Policiamento no Quiosque Tropicália, onde o Congolês foi morto na Barra da TijucaFabio Costa / Agência O Dia
Homem se identifica como um dos agressores de congolês morto na Barra da Tijuca: 'não fomos para matar'
Funcionário de um dos quiosques da orla da Praia da Barra da Tijuca disse que as imagens das câmeras de segurança 'vão mostrar o que realmente aconteceu'
Rio - O funcionário de um dos quiosques da orla da Praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, que se identificou como Helison Cristiano, confessou participação no espancamento e morte do jovem congolês Moïse Kabamgabe, 24 anos, na última segunda-feira (24). A vítima teria sido agredida até a morte por cinco homens, com golpes de madeira e taco de beisebol. Através de áudios gravados, o homem contou outra versão do ocorrido e garantiu que as imagens das câmeras de segurança vão poder confirmar tudo. Ele também negou que Moïse estivesse cobrando salários atrasados.
"Sou um dos envolvidos no caso do congolês na Barra da Tijuca. Ninguém quis tirar a vida de ninguém", iniciou o funcionário no áudio. "Eu fiquei pra dormir no trabalho e tinha um cara 'doidão' de cerveja e drogas, causando terror. Estava arrumando o quiosque para fechar e ele tentou meter a mão numa cerveja e eu não deixei. Ele foi para o quiosque do lado, só que era de um senhor de idade. Aí a gente desceu para a areia e, quando ele voltou, tentou pegar a bolsa do 'coroa'. Em seguida, pegou uma cadeira para dar na cabeça do 'coroa' e fomos para cima", conta.
Na sequência, um dos agressores confirma que ele e outras duas pessoas, entre elas um segurança, começaram a bater em Moïse para defender o idoso. Ele também negou a participação de outras pessoas, ou policiais militares, na ação. O agressor contou que a intenção não era matar o jovem. "Não fomos pra matar, tanto que não batemos na cabeça, só demos uma 'porradas' nele e ele continuou falando, só que infelizmente não resistiu. Eu também não estava mais no momento em que amarraram ele. Não me julguem antes de ver o vídeo, fomos defender uma pessoa e aconteceu essa fatalidade", disse Helison.
O funcionário do quiosque na Barra da Tijuca disse ter tentado se entregar duas vezes à polícia, mas que por medo de sofrer represálias, ele recuou. Nesta terça-feira, informações preliminares apontaram que ele esteve na 34ª DP (Bangu) para se entregar e que será encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pelas investigações. O dono do Quiosque Tropicália também é esperado para depor nesta terça-feira.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou como causa da morte traumatismo do tórax com contusão pulmonar e também vestígios de broncoaspiração de sangue. O documento revela lesões concentradas nas costas e o tórax aberto, com os órgãos dentro.
De acordo com a DHC, imagens de câmeras instaladas no local foram analisadas, testemunhas estão sendo ouvidas e os agentes continuam levantando informações para esclarecer o caso, identificar e prender os autores do crime. A Polícia também informou que a investigação vai seguir agora sob sigilo.
O advogado Rodrigo Mondego, que representa a família de Moïse Kabamgabe, disse que ainda não ficou sabendo do áudio com a confissão do suposto agressor.
Colaboração Fábio Costa
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