A mulher de 42 anos dizia ter 12 para enganar as vítimas Divulgação
Com a denúncia dos supostos crimes sofridos por Amanda, os agentes entraram em contato com a Polícia Civil de São Paulo e descobriram que na verdade a menina era uma mulher que respondia por falsidade ideológica. A polícia de SP já havia realizado até exames para comprovar que a estrutura óssea pertencia a uma adulta, inclusive já apresentando desgaste ósseo. Além da cidade paulista, ela possui passagens por Minas Gerais, Bahia e no Sul do país.
Segundo as investigações, foi descoberto ainda que Amanda possuía diversas agulhas no corpo para dar credibilidade ao golpe. Em Nova Iguaçu, a ex-vereadora e a amiga alugaram e montaram uma casa, compraram comida, roupas, procuraram psicólogo, tudo pelo bem da "vítima". No dia da prisão, a delegada foi até o apartamento, porque supostamente a menina tinha autismo, e quando entrou, ela tentou fugir, mas foi acalmada e encaminhada a delegacia.
Na distrital foi descoberto o histórico de pesquisa do celular que continham buscas de como autista se comporta e desenhos de pessoas com depressão, em que ela desenhava igual e se comportava como se tivesse autismo. Ela foi presa em flagrante por estelionato, falsa identidade e falsidade ideológica.
"Ela queria sugar nosso emocional, fazia desenhos como se tivessem monstros atrás dela, como se tivesse perturbação mental. Eu e a Viviane ficamos muito sensibilizadas e pedimos ajuda, fomos à clínica, fui pro mercado, fiz compra, e ela o tempo inteiro fazendo questão de ficar perto de mim. Eu fui dormir com ela, e ela fazendo crises, foi uma narrativa, um movimento que nos convenceu que ela tinha 12 anos, que tinha autismo, que sofreu violência. Ela pedia socorro, fez um trabalho pra convencer a gente, levamos ela na psicóloga, ela dizia que tava vendo vultos, achamos que era uma síndrome de perseguição", explicou Renata.
Mesmo abalada e decepcionada com a situação, a ex-vereadora deixou um alerta para o golpe e informou que não vai deixar de ajudar as pessoas. “A gente sabe que o autismo é uma doença grave, real, essa minha experiência não vai impedir que eu continue ajudando as pessoas, mas fica um alerta, temos que agir com o coração e também com a razão”, finalizou.
Veja mensagens enviadas pela acusada
"Sou Maria Eduarda mas me chamam de Duda, nasci no dia 22 de dezembro de 2010, vou fazer 13 anos no final desse ano. Meus pais adotivos se chamam Luiz Antônio Ferreira Pereira, minha mãe Jussara da Silva Oliveira. Enfim nasci em Pernambuco, a vida não foi nada fácil por lá. Desde que me entendo por gente vivi numa casa cheia de meninas de 4 a 14 anos. Eu fui criada numa casa de prostituição pra menores onde eu e as outras meninas a partir dos 4 anos tomavamos hormônio pra desenvolver o corpo rápido pra trabalhar por isso eu comecei criar corpo e comecei trabalhar com 6 anos".
Segundo as investigações, tanto os nomes dos pais quanto a narrativa foram inventadas para comover as vítimas.
"Estou orando muito, mas só Deus consegue ver como meu coração está esmagado. Não estou conseguindo escrever minha história, mas estou muito triste, confusa, com medo ansiosa, na verdade o único que entende o que estou sentindo é meu companheiro de toda vida, meu pai, irmão e amigo Jesus. Eu estou sem força, desanimada, sem acreditar nas coisas, por isso hoje Jesus está me carregando no colo".
As mensagens foram enviadas a Viviane para causar cada vez mais comoção a fim de a enganar e conseguir vantagens, como dinheiro, moradia e comida. Além disso, ela chegou a relatar episódios de bruxaria. Veja abaixo:
"Com sete anos meu pai que além de trabalhar para as casas de prostituição, também era um bruxo, começou a me usar nos trabalhos dele de magia negra. O primeiro trabalho dele no meu corpo foi com agulhas, eu era usada como uma boneca de vudu para fazer trabalhos contra outras pessoas e olha foi horrível, dói muito, e eram várias num trabalho só".
Segundo a delegada, Amanda era quem colocava as agulhas no próprio corpo para dar veracidade à situação relatada.
Caso em São Paulo
Em São Paulo, Amanda que se identificou como Ana Clara dos Santos Oliveira apareceu perambulando na cidade de Jundiaí em agosto de 2022, e narrou que recentemente havia fugido de uma casa de prostituição na cidade de Fortaleza e que chegou em Jundiaí de carona com um caminhoneiro, sendo inclusive violentada por este homem.
Contando a mesma história relatada no Rio, ela foi encaminhada ao Hospital Universitário onde recebeu tratamento adequado e suporte psicológico. Além disso, ela recebeu roupas novas e alimentação da chefe de investigação da época.
Ao longo de sua estada em Jundiaí durante os atendimentos psicológicos que passou, bem como o andamento da investigação do suposto crime sexual ocorrido no município, nada foi constatado, então a equipe policial começou a desconfiar.
Por conta disso, Amanda foi submetida a um exame de idade óssea para verificarmos sua idade, e este revelou que se tratava de pessoa maior de idade, com amadurecimento ósseo completo. Confrontada pela polícia, primeiramente ela se calou, mas depois confessou que tudo era uma mentira e que era de costume inventar a mesma história em outras cidades.
A acusada contou que tudo começou quando ela foi abusada sexualmente pelo pai e sua mãe não acreditou na história. Ela disse ainda colocar as agulhas em seu corpo, por ter muita angústia e que resolveu sair pelo mundo e contando essa história porque viu que as pessoas se comovem e a ajudam com abrigos, roupas, alimentação, remédios e dinheiro.
Segundo a Polícia Civil de São Paulo "na época, ela negou ajuda do município, e partiu para local incerto, sendo orientada que aqui indiciada, não deveria cometer o mesmo ilícito, vez que as beneficies deste processo não lhe serviriam novamente".
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