Amanda da Silva, de 17 anos, e a bebê morreram no Hospital Estadual Azevedo LimaReprodução

Rio - Familiares de Amanda Rocha da Silva, de 17 anos, que morreu, na madrugada deste domingo (30), na maternidade do Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, denunciam negligência no atendimento à jovem. Amanda estava grávida de 8 meses. O bebê também não sobreviveu.
Em entrevista ao DIA, o namorado de Amanda e pai do bebê, Gabriel Ribeiro Gonçalves da Silva, de 18 anos, disse que os médicos tentaram retardar o nascimento. "Ela (Amanda) estava sentindo muita dor, e o médico disse que o bebê estava para nascer, mas tinha que esperar mais duas semanas para realizar a cirurgia. Por isso, estavam dando muito medicamento para segurar a bebê. Mas teve uma hora que os remédios não fizeram mais efeito, e ela começou a vomitar", revelou o rapaz.
Ainda segundo familiares, Amanda incialmente foi levada para o Pronto Socorro de Alcântara, em São Gonçalo. Na noite da última quarta-feira (26), no entanto, a jovem foi transferida para o Hospital Azevedo Lima, onde estava internada desde então. Ainda de acordo com a família, "a unidade não tinha respirador" e, por isso, os médicos teriam improvisado o equipamento. "Usaram uma luva de látex e uma mangueira para fazer um balão de ar. Eles não tinham nem máscara e nem bomba de oxigênio", denunciou o namorado da vítima.
Com a voz embargada, o padrasto da jovem, Robson Monteiro, 37, acusou o hospital de diversos erros. "Ela faleceu por negligência médica. Mesmo ela sentindo muita dor, não quiseram fazer a cesariana. Se tivessem operado logo, ela estaria viva. [Os médicos] tentaram segurar o nascimento da bebê", disse.
Robson, ainda, contou que a equipe médica tentou realizar o parto, por volta das 3h deste domingo, para tentar salvar a criança. "Tentaram fazer a cesária depois [da Amanda] já estar morta. Mas tiraram a criança roxa", relatou.
Também segundo familiares, mesmo com tentativa de reanimação, Amanda morreu vítima de parada cardíaca. A mãe, Vaneide Santana Rocha, e o padrasto, Robson Monteiro, estiveram no Azevedo Lima para liberar o corpo da jovem.
O corpo de Amanda, que foi encaminhado ao Instituo Médico Legal de Niterói (IML), passará por uma autópsia, para esclarecer a causa da morte. 
Muito abalada, Vaneide, de 49 anos, afirmou não ter condições para dar entrevista, mas fez questão de expressar seu sentimento. "Nada vai apagar a dor de uma mãe". 
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que a Fundação Saúde, que administra o Hospital Estadual Azevedo Lima, disse que "a paciente de 17 anos deu entrada no hospital com 3 centímetros de dilatação e o bebê com menos de 30 semanas de gestação. Devido à prematuridade, a equipe médica adotou o protocolo para tentar manter o bebê na barriga e, assim, estimular a maturidade do feto".

Ainda de acordo com a SES, "[Amanda] vinha sendo monitorada pela equipe médica e a família informada sobre todos os procedimentos adotados. Porém, infelizmente, ela começou a apresentar taquicardia. Foram feitas manobras para reanimação cardio-pulmonar, mas a paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória.

A Fundação Saúde disse que se solidariza com a família e se comprometeu, diante das denúncias, em apurar detalhes do caso, e, se necessário, abrir sindicância para avaliar conduta médica.
A família da jovem registrou o caso na 78ª DP (Fonseca). Procurada, a Polícia Civil não retornou até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.
Amanda será sepultada, nesta segunda-feira (31), no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, às 15h30.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Raphael Perucci