Rio - O corpo da atriz Aracy Balabanian foi velado na manhã desta terça-feira no Theatro Municipal, na Cinelândia. A veterana da televisão brasileira, que atuou em 2 filmes, 9 peças e 39 novelas, morreu aos 83 anos, vítima de um câncer. A cerimônia ocorreu das 10h às 13h e foi aberta ao público.
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A despedida recebeu familiares, amigos e fãs da atriz, reconhecida por sua enorme contribuição para o segmento artístico. Após o velório, o corpo seguiu para o Cemitério da Penitência, onde amigos próximos e familiares se reuniram para o último adeus. Entre os presentes, estavam os colegas de profissão Claudia Raia, Mariana Ximenes, Luis Miranda, Claudia Rodrigues, Marisa Orth, Beth Goulart, Marieta Severo e Julia Lemmertz. O autor de novelas Silvio de Abreu também se despediu da amiga.
Um dos momentos emocionantes do velório foi o beijo que Tony Ramos deu na testa da veterana. Amigos há mais de cinco décadas, Aracy Balabanian era madrinha de casamento do ator com Lidiane Celi Minati. O casal subiu ao altar em 1969.
Famosos relembram momentos e exaltam o legado de Aracy Balabanian
"Eu lembro de uma vez que a gente deitou no chão de rir e não conseguia levantar. E a Aracy começou a passar mal mesmo, porque ela tinha o riso e o choro muito frouxo. A gente ria e muito, realmente", disse Marisa Orth.
"Ela nos acompanhou muito, tinha uma relação quase de tia com ela, uma atriz e ser humano excepcional. Isso a gente vê pelo carinho e pela gratidão de todas as pessoas que estão aqui hoje. Uma trajetória de vida tão inspirada, ela era vocacionada, apaixonada pelo teatro e pela televisão brasileira", afirmou Beth Goulart
"Realmente um exemplo de mulher, de profissional, de amor pelo o ofício dela. Foi minha primeira amiga no Rio de Janeiro, acompanhou toda a minha vida e eu a dela. Ela me chama de luz, de estrela guia e eu chamava ela de tesouro nacional", declarou Claudia Raia.
"Ela está dentro da gente, de tantas formas, é difícil falar, tem tanta coisa para ser dita... Mas Aracy é uma grande amiga, tinha uma idade totalmente diferente da minha, mas um interior que foi se renovando e ela estava viva até o fim. E era uma pessoa de uma troca tão profunda, tão interessada no ser humano, tão aberta e generosa para os relacionamentos. E deixou um legado, de desbravar um caminho para as atrizes, da minha geração", pontuou Isabelle Drummond.
"Nossa amizade já tinha mais de cinco décadas, nos conhecíamos há 56 anos, uma vida. Uma grande amiga, minha irmã, madrinha de casamento... A gente sempre se falava por telefone ou por mensagens. Eu seria mentiroso em separar um único momento para responder a vocês. O que fica é ela, a grande Aracy: inteligente, culta, com muita ética, determinação, discreta e sempre com uma palavra solidária aos amigos. Uma brasileira, uma grande brasileira, tenham certeza disso", destacou Tony Ramos.
"Um colo aconchegante, maravilhoso, uma alegria de viver... E a gente veio aqui celebrar essa alegria de viver dela, a existência, a dedicação profunda ao ofício, ao respeito que ela tinha a arte de representar. Ela é um símbolo disso", salientou Mariana Ximenes.
"Tem milhões de novelas, incríveis filmes que Aracy fez, mas eu acho que esse legado aqui hoje é de amigos que encontraram nela um alicerce de carinho, de amizade, de diversão. Aracy não teve filhos, nós éramos os filhos dela, estamos aqui todos sem mãe", explica o ator Luiz Miranda.
Trajetória de sucesso
Filha caçula de sete filhos de um casal armênio, Aracy nasceu em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Aos 18 anos fez vestibular e passou para a Escola de Arte Dramática de São Paulo e para Ciências Sociais, na USP, por desejo do pai. Foi aprovada em ambas, mas no terceiro ano de curso decidiu apostar definitivamente no sonho de ser atriz e passou a se dedicar de forma exclusiva ao teatro.
Com pouco mais de 60 anos de carreira, a artista deixa uma biografia de peso. Só na Globo foram 28 novelas, e diversas minisséries, seriados e especiais. A estreia foi em 1972, em "O Primeiro Amor". No ano seguinte, Gabriela, do infantil "Vila Sésamo", foi a personagem que a fez despontar na carreira.
Sem filhos, o papel de matriarca foi um de seus personagens inesquecíveis, como mãe do trio Geraldo, Gerson e Gino, em "Rainha da Sucata", onde interpretou Dona Armênia e devido ao sucesso, voltou em 'Deus nos Acuda'.
A socialite Cassandra, de "Sai de Baixo", foi outro marco na carreira de Aracy. Por seis anos, os domingos só acabavam depois do programa. Ali, estavam misturadas as duas paixões da atriz: o teatro e a TV. A gravação ocorria diante de uma plateia, com direito a improvisos e as memoráveis risadas de Aracy, que muitas vezes não conseguia se controlar com as piadas dos companheiros de cena. Seu último trabalho na emissora aconteceu em 2019, no especial de fim de ano 'Juntos a Magia Acontece', quando interpretou Dona Rosa.
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