Publicado 06/02/2023 14:21
Rio - Os corpos das vítimas que estavam em uma embarcação que sofreu um naufrágio na Baía de Guanabara, na tarde deste domingo (5), começaram a ser identificados nesta segunda-feira (6). Até o momento, seis pessoas foram encontradas mortas pelo Corpo de Bombeiros e já foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio. As buscas continuam para localizar dois passageiros que ainda estão desaparecidos. Outros seis foram resgatados com vida.
O grupo estava em uma traineira que virou, na altura da Ilha de Paquetá. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o mau tempo que atingiu a cidade do Rio na tarde de ontem causou o acidente. Na noite de domingo, os bombeiros localizaram os corpos de uma mulher e dois homens, que estavam dentro da embarcação. Já na manhã de hoje, as equipes encontraram outra mulher e uma criança sem vida no barco, além de um homem, na altura do Vão Central da Ponte Rio-Niterói. Um cachorro também foi encontrado no local do acidente.
Identificação dos mortos e desaparecidos
Por meio de exame de papiloscopia, os peritos da Polícia Civil identificaram os corpos de Juliana Gomes de Lana da Silva, 35 anos; Everson Costa de Assunção, 45 anos; Evandro José de Sena, 55 anos; Michele Bayerl de Moraes de Sena, 43 anos; Eduardo Borges da Silva Correa, 14 anos; e de Caio Gomes da Silva, de 3 anos. Os corpos deles ainda não foram liberados.
As vítimas desaparecidas até o momento são: Fábio Dantas Soares, 46 anos, e Isabel Cristina de Souza Borges, 38 anos.
Sobreviventes
Entre os passageiros que sobreviveram estão: Ana Paula de Souza, 46 anos, Marcos Paulo da Silva Correia, 45 anos, Ana Nilda dos Santos Soares, 43 anos, Eric Pereira da Silva, 38 anos, Caíque Gomes da Silva, 10 anos, e Cauã Gomes da Silva, 14 anos.
Familiares contaram que o passeio era comum na Ilha do Governador. O grupo seguia da região para a Ilha da Jurubaíba, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Ainda não se sabe de quem era a traineira que transportava as 14 pessoas. As vítimas eram todas amigas e dividiram os custos do passeio.
Os sobreviventes foram encaminhados para o Coordenação de Emergência Regional (CER) da Ilha do Governador, onde foram atendidos e já receberam alta. A esposa de Everson é uma das sobreviventes do acidente e, segundo o pai da vítima, João Penha, a mulher relatou que o filho morreu tentando salvar os passageiros da embarcação.
"O meu filho aprendeu comigo de nunca deixar seus companheiros para trás e ele não deixou, dito pela mulher dele que assistia enquanto o mar estava batendo e ela agarrada no que pôde se agarrar. Ele estava junto com outro colega fazendo o salvamento possível (...) Eu como pai que perdi o meu primeiro filho, Everson Costa de Assunção, um menino que tinha tudo para prosperar na vida, infelizmente, Deus levou. Sendo que o aprendizado que ele teve comigo, ele praticou e praticou num momento crítico, não foi num ensaio, nem numa piscina, foi na realidade. Ele se foi salvando vidas e tentou não deixar nenhum companheiro para trás", desabafou o pai.
Ainda de acordo com João Penha, os passageiros não usavam coletes salva-vidas, segundo a nora. Ele destacou que as investigações precisaram ficar atentas, durante a remoção da embarcação, quanto ao número de equipamentos disponíveis na traineira, se havia um para cada passageiro e tripulante, e se estavam muito presos, o que dificultaria a utilização de pessoas sem treinamento, como no caso das vítimas do acidente.
"O que eu tomei conhecimento é que nenhum estava com colete salva-vida e a lei manda que qualquer piloto de barco tem a responsabilidade de conduzir seus passageiros com colete, inclusive na Baía de Guanabara, que é considerada águas abrigadas. Ela (nora) me comprovou que não tinha ninguém com colete (...) (O piloto) tem a formação de arrais amador e credenciado pela Capitania dos Portos a transportar passageiros. Se houve omissão nesse detalhe, as responsabilidades serão distribuídas", afirmou João. Procurada, a Marinha do Brasil ainda não se pronunciou sobre o caso.
Irmã de Everson, Verenda Assunção contou que outra irmã sabia do passeio e alertou a vítima sobre a tempestade que estava se formando em direção à Baía de Guanabara, por volta das 16h. Apreensivas, elas tentaram fazer contato com o irmão, mas não conseguiram e, pouco depois, souberam de um naufrágio envolvendo moradores da Ilha do Governador, por meio de uma publicação em uma página de notícias do bairro.
"É uma dor, não só para mim, mas para todas as outras pessoas que estavam lá, porque eram todos família e pessoas, acima de tudo. A gente sabe que tinha criança e o sentimento é aquele de esperança misturado com dor", lamentou Verenda. "O Everson é um cara do bem, um paizão, amava bicho, não era à toa que ele era um ótimo tosador, banhista, os cachorros gostavam muito dele, os bichos. Era um filho maravilhoso, um pai, um avô e uma excelente pessoa", completou a irmã. Ainda não há informações sobre os sepultamentos de Everson e Juliana.
*Colaborou Erica Martin
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