Rio - A Marcha das Mulheres Negras 2023 reuniu centenas de pessoas na Praia de Copacabana, Zona sul do Rio, neste domingo (30). A 9ª edição do movimento teve como tema "Mulheres negras unidas contra o racismo, contra todas as opressões, violências, e pelo bem viver" e contou com a presença de ativistas, como a escritora Conceição Evaristo; a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ); a deputada estadual Renata Souza (PSOL); Anielle Franco, ministra do Ministério da Igualdade Racial e irmã de Marielle Franco; e sua mãe Marinete Silva, advogada membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
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"É uma demonstração de força, de garra, de resistência, mas também de vitória. Vamos marchar, negrada, mulherada. Temos mulheres de toda as idades e raças", disse Benedita abraçada a Anielle Franco antes do início da marcha. Ao fim da caminhada, a deputada reforçou a importância do ato. "Foi emocionante ver ecoar as vozes das mulheres negras de todas as idades, marchando lado a lado, reafirmando a nossa luta por direitos e igualdade. A luta que a gente carrega na pele desde que nascemos", finalizou.
Renata Souza também falou sobre a importância do ato na Praia de Copacabana. "Uma luta que não tem como recuar, das mulheres negras também nos espaços de poder, também nos espaços de decisões".
A escritora Maria da Conceição Evaristo, dona de uma produção literária que combate a opressão do povo negro, leu o manifesto de abertura da marcha. "Vamos ocupar uma das orlas brasileiras de maior visibilidade, é um ato de coragem e denúncia", disse ao microfone para as milhares de negras presentes.
"Marchamos pelo bem viver. O bem viver convoca a uma política de participação coletiva da população negra, de construção de poder horizontal e de distribuição dos lugares de decisão para mulheres negras", completou a escritora que, neste mês, inaugurou um centro cultural na região conhecida como Pequena África, no Rio de Janeiro.
Ao lado de Conceição Evaristo, cerca de dez griôs carregavam uma faixa de abertura da marcha, com o tema da edição deste ano. Griôs são contadoras de histórias, muito respeitadas nas comunidades onde vivem.
Clatia Vieira, uma das organizadoras da marcha, lembrou que a marcha não é uma festa, e sim um movimento para enfrentar lutas. Números comprovam que a situação da mulher negra é desafiadora. Elas são 67% das vítimas de feminicídios e 89% das vítimas de violência sexual. No mercado de trabalho, são as que sofrem mais com o desemprego.
Leonídia Carvalho, é presidente do Quilombo Dona Bilina, em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro. Para ela, o ato deste domingo é também pela soberania alimentar da população preta.
"Estamos lutando por várias lutas que foram pautadas ao longo da história, após a libertação [fim da escravidão], quando foram tirados do povo negro o direito à terra, à moradia, à plantação, à alimentação de qualidade. Essa marcha representa uma luta dessas mulheres que estão em casa, nas cozinhas delas e não têm o alimento de qualidade, é uma luta antirracista e pela soberania alimentar".
A manifestação foi organizada pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras - RJ e contou com a participação de diversos coletivos ligados ao combate da desigualdade racial. O evento fecha a semana de mobilização pelo Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, em 25 de julho, e acontece na véspera do Dia Internacional da Mulher Africana.
Dia Internacional
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho) foi criado pela Organização das Nações Unida (ONU), durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992. No Brasil, a data também é uma homenagem à Tereza de Benguela, conhecida como Rainha Tereza, que viveu no século 18, no Vale do Guaporé, em Mato Grosso, e liderou o Quilombo de Quariterê.
O Dia Internacional da Mulher Africana, celebrado em 31 de julho, foi criado em referência à Conferência das Mulheres Africanas, em 1962, na cidade de Dar Es Salaam, na Tanzânia.
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