Quenia Gabriela Oliveira Matos de Lima, de dois anos, apresentava 59 sinais de tortura pelo corpoReprodução
Segundo a delegada Márcia Helena Julião, titular da 43ª DP (Guaratiba), a criança apresentava 59 lesões pelo corpo, entre já cicatrizadas e recentes: 17 no abdômen, 16 no dorso, 12 no rosto, 7 nas pernas e 6 nos braços. Ainda de acordo com ela, a Polícia Civil foi acionada após receber a denúncia de uma médica da unidade de saúde, que relatou que a garota, trazida pelo pai, apresentava "sinais severos de violência", como queimadura no umbigo e fissura no ânus. A criança também não teria sido alimentada há, pelo menos, três dias.
Além dos responsáveis, um outro inquérito apurou se houve omissão por parte da creche da menina. A delegada ressaltou que a menina tinha as fraldas trocadas na creche e que as agressões eram evidentes e graves.
"O laudo da perícia apresenta lesões antigas. Havia uma queimadura enorme no umbigo. O que fizeram foi chamar o pai e a madrasta e mandaram levar ao médico. Na quarta-feira (véspera da morte), a criança passou mal na creche, vomitando. Já era laceração no fígado. Em 40 anos de polícia, nunca vi nada igual", disse.
Os inquéritos foram concluídos e enviados ao Ministério Público no meado de março.
Durante as investigações, o perito anotou em seu lado que as lesões foram provocadas por meio cruel e correspondiam à "Síndrome da criança espancada", reconhecida quando a vítima é exposta a trauma físico não acidental provocado por uma ou mais pessoas responsáveis por seu cuidado.
No dia da prisão em flagrante, a madrasta afirmou que a mãe da criança estava deprimida e entregou Quênia aos cuidados do pai, após, segundo a madrasta, ele se negar a pagar pensão. A mãe ficou sabendo do caso pela cobertura da imprensa e procurou a delegacia.
Os familiares afirmaram que Quênia já havia apresentado arranhões e lesões, mas o casal afirmava que ela havia caído, ou se machucado em acidentes domésticos.
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