Cristhian Lima Corrêa, o único sobrevivente do acidente, que matou os pais e cinco irmãos, deixa o hospital Adão Pereira Nunes, neste sábado (01). Marcos Porto/Agencia O Dia

Rio - A Polícia Civil aguarda para ouvir o adolescente Christian Lima Corrêa, de 16 anos, sobrevivente do acidente que matou sete pessoas da mesma família no dia 18 de março. Ele recebeu alta médica do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no último sábado (1). O acidente aconteceu na BR-493 – via que interliga Magé a Itaboraí – na altura do bairro Vale das Pedrinhas, em Guapimirim, na Baixada Fluminense.
O delegado Antonio Silvino Teixeira, da 67ª DP, responsável pelo caso, afirmou que vai tentar ouvi-lo após um período de recuperação. "Deixa ele se restabelecer um pouquinho. A gente vai tentar ouvi-lo", disse. O depoimento será colhido por conta de Christian ser uma das vítimas. Ele deverá ser encaminhado ao Instituto Médico Legal para exame de corpo e delito.
O motorista da carreta que atingiu o carro com a família será indiciado por homicídio culposo pelas sete mortes. Para Teixeira, as investigações não devem sofrer alterações importantes.
"O que tinha que ser apurado, já foi. O depoimento do condutor foi muito importante e a partir dele, a perícia técnica", acrescentou.
O adolescente ficará sob os cuidados da avó Valéria Correa. O jovem perdeu a mãe, o pai e mais cinco irmãos no acidente. Oito pessoas estavam no carro quando o veículo foi atingido por uma carreta cujo caminhoneiro dirigia na contramão.
Quando foi socorrido há duas semanas, Christian Correa foi diagnosticado com politrauma grave, tendo ficado até 28 de março em regime intensivo.
Uma das vítimas, o adolescente Guilherme Lima Correa, de 14 anos, ficou internado no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo. Após o diagnóstico de morte cerebral, no dia 21 de março, os parentes decidiram doar os órgãos para pacientes que estão na fila de espera por transplante.
O casal Jhonatan Guimarães Corrêa, 35, e Letícia Gabrielle Fernandes de Lima, 32, e os filhos Enzo Gabriell Lima Corrêa, 5, Gabrielle Lima Corrêa, 10, Isaque Lima Corrêa, 8, e Larissa Lima Corrêa, 2, morreram no mesmo dia. A mais nova chegou a ser socorrida no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), em São Gonçalo, mas não resistiu.
O protocolo para diagnosticar o óbito de Guilherme Lima Corrêa por morte cerebral foi iniciado no mesmo dia em que os familiares foram sepultados. A família aceitou doar seus órgãos para quem estava na fila de espera para receber.
O motorista da carreta será indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Em seu depoimento, ele alegou que perdeu o controle do veículo após entrar no desnível do acostamento ao dar espaço para um outro caminhão que vinha no sentido contrário da via. A família morava na cidade de Magé.
A BR-493 é uma rodovia federal. O trecho Magé-Manilha, onde aconteceu a tragédia, é conhecido como "estrada da morte". As obras nessa via tiveram início em 2014 e foram paralisadas em 2018. Em 2021, os trabalhos de duplicação da via foram retomados e interrompidos no ano passado. Em setembro de 2022, a administração do trecho fluminense da BR-493, que abrange o Arco Metropolitano, foi transferida para a EcoRioMinas, que venceu o certame em maio de 2022 e vai assumir as operações pelo período de 30 anos.