Fiéis lotam igrejas para celebrar o dia de Santo Antônio
Centenas de pessoas foram até o Convento de Santo Antônio, no Centro da cidade para demonstrações de fé e devoção. Religiões de matriz africana também celebram o Dia de Exu
Fiéis vão ao Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, Centro do Rio de Janeiro, em homenagem ao dia do Santo. Nesta Terça-feira (13). - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Fiéis vão ao Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, Centro do Rio de Janeiro, em homenagem ao dia do Santo. Nesta Terça-feira (13).Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Rio - O dia 13 de junho é marcado por diversas celebrações religiosas. No Centro do Rio, centenas de fiéis se reuniram, nesta terça-feira, para celebrar o dia de Santo Antônio, conhecido como o santo casamenteiro, no Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca. No local, haverá celebrações durante todo o dia. Já na Umbanda e no Catimbó, a celebração é pelo Dia de Exu, responsável por abrir caminhos e cuidar dos fiéis nas ruas.
No Convento de Santo Antônio, as missas estão sendo celebradas desde às 6h. Na parte da tarde, ainda haverá às 15h e 18h. O pátio do convento conta com barracas de comidas típicas de festas juninas.
Devota do santo, Ana Maria Peixoto contou que é a segunda vez que pede um amor a Santo Antônio e faz a aposta que dessa vez vai dar certo. Em seu primeiro relacionamento, que durou sete anos, ela conta que teve fim por conta de uma traição.
"Morei sete anos com meu ex-marido e fui traída por uma outra mulher. E no dia 25 de abril eu expulsa de casa depois de saber da traição. É a segunda vez que peço a Santo Antônio um casamento, vou repetir a simpatia, mas agora vai dar certo, sofrer duas vezes não dá", brincou a mulher.
Para ela, a traição que sofreu não é motivo para desistir do amor, muito menos diminuir sua fé pelo santo casamenteiro. Muito pelo contrário, Ana Maria fez questão de retornar ao convento, comprar uma outra imagem do santo para "roubar" o menino Jesus de seu colo. A simpatia, muito conhecida entre os fiés, garante um casamento.
"Comprei aqui o Santo Antônio para 'roubar' o filho dele e que ele me traga um marido decente, digno que eu mereça e que não me traia. Eu só quero que Santo Antônio hoje me dê um marido honesto e maravilhoso", assumiu.
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Os fiéis não vieram apenas em busca de um amor. A aposentada Léia Regina também esteve na igreja e aproveitou para prestigiar o santo do qual é devota há tantos anos. Sobre seus pedidos, sem pestanejar, respondeu: "paz e saúde".
"Santo Antônio me traz muita calma. Eu sou muito família e família para mim é muito importante. Santo Antônio é muito importante na união de família. Todo ano eu gosto de vir pegar meu pãozinho, acender minha vela, pedir a ele paz, saúde para todos os meus familiares", contou.
Os fiéis que visitam o convento e assistem a missa também podem receber bençãos dos freis. Enormes filas se formaram no pátio da igreja para abençoar as pessoas que por ali passavam.
E ainda há quem se nomeie noiva do santo. Fátima Rodrigues trabalha como voluntária na famosa festa e, no dia especial, se caracterizou de noiva por amor a Santo Antônio.
"Ser a noiva de Santo Antônio é ser a representatividade dessa benção dele, desse grande milagre, porque ele é milagroso. Ele é muito conhecido pelos sermões e pelos milagres, mas a benção para a moça que queria casar realmente foi um fato, então uma homenagem", explicou.
A noiva ainda distribuiu corações e mensagens de amor para os casais apaixonados que desejam receber a benção do santo. Para ela, o poema "o coração de Santo Antônio em louvor adoça a vida do casal na busca do verdadeiro amor", escrito pelo Frei Guido, foi sua motivação.
"Minha relação com ele começou na infância. Depois de adulta, eu vim aqui [no convento] quando a minha filha caçula começou a fazer escola de música. Então, eu fui conhecendo a intimidade do convento e já é a 14ª trezena de Santo Antônio que eu faço integralmente trabalhando, ajudando e participando", disse.
Na igreja, voluntários também distribuem os pães de Santo Antônio após a missa, como manda a tradição. A prática surgiu do próprio santo, que tinha o costume de alimentar os pobres e os doentes com os pães do convento onde vivia. Segundo a história, ao comerem o pão, as pessoas eram curadas.
Fé, devoção e amor
Recém ordenado padre, o frei Gabriel Dellandrea, que participou de pregações durante toda a trezena, contou que saiu de São Paulo, onde mora, para participar dos festejos do santo no Rio de Janeiro.
"Eu moro em um convento franciscano em São Paulo, mas tive a graça de vir este ano para cá. Me tornei padre há menos de 20 dias e a minha primeira missão foi pregar a trezena de Santo Antônio e hoje estar aqui ajudando na festa", explicou.
Para ele, falar de Santo Antônio é dar exemplo de fé, paz e vida cristã. "Santo Antônio. para mim. é um grande arauto da paz e do bem e especialmente os seus escritos me impulsionam muito. Ele tem escritos que provocam muito o meu coração. Ele foi um grandioso pregador. Santo Antônio me convida a viver as virtudes cristãs e por isso eu o admiro e amo muito".
Dia de Exu
Pelo sincretismo religioso, fiéis de religiões de matriz africana comemoram o Dia de Exu no mesmo dia de Santo Antônio. Isso acontece porque os escravos, quando chegaram no Brasil, eram impedidos de celebrar suas próprias crenças e utilizavam as festas cristãs para enganar os feitores e cultuá-las. Essa tradição foi mantida por muitos anos e, hoje, as comemorações já são vistas como independentes.
"A Umbanda e o Catimbó comemoram Exu. Não o Exu orixá, comemora o Exu povo de rua. É uma comemoração importante porque, para Umbanda e o Catimbó, Exu é quem abre e toma conta dos caminhos. Exu, além de abrir os caminhos do trabalho, da prosperidade e para a saúde, ele também é quem vigia e toma conta da pessoa na rua. Hoje, é um dia festejado como forma de agradecimento por tudo que ele fez e pedir proteção para mais um ano", explicou a jornalista Luzia Lacerda, diretora responsável da Expo Religião.
Nesta terça-feira, os fiéis também se preparam para uma grande festa. "Hoje, os filhos de santo vestem roupa de gala e a roupa, em grande maioria, é vermelha e preta. As mulheres saias e blusas usam bem brilhosas, com bastante ouro, bastante cordão... Como se vestem as Pombas-gira. Os homens, geralmente, se vestem com terno, capa e cartola, como são os exus. A não ser Zé Pelintra, que seria o terno branco e o chapéu branco, e os outros Exus, que seriam inteiramente de preto", contou Luzia.
Convento tem polo de vacinação
Além de toda a programação e festejos em comemoração ao dia do santo padroeiro, o Convento de Santo Antônio ainda contou com um polo especial de vacinação contra a gripe e a covid-19. O espaço foi montado por profissionais da Secretaria Municipal de Saúde do Rio.
Para se vacinar, é necessário estar com um documento de identificação e com a carteirinha de vacinação atualizada.
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