Assaltos são frequentes na Rua Araújo LimaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - Uma onda de assaltos tem levado pânico à Rua Araújo Lima, em Vila Isabel, na Zona Norte. Moradores contam que bandidos, muitas vezes usando motos, agem a qualquer hora do dia, deixando rastro de medo na região. Veja vídeo abaixo.
Na quarta-feira passada (16), câmeras de segurança de um prédio na via flagraram uma tentativa de assalto, por volta das 21h. Nas imagens, dois assaltantes em uma moto abordam um jovem, que reage com chutes e socos. Em seguida, a dupla foge sem conseguir levar nada do pedestre. 
No dia anterior, às 13h, um casal teve o carro roubado. Câmeras registraram a ação dos suspeitos, que durou cerca de 30 segundos. Armados, os criminosos descem de uma moto, abordam o veículo e retiram o casal. Na sequência, um dos bandidos entra no carro, enquanto o outro volta para a moto, antes da fuga.
Veja os vídeos:
Em entrevista ao DIA, a dona de casa Beatriz Matos relata que já presenciou diversos assaltos. "Um deles foi com uma amiga minha, que teve o celular roubado. Depois disso, eu fiquei traumatizada, e quando saio de casa, não levo o celular, ou pego um táxi pra ir em qualquer lugar, mesmo sendo perto. Na minha vila, colocamos concertina, cadeado no portão, mas mesmo assim não consigo me sentir 100% segura", lamenta.
'Quem paga é o cidadão de bem', lamenta síndico

Síndico de um prédio na Araújo Lima, Luciano Fernandes afirma que, com a onda de violência, precisou tomar algumas medidas de segurança. "Tivemos que instalar concertina, reforçar as grades e colocar novas fechaduras. Também contratamos uma empresa de monitoramento de alarme que tem um custo mensal. São diversos mecanismos e investimentos que foram feitos e pesam no bolso do morador. A gente que paga a conta porque a ausência do poder público em relação à segurança demonstra uma falência, e eles não conseguem atender a demanda do bairro e da rua. Quem paga é o cidadão de bem que está em dia com as obrigações".

Luciano também faz um pedido às autoridades: "A quantidade de policiais é insuficiente. O efetivo precisa aumentar, e percebemos que, além disso, vivemos um processo de enxugar gelo porque não adianta prender o assaltante e duas horas depois, ele está solto. São dois problemas que não se resolvem".

O autônomo Marcelo Mendes não mora na rua, mas conhece bem a região, pois nasceu e cresceu em Vila Isabel. Seu filho, que estuda em um colégio na Araújo Lima, também foi vítima de criminosos. "Meu filho estava entrando no colégio, quando os bandidos chegaram e fizeram um arrastão. Ele ficou na mira do revólver. Além disso, eu frequento um centro espírita aqui na rua e no final da reunião, por volta das 23h, eu ligo para o 6º BPM (Tijuca) e peço um apoio porque o meu medo não é nem de levarem meu carro, porque tem seguro, e sim de tomar um tiro”, conta.
José Dionísio da Silva, inspetor de uma escola na rua há 20 anos, afirma que os casos de assaltos aumentaram nos últimos dois meses. "Teve um tempo em que era mais perigoso, depois ficou mais calmo e agora essa onda de violência está voltando. Eu trabalho aqui desde 2003, já presenciei vários assaltos e já fui assaltado também. Na época, levaram minha mochila com meu celular, carteira e documentos. Quando não é durante o dia e a noite, é invasão de madrugada. Já tentaram invadir o colégio, e tem relatos de outras invasões nos prédios daqui", revela.
Prédio do filho e moto de enteado alvo de bandidos
Morador da Araújo Lima desde 2009, o aposentado Fernando Galdeano vive constantemente com a sensação de insegurança. "O índice de assaltos aumentou muito por aqui, quase todos os dias tem assalto ou furto à residência. Já fui abordado uma vez, mas não tinha nada para levarem porque estava passeando com o cachorro. Minha nora foi assaltada na porta da minha casa. O prédio do meu filho, que é em frente, já foi arrombado, e o meu enteado já teve a moto roubado também", relata.

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) relativos à região da Grande Tijuca, nos seis primeiros meses de 2023, os furtos a transeuntes somaram 607 casos. O número representa uma queda de 30% em relação a 2022. Em relação aos furtos de aparelhos de celulares, foram registrados 1,1 mil durante o mesmo período.
Reuniões do batalhão da área com moradores
Procurada, a Polícia Militar informou que reforçou o policiamento na região com viaturas e motopatrulhas, que atuam junto às unidades do programa Segurança Presente. Segundo a corporação, o comando do 6° BPM (Tijuca) tem realizado reuniões com moradores para debater as demandas da área.

Ainda de acordo com o comando do batalhão, mais de 250 criminosos foram retirados das ruas pela unidade este ano. "Dentro desse cenário, o comando do 6º BPM segue trabalhando também em conjunto as delegacias de sua área de atuação para identificar e prender os praticantes de tais delitos", informa um trecho da nota.

Além disso, a PM ressaltou a importância do acionamento das equipes para casos imediatos através de Central 190 e do APP RJ 190, assim como a importância dos registros dos crimes nas delegacias, o que proporciona um direcionamento das análises das manchas criminais locais mais preciso e efetivo.