Kathlen Romeu, que estava grávida, morreu após ser baleada em uma operação no Complexo do Lins, em julho de 2021Reprodução/Instagram
Publicado 23/05/2023 20:14
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Rio - Os cinco policiais militares denunciados pelos crimes de fraude processual e falso testemunho, no caso da morte de Kathlen Romeu, durante uma operação no Complexo do Lins, em 2021, negaram as acusações durante a audiência realizada na tarde desta terça-feira (23).
O juiz Leonardo Rodrigues da Silva Picanço, da Auditoria Militar do Rio, ouviu o capitão da Polícia Militar Jeanderson Corrêa Sodré; o 3° Sargento Rafael Chaves de Oliveira; e os cabos Rodrigo Correia de Frias, Cláudio da Silva Scanfela e Marcos da Silva Salviano.
A jovem de apenas 24 anos, que estava grávida, morreu após ser atingida por um tiro de fuzil durante uma operação na comunidade da Zona Norte do Rio em julho de 2021. As investigações não concluíram quem fez o disparo, mas indicaram que quem puxou o gatilho foi um agente da PM.
O primeiro réu a prestar depoimento foi o capitão Jeanderson Sodré. De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), o agente disse que estava em patrulhamento de rotina na região, quando ouviu disparos de fogo e avistou dois policiais acenando para a viatura. Segundo o depoimento do capitão, os dois PMs informaram que havia uma moradora baleada. Sodré afirmou que prestaram socorro à vítima e que, devido ao protesto dos moradores, não foi possível preservar o local do homicídio para perícia.
Em seguida, o cabo Rodrigo de Frias, um dos acusados de atirar contra a jovem, contou que estava em patrulha no beco com outros dois policiais, quando foram surpreendidos por disparos de bandidos. O PM disse que revidou aos tiros e que, no final do beco, viu uma mulher caída no chão e uma senhora gritando ao lado.
Após o socorro a Kathlen, ele apontou que o sargento Rafael Chaves recolheu sacolas que foram abandonadas pelos criminosos na rua. Nessas bolsas, de acordo com o cabo, havia papelotes de maconha, cocaína e crack, carregadores de pistola e de fuzil e munições. Outro policial presente no beco, o cabo Marcos Felipe Salviano, admitiu que efetuou cinco disparos de fuzil durante a operação.
Já o sargento Rafael Chaves falou que, devido à necessidade de sair do local rapidamente por pressão dos moradores, conseguiu pegar apenas parte das sacolas largadas na rua. Ele negou que tenha retirado objetos do chão. Outro PM que prestou depoimento foi o cabo Cláudio da Silva Scanfela.
Audiência sobre a morte
Na próxima segunda-feira (29), Marcos Salviano e Rodrigo Correia de Frias, serão interrogados pelo juízo da 2ª Vara Criminal da Capital, no processo que apura a morte da jovem. Ambos foram denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pelo homicídio de Kathlen.
De acordo com a denúncia, os dois policiais atingiram a mulher ao disparar contra pessoas que estariam vendendo drogas na localidade conhecida como Beco da 14. Eles realizavam patrulhamento de rotina no local e teriam avistado suspeitos em situação que indicava o comércio ilegal de drogas. Sem que percebessem a presença policial, dois atiraram contra os suspeitos, não havendo qualquer ação que legitimasse a referida agressão.
Os disparos efetuados pelos policiais não atingiram os supostos traficantes, que fugiram, mas, um deles, por erro, atingiu Kathlen Romeu, que estava grávida. No momento da ação ela caminhava com a avó pela Rua Araújo Leitão. O MPRJ chamou a atenção pelo fato de os policiais militares atiraram em direção à rua, que sabiam se tratar de uma via de grande movimento de carros e pessoas.
A promotoria ressaltou que apesar de a ação ter sido dirigida a criminosos, eles não ofereciam risco aos policiais ou a terceiros, pois já estavam em fuga. A denúncia ressalta, por fim, que a fundamentação de prévio confronto com traficantes se apresenta como cenário inteiramente dissociado dos elementos probatórios.
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