Silvânia Pereira Silva e Daiana Fagundes, mãe e tia de Felipe Gabriel estiveram no Hospital Adão Pereira Nunes nesta quinta-feira Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Publicado 02/02/2023 16:05
Rio - A família do jogador Felipe Gabriel Silva de Souza, de 16 anos, pretende voltar à cidade de Além Paraíba, em Minas Gerais, depois que o adolescente deixar o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ele é uma das vítimas do grave acidente com o ônibus do Esporte Clube Vila Maria Helena, na BR-116, no município mineiro, na última segunda-feira (30). Parentes estiveram na unidade de saúde nesta quinta-feira (2), para onde o jovem foi transferido e está em estado gravíssimo. Outros dois atletas também estão internados no local. 
Apesar do quadro clínico do adolescente, que está no Centro de Terapia Intensiva (CTI), em coma induzido e recebendo acompanhamento conjunto de neurocirurgia, cirurgia geral e cirurgia plástica, a mãe de Felipe, Silvânia Pereira Silva, 51, acredita que o filho vai se recuperar em breve e eles voltarão à Além Paraiba para agradecer aos médicos do Hospital São Salvador pelos cuidados logo após o acidente. A vítima ficou internada na unidade desde a segunda-feira até a transferência para o Rio de Janeiro, na manhã de quarta-feira (1º). 
"Eu espero que cada dia ele venha a melhorar mais. Falei para os médicos que daqui a dois meses, eu estou indo para Além Paraíba com ele, para ele ver os médicos, dar o testemunho de vida. Ele vai voltar lá, em nome de Jesus, eu creio nisso. Ele vai continuar jogando bola, é o sonho dele, não podemos impedir", disse a mãe do adolescente.
Ainda segundo a mãe de Felipe Gabriel, o jovem deve continuar jogando futebol após se recuperar, já que tem o sonho de se tornar atleta profissional. Zagueiro do Vila Maria Helena há cerca de um ano, ele também jogou pela escolinhas Guerreirinhos do Fluminense, Bola de Ouro e pelo projeto social do ex-jogador Roberto Dinamite. Descrito como muito responsável, o adolescente também é barbeiro e conseguiu juntar dinheiro para a viagem à Minas Gerais por meio do trabalho.
A mãe do jovem conta ainda que soube do acidente por meio de um grupo de pais dos jogadores em um aplicativo de mensagens, onde os responsáveis acompanhavam a viagem. A expectativa é de que eles chegassem ao Rio de Janeiro por volta das 6h de segunda-feira. Entretanto, ao checar as mensagens, soube que o ônibus com o time do Vila Maria Helena havia caído de uma ponte com altura de cerca de dez metros, após perder o controle, sair da pista e capotar.
O acidente provocou a morte dos jogadores Andrey Viana da Costa, de 15 anos, Thyago Ramos de Oliveira, 15, Kaylon da Silva Paixão, 13, além do integrante da comissão técnica do Vila Maria Helena, Diogo Coutinho Marques, de 18. Outras 28 pessoas, das 33 que estavam no veículo, também ficaram feridas. Após a notícia, Silvânia seguiu para Minas Gerais e conta que chegou a passar mal e precisou de atendimento médico. Desde então, ela está à base de remédios para conseguir dormir e diz que ainda não consegue assimilar o que aconteceu. 
"Eu estou sem chão, estou a base de remédios, tem hora que me dá um branco. Eu fui para lá (para Minas Gerais), também, fiquei três dias, passei mal, fiquei na Emergência, também. Eu estou meio aérea ainda, algumas coisas que falam, depois eu esqueço. Mas eu vou ficar aqui (no hospital) todos os dias com ele (...) A gente não está acreditando. Ontem, eu só dormi à base de calmante e, mesmo assim, não teve aquele feito", contou Silvânia.  
Parentes de Ícaro Morais Pereira, 16, também estiveram no Hospital Adão Pereira Nunes nesta quinta-feira. O adolescente está no CTI em estado grave e sendo acompanhado pelos médicos da unidade. Segundo a tia dele, Camila Conceição Morais, 26, o adolescente chegou a ter uma hemorragia e passar por uma cirurgia na barriga, por conta de um trauma no fígado e no baço. O pai do adolescente foi o primeiro a saber do acidente, mas a família só foi informada da gravidade quando estava a caminho de Minas Gerais. 
"Quando a minha irmã entrou em contato com outras mães, a primeira informações foi que ele só estava com escoriações, mas não estava nada grave. Quando a gente estava se organizando aqui (para viajar), veio a informação que ele estava (em estado) grave, no CTI e que teria que passar por uma cirurgia. Então, foi desesperador (...) minha irmã entrou em desespero, porque achou que ou ele estava muito grave, mesmo, ou até tinha morrido", contou a tia. 
Assim como Felipe Gabriel, Ícaro estava no Hospital São Salvador, em Além Paraíba, e deu entrada na unidade de saúde de Duque de Caxias na noite desta quarta-feira. De acordo com Camila, os médicos informaram que o adolescente está fora de perigo, mas o estado dele ainda é delicado. "(A família está) ainda tentando assimilar tudo o que aconteceu, não deixando se abater e dando muita força para ele, porque ele ainda está com o psicológico muito abalado. Mas, estamos todos confiantes na recuperação dele", disse Camila. 
Ícaro estava no Vila Maria Helena há aproximadamente dois meses, era volante da equipe e tinha o sonho de se tornar jogador profissional. Uma semana antes da viagem com o time para a cidade de Ubaporanga, no Vale do Rio Doce, onde foram campeões na categoria sub-18 e vice-campeão na sub-16, o adolescente disse para a avó que ainda a daria muito orgulho. "Ele tinha esse sonho de ser tornar profissional, está na última conversa que ele teve com a avó, ele disse: 'vó, eu vou me tornar alguém na vida e vou dar muito orgulho para a senhora'", relatou a tia.
 
Além de Ícaro e Felipe, o também jogador do time, Victor Júnior Silva do Nascimento, de 16 anos, chegou ao Adão Pereira Nunes na tarde de ontem. O jovem foi transferido da Casa de Caridade Leopoldinense, em Leopoldina, no estado mineiro, e está no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da unidade de Caxias. O quadro dele é considerado gravíssimo e ele segue sendo acompanhado pelas equipes médicas. Não há previsão para que nenhum deles receba alta médica. 
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