Fabrício da Costa Barros, 25, não resistiu aos ferimento do corte feito pela linha chilenaReprodução/Redes Sociais

Rio - Familiares de Fabrício da Costa Barros, de 25 anos, estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, nesta quarta-feira (2), para liberar o corpo do jovem, que morreu atingido por uma linha chilena. O motociclista passava pela Linha Amarela, na tarde desta terça-feira (1º), na altura do bairro de Água Santa, sentido Fundão, na Zona Norte, quando teve o pescoço cortado. Muito abalado, o pai do rapaz chamou de irresponsável quem comercializa esses itens para pipa, que são proibidos por lei. 
"Eu não tenho que dar conselho para os motoqueiros, mas para o irresponsável que vende essa linha chinela que vai acabar com muito Fabrícios, não só na Linha Amarela, mas na Linha Vermelha, como dentro de uma comunidade, dentro de um bairro. Nós estamos acostumados com a bala perdida ou até com um tirando a vida do outro e, simplesmete, uma coisa que faz uma festa no céu, quando desce, acaba com uma família, é uma fatalidade só", lamentou Wagner da Costa. 
Fabrício transportava uma passageira no momento do acidente, que também ficou ferida. A advogada Gabriela Gomes, de 26 anos, contou que o veículo tinha antena, mas estava abaixada, e que o motociclista demorou a perceber que havia sido atingido. Ela relatou que decidiu pular da motocicleta quando percebeu a linha se aproximando, mas o jovem ainda seguiu por alguns segundos antes de cair. A mulher sofreu um corte pequeno no pescoço e torceu o tornozelo. 
"É aquele clássico acidente de linha chilena em via expressa. O motorista, por algum motivo, não estava com a antena levantada. Eu acho que ele demorou para perceber o que tinha acontecido, porque ele ainda ficou um tempo pilotando. Eu só percebi que tinha cortado o pescoço dele quando começou a vir os respingos de sangue em mim e eu percebi que ele estava tentando colocar a mão no pescoço, mas estava esguichando muito sangue. A moto foi perdendo a velocidade e eu vi que a linha já estava encostando no meu pescoço e decidi pular (...) Foi muito brutal, uma desgraça, não tenho outra palavra", contou Gabriela.
A advogada foi socorrida por agentes da Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela, e foi liberada. O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, às 17h05, mas encontraram Fabrício já sem vida no local. A vítima se preparava para comemorar o aniversário de 26 anos na quinta-feira (3) e foi descrita pelo pai como um jovem responsável e trabalhador. 
"O Fabrício era um moleque bom, não se envolvia com coisas erradas, (estava) trabalhando direto. Amanhã, justamente, ele ia completar 26 anos de idade, com tudo preparado. Um filho exemplar, convivia com a gente e, pela fatalidade, uma linha chilena acabou com os sonhos do meu filho. Ele usava antena direitinha, era habilitado para carro e moto, meu filho andava certinho. Os colegas dele falavam que ele era até 'bobão', porque eles têm mania de empinar com moto e meu filho andava certinho, para não ter problema".
O enterro de Fabrício está marcado para tarde desta quinta-feira, no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste.
O uso e venda de cerol, linha chilena ou qualquer tipo de linha cortante são crimes previstos nos artigos 129, 132 e 278 do Código Penal Brasileiro. Além disso, desde 2019, uma lei estadual proíbe a venda, uso, porte e posse de linha chilena, bem como de cerol e qualquer produto utilizado para soltar pipas que tenha elementos cortantes. Em caso de descumprimento, pode ser aplicada multa, podendo ter o valor dobrado, se houver reincidência. Se o infrator for menor de idade, a penalidade deve ser atribuída ao responsável legal. Já estabelecimentos flagrados ou denunciados, além da autuação, ainda podem ser fechados, caso voltem a praticar o crime.
*Colaborou Pedro Ivo