Caso de um homem negro que está sendo acusado injustamente de ter cometido um crime. Grupo faz manifestação no fórum de Niterói. Na foto, ao centro, de blusa branca, Danillo Félix. Reginaldo Pimenta
Assim como nos outros dois casos, onde o jovem foi inocentado, o inquérito usa como base uma foto de Danilo tirada em 2017 e publicada no Facebook. O registro foi incluído no álbum de suspeitos da delegacia de Niterói para reconhecimento por vítimas de crimes na região.
Durante o ato, o próprio Danilo falou sobre o constrangimento de ter que se provar inocente mais uma vez por conta da foto incluída no sistema de reconhecimento. A manifestação teve a participação de cerca de 50 pessoas, que ocupam a porta do Fórum de Niterói, na Avenida Ernani do Amaral Peixoto, no Centro de Niterói.
"Eu não preciso fazer nada. Minha inocência está estampada no meu rosto. Desde que aconteceu essa prisão aconteceu comigo meu psicológico não é mais o mesmo, eu não sou mais a mesma pessoa. Estou vivendo minha vida, trabalhando e cuidando do meu filho. Sendo eu, o Danilo que sou, mas tem sido muito difícil. Ainda mais depois que descobri que novamente terei de provar a minha inocência de um crime que não cometi, sendo que eu já tive uma audiência. Já tive aqui uma vez e ficou mais do que provado que não tive participação nenhuma com esses crimes. Agora estou tendo que estar aqui de novo passando por esse constrangimento", disse Danilo.
Segundo o rapaz, que esteve acompanhado de familiares durante o ato, a expectativa é que essa seja a última vez em que ele passe por isso. "Eu espero que isso aqui acabe hoje. Tenho fé que acabe hoje, que seja a última audiência e que seja feita Justiça. Não só por mim, mas por todos que passam pela mesma situação", afirmou.
Em 2020, Danilo ficou preso preventivamente por 55 dias no Presídio Evaristo de Moraes em São Cristóvão. A prisão ocorreu em sua primeira acusação por roubo em Niterói. Na acusação que o levou à prisão, Danilo foi absolvido depois que a vítima do roubo pelo qual foi incriminado não o reconheceu. Um segundo inquérito foi arquivado pelo mesmo motivo.
"Já é a terceira audiência. Na primeira, segundo eles, me reconheceram por foto. Na segunda também, mas na hora do reconhecimento presencial falaram que não fui eu. Só confirmaram que não foi eu. Mesmo assim, nesse terceiro vou ter que passar pelo mesmo procedimento. Agora foi com a mesma foto do anterior. Complicado demais", comentou Danilo.
O caso que motivou esse terceiro inquérito e a audiência desta terça-feira (11) aconteceu no dia 14 de julho de 2020, por volta de 18h, na Rua 15 de Novembro, nº 236, no Ingá, em Niterói. Na ocasião, um casal foi assaltado a mão armada por três homens.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.