Nivaldo Alves de Lima, de 50 anos, foi sepultado nesta segunda-feira (31) no Cemitério de InhaúmaReprodução

Rio - O auxiliar de serviços gerais Nivaldo Alves de Lima, de 50 anos, morreu neste sábado (29) depois de ser baleado enquanto usava o banheiro da própria casa, na comunidade da Chacrinha, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio. A família acusa policiais militares de terem realizado os disparos.
O homem foi atingido por dois tiros, sendo um no ombro e outro no tórax. Ele chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas não resistiu.
Na manhã desta segunda (31), a auxiliar administrativo Lucilene Alves de Lima, de 42 anos, irmã da vítima, esteve no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, para liberação do corpo. Segundo ela, os tiros que acertaram Nivaldo foram realizados por PMs que estavam próximos à casa onde moram.
"Estávamos eu e meu irmão em casa. Passei para comprar uma cerveja para tomarmos em casa como a gente faz de costume no fim de semana. Por volta de meia noite, nos preparamos para dormir. Ele foi para a varanda fumar o cigarro dele, que era costume todos os dias, só que deu vontade de ir ao banheiro. Quando eu deitei, o meu outro irmão bateu na minha porta e falou 'Lu, o Nivaldo foi baleado'. Até então, para mim, ele só tinha sido baleado. Quando eu olhei no banheiro ele já estava morto. Não tinha mais o que fazer", disse a irmã.
Lucilene ressaltou que saiu de casa gritando pela comunidade e viu um blindado da PM próximo à residência. De acordo com ela, os agentes ignoraram o que tinha acontecido com Nivaldo.
"Eles simplesmente fecharam a porta e foram embora. Até agora não teve resposta da polícia, não teve resposta do estado, ninguém veio falar comigo. O sofrimento quem está carregando é a gente. Eu dependia dele e ele dependia de mim porque temos uma irmã deficiente dentro de casa. Ela depende da gente para tudo depois que a minha mãe e o meu pai faleceram. Quem é que vai cuidar da gente agora? Quem é que vai me ajudar agora? Quero que o estado me responda isso. Eu não sei como vou me levantar. Vou ter que caçar psicólogo e fazer tratamento porque eu não tenho mais forças. Já perdi três pessoas da minha família. Com ele, a quarta. Não tenho forças mais para nada. Quero respostas e Justiça", disse .
Nivaldo e a família moravam há 31 anos na Chacrinha. Ele estava de férias quando foi atingido. Lucilene contou que o irmão ia retornar ao trabalho nesta segunda-feira (31) e ser promovido ao cargo de recepcionista no hotel em que trabalhava.
Ele foi sepultado nesta segunda no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio, e deixa uma filha de 19 anos. 
O que diz a PM
Procurada, a Polícia Militar informou que agentes foram acionados para a comunidade da Chacrinha, na noite de sábado (29), para coibir um evento clandestino. De acordo com a corporação, grupos de criminosos atiraram contra o veículo blindado durante patrulhamento realizado na região.
Segundo os agentes que participaram da atividade, não houve registro de confrontos no local. Depois da ação, a PM informou que policiais do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) foram informados que um homem havia dado entrada no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. A Polícia Civil foi acionada para investigar o caso.

"A 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (2ª DPJM), subordinada à Corregedoria da Corporação, acompanha as investigações do caso", disse em nota a PM.
De acordo com a Polícia Civil, o caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Os agentes estão em diligências e levantam informações para esclarecer os fatos.