Do Leme (E) e Fiel da Penha (D) eram procurados pela políciaReprodução

Rio - Os traficantes Carlos Alberto Marques Toledo, o Fiel da Penha, e Cláudio Henrique da Silva Brandão, o Do Leme, mortos nesta quarta-feira (2) durante operação no Complexo da Penha, acumulavam mandados de prisão em aberto por crimes como tráfico e homicídio, além de serem réus por organização criminosa e extorsão. Eles eram apontados por pertencerem ao grupo criminoso comandado por Thiago do Nascimento Mendes, o Belão, que extorque moradores no Quitungo, em Brás de Pina, Zona Norte do Rio.
Ambos viraram réus pelo crime de organização criminosa no dia 21 de junho deste ano após a Justiça do Rio aceitar uma denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) contra eles. Segundo o órgão, a dupla e outras 29 pessoas integravam uma organização criminosa que tinha como objetivo obter vantagens econômicas indevidas, através do tráfico de drogas, roubos, agressões e extorsões na região da comunidade do Quitungo e Guaporé, em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio.
O MPRJ ainda apontou que Do Leme seria um dos responsáveis por uma invasão a um conjunto de imóveis, no dia 14 de novembro de 2022, no Quitungo, com o objetivo de tomar a propriedade usando a violência. Na ocasião, o criminoso, junto com outros traficantes do CV, ameaçaram os moradores usando armas para que eles dessem o valor do aluguel, que era menos de R$ 500, diretamente à Associação de Moradores da comunidade, onde o grupo tinha domínio. A pessoa que não quisesse continuar morando no local deveria entregar a chave da residência na boca de fumo do morro e não mais ao real proprietário. 
Por causa dessas alegações, o juiz Juarez Costa de Andrade expediu um mandado de prisão preventiva para ambos. Na época, o magistrado entendeu que havia indícios suficientes de que a dupla trabalhava para o grupo comandado pelo traficante Thiago do Nascimento Mendes, o Belão, criminoso apontado como o líder do CV no Quitungo.
"Com efeito, forçoso reconhecer que soltos os denunciados seguirão na senda criminosa de índole permanente, produzindo temor com a utilização de armamento, desenvolvendo a atividade do tráfico, alargando o território com invasão de imóveis e cobrança de taxas extorsivas dos moradores, com a ousadia de avançar as barricadas para o asfalto. Não é tudo, para além da necessidade da prisão para garantia da ordem pública, forçoso reconhecer que a prisão se faz necessária para higidez da instrução criminal, sendo evidente o temor das testemunhas ao prestarem depoimentos durante a instrução, estando os denunciados soltos, diante do atuar criminoso", escreveu o magistrado em sua decisão.
Fiel da Penha ainda acumulava outros cinco mandados de prisão em aberto. O primeiro do ano de 2019. A organização criminosa responsável por extorsões a moradores, a qual ambos faziam parte, foi alvo de uma operação da Polícia Civil no início de julho. Oito suspeitos foram presos e dois adolescentes apreendidos na ação.
Operação no Complexo da Penha
Carlos Alberto e Cláudio Henrique morreram, na manhã desta quarta-feira (2), após entrarem em confronto com policiais militares e civis durante operação realizada no Complexo da Penha. Além deles, outros oito suspeitos também não resistiram.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, 14 pessoas foram levadas, até o meio da tarde, para o Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV), na Penha. Destas, três permanecem internadas. Um PM, que também foi baleado, foi socorrido e encaminhado para a unidade, mas foi transferido para o Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, região central do Rio. A corporação informou que seu quadro de saúde é estável.
As outras 10 pessoas chegaram sem vida ao hospital, incluindo o Fiel da Penha e Do Leme. Todos seriam suspeitos, de acordo com a PM. A operação ainda apreendeu sete fuzis, munições e granadas. Barricadas também foram retiradas do local.
A ação desta quarta-feira (2) teve como objetivo localizar e prender integrantes do Comando Vermelho, que domina a região, após um monitoramento do Setor de Inteligência da corporação ter indicado que ocorreria uma reunião de lideranças da facção no local.
Por conta do intenso confronto, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que 16 unidades escolares foram impactadas, afetando 3.220 alunos.