiça. Barbáries como esta não podem acontecer. Crimes como este precisam acabar. Nossa oração é por consolo aos familiares da vítima, para que o Espírito Santo enxugue cada lágrima. Neste dia, nós choramos com a querida comunidade congolesa no Brasil".
Moïse tinha 24 anos e chegou ao Brasil ainda criança, acompanhado de seus irmãos. No país, ele e sua família foram reconhecidos como refugiados pelo governo brasileiro. Segundo o Programa, ele era uma pessoa muito querida por toda a equipe do PARES Caritas RJ, que o viu crescer e se integrar.
Parentes e amigos também pediram rigor na investigação da morte do congolês. "Meu filho cresceu aqui, estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas hoje é vergonha. Morreu no Brasil. Quero justiça", afirmou Ivana Lay, mãe de Moïse, em entrevista ao "Bom Dia Rio", da TV Globo.