Publicado 29/05/2023 16:48
Rio - A Polícia Civil colheu, na tarde desta segunda-feira (29), o depoimento de um dos pedreiros que fizeram uma obra na casa onde o corpo do ator Jefferson Machado Costa, de 44 anos, foi encontrado em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. A oitiva aconteceu na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), na Cidade da Polícia, na Zona Norte. Ele foi intimado a depor como testemunha.
O pedreiro é apontado pela polícia como um dos profissionais que fizeram obras na residência que foi alugada pelo principal suspeito do crime, identificado como Bruno de Souza Rodrigues, em dezembro do ano passado. A casa recebeu quatro fileiras de tijolos no muro, o que impossibilitava a visão para o lado interno. Uma soleira também foi colocada em baixo do portão para dificultar a observação.
Na sexta-feira (26), dois homens, que também participaram da obra, prestaram depoimento na DDPA como testemunhas. A Polícia apura o envolvimento de Bruno, que é produtor de TV e amigo de Jeff, com o crime com base nas oitivas dos pedreiros que fizeram as alterações na residência onde o corpo do ator foi encontrado, dentro de um baú enterrado a dois metros de profundidade.
Segundo pessoas ligadas à DDPA, os investigadores suspeitam do envolvimento de três homens no assassinato, entre eles Bruno, inquilino da casa, o namorado do produtor e um pai de santo.
Uma das linhas de investigação aponta que o ator teria sido enganado pelo principal suspeito com a promessa de entrar em uma novela e que havia pedido uma quantia em dinheiro para isso. Até a tarde desta segunda-feira (29), a Polícia Civil não havia pedido a prisão de Bruno, que trabalhou na TV Globo até 2018, quando foi demitido. A emissora informou ao DIA que já forneceu os detalhes do desligamento para a polícia.
"Conforme mostrado no (programa) Fantástico, um dos suspeitos do crime, Bruno de Souza Rodrigues, trabalhou na Globo até 2018, quando foi demitido. A Globo forneceu à polícia os detalhes do desligamento. Aproveitamos para reforçar que a Globo não exige qualquer forma de pagamento para participação em seus programas nem autoriza terceiros a realizar tal cobrança, e, tão logo toma conhecimento desse tipo de fraude, adota de imediato medidas legais contra os fraudadores", informou a emissora por meio de nota.
Família espera resultado nos próximos dias
O advogado Jairo Magalhães que representa a família de Jeff, já entregou documentos que possam auxiliar à investigação da DDPA. Ao DIA, a defesa contou que existe uma expectativa que a finalização do inquérito ou o pedido de prisão para o suspeito do crime possa acontecer nos próximos dias.
"A família do Jefferson e eu, como advogado, esperamos que seja encaminhado com maior brevidade possível quaisquer pedidos que a autoridade policial entender como pertinente para o Ministério Público e para a Justiça. O quanto antes, nas próximas horas de preferência", destacou.
Jairo já tinha revelado que a morte do ator pode ter acontecido no final do mês de janeiro, quando seu desaparecimento foi registrado. A causa da morte não pôde ser determinada pelo laudo de necropsia devido ao estado avançado de decomposição que o corpo de Jeff apresentava. Há uma hipótese de que o ator tenha sido estrangulado porque o cadáver foi encontrado com fios enrolados no pescoço.
O corpo de Jeff Machado foi sepultado na tarde de sábado (27), no Cemitério Cruz das Almas, na cidade de Araranguá, em Santa Catarina, onde nasceu. Antes do enterro, familiares e amigos de infância participaram de uma missa no Santuário Nossa Senhora Mãe dos Homens, na mesma cidade.
Na quinta-feira (25), a mãe do ator, Maria das Dores Estevão Machado, chegou à cidade do Rio de Janeiro para liberar o corpo da vítima. Na saída do Instituto Médico Legal, ela pediu por justiça. "É muito triste um moço vir para o Rio de Janeiro para estudar, fazer jornalismo, cinema e produção, se dedicar ao trabalho de ator. E depois ser encontrado por bandidos, que estão soltos aqui no Rio. Tem que ser feita justiça, e muito rápido", disse.
Ator, Jeff teve seu último trabalho em 2022, na novela "Reis", da Record TV, onde interpretou um soldado filisteu. Ele cursou direito nos anos 1990, mas decidiu seguir carreira artística. Também trabalhou como jornalista, modelo e produtor. Apaixonado por animais e música brasileira, Jeff era dono de oito cachorros que viviam em sua casa. Os animais tinham nomes de cantores da MPB como João Gilberto, Nara Leão, Tom Jobim, Rita Lee, Vinícius de Moraes e Nando Reis.
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