Rio - O radiologista Martinho Gomes de Souza Neto, de 32 anos, acusado de abusar sexualmente de uma paciente durante a realização de um exame, teve sua prisão em flagrante convertida para preventiva após uma audiência de custódia, nesta sexta-feira (3). Ele foi conduzido, na quarta-feira passada (1º), para a delegacia depois que a vítima chamou a Polícia Militar. Contra ele, já constava uma denúncia pelo crime de violação sexual na Delegacia de Apoio à Mulher (Deam) do Centro.
De acordo com a PM, por volta das 19h, equipes do 19º BPM (Copacabana) foram acionadas para verificar uma ocorrência de violação sexual em uma clínica na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, na Zona Sul. No local, a vítima, Chris Silva, de 26 anos, relatou aos policiais que o médico tocou suas partes íntimas sem consentimento, quando ela fazia uma ultrassonografia transvaginal. Os militares então levaram a paciente e o radiologista para 12ª DP (Copacabana).
Segundo Chris, que é influenciadora, ela nunca tinha feito esse tipo de exame e por isso não sabia exatamente como eram os procedimentos. "Eu entendi que era um abuso quando ele se irritou comigo e sem as luvas começou a tocar nas minhas partes íntimas e perguntou se eu estava gostando", desabafou.
"Eu fiquei na dúvida se o que eu sentia era realmente o que estava acontecendo ou se era coisa da minha cabeça. Depois que eu percebi, eu tentei sair da maca, mas ele me segurou pelos braços, me impedindo de descer porque ele queria que eu descesse pelo lado que ele estava, para sentar no colo dele. Nisso, entramos em uma luta corporal e ele só me soltou quando bateram na porta, nessa hora consegui me soltar dele porque ele se assustou e fui ao banheiro colocar minha roupa. Na segunda vez que a moça bateu na porta, ele abriu, e ela perguntou porque o exame estava demorando tanto e ele falou que a máquina de impressão não estava funcionando, nessa hora eu tava tentando fazer contato visual com ela, mas ela não tava olhando para o meu rosto, quando ela saiu, ela deixou a porta aberta, e foi nessa hora que eu corri e pedi ajuda", contou.
Cris explicou ainda que o radiologista insistiu para que ela fizesse o exame transvaginal com ele e que no início estava tudo correto, mas que no meio do processo ele mudou a conduta.
"Quando eu cheguei na clínica para fazer meu exame de mama, porque eu paguei um pacote que vem com muitos exames, porque eu moro nos Estados Unidos, mas vim para o Brasil de férias e resolvi fazer um check up geral, ontem seria o dia de fazer apenas o exame da mama, mas ao chegar no local, ele perguntou pra mim se eu não queria aproveitar e fazer o exame transvaginal, no caso esse exame não seria com ele, nem naquele dia, mas ele falou 'a faz hoje, vai ser melhor, você faz tudo de uma vez', e eu acabei aceitando. No início foi super correto, só que no decorrer do final ele mudou a conduta", explicou.
Logo depois de conseguir sair da sala ela contou que foi levada para uma sala por funcionários da clínica. "Eles me levaram para uma salinha e perguntaram o que eles podiam fazer para aquilo ficar ali, pra abafar o caso, e foi nessa hora que eu falei que não precisava de dinheiro, de nada, e o que eu queria era Justiça, para que outras mulheres não passem por isso", disse.
A influenciadora relatou ainda que pediu para que algum funcionário ligasse para polícia e que isso não foi feito. "Eu só falei que precisava que chamassem a polícia pra mim, porque eu não moro aqui e o meu celular não faz ligação para o Brasil, então precisava que alguém ligasse e nem isso eles fizeram. Só depois de eu pedir para os meus seguidores darem pouca avaliação para eles no Google que entraram em contato comigo, mandando uma mensagem falando de suporte e tal, mas antes disso eles tinha postado na rede social que tinham me dado apoio mas nem tinham entrado em contato ainda", relatou.
O que diz a clínica
Em nota publicada nas redes sociais, a rede Clínica da Cidade comentou que lamenta e repudia qualquer episódio de violência contra a mulher e se solidariza com o ocorrido. "Reforçamos que esse é o único caso registrado em nossos 20 anos de atividade"
"Reforçamos que a rede aplica um processo de seleção de profissionais bastante rigoroso, seguindo toda a normativa para contratação de um profissional de saúde. Realizamos checagens prévias e periódicas, e em todos os âmbitos e os documentos do profissional em questão estavam em situação regular (Cremerj, CFM, Justiça) no momento da contratação, e ainda permanecem. Portanto, não era possível, para a Clínica da Cidade, saber de qualquer caso prévio como noticiado pela imprensa. Em todo o caso, desde momento do ocorrido, já foi revogado contrato de prestação de serviços e não faz mais parte do nosso corpo clínico. Por fim, reiteramos que a Clínica da Cidade tem um papel social importantíssimo no setor da saúde, com excelente reputação e que permanece à disposição para esclarecimentos e suporte", finalizou em nota.
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