Larissa Manoela e Silvana Taques vivem um conflito familiar após atriz romper sociedade com os paisFoto reprodução internet

Rio - A Polícia Civil deve ouvir ainda nesta semana os envolvidos no inquérito que apura um possível caso de racismo religioso cometido pela mãe da atriz Larissa Manoela. De acordo com a delegada Rita Salim, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), os depoimentos ainda não têm data marcada, mas as intimações começarão a ser expedidas.

A investigação foi aberta na terça-feira (22), a partir de uma notícia-crime feita pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio, após em uma troca de mensagens durante o Natal de 2022, a mãe da atriz, Silvana Taques Elias dos Santos, de 51 anos, ter utilizado termos ofensivos para atacar a religião da família de André Luiz Frambach, noivo da atriz, que é espírita kardecista.

"Esqueci de te desejar... Que você tenha um ótimo Natal aí com todos os guias dessa família macumbeira", diz um trecho da mensagem.
Mensagens enviadas por Silvana Taques à Larissa Manoela foram anexadas na notícia-crime - Reprodução
Mensagens enviadas por Silvana Taques à Larissa Manoela foram anexadas na notícia-crimeReprodução


A princípio serão ouvidos os pais da Larissa, o noivo e a própria atriz. De acordo com a notícia-crime, a mensagem de Silvana "extravasa os limites da livre manifestação de ideias, constituindo-se em insultos, ofensa e estímulo à intolerância e ao ódio contra as religiões de matriz africana".

O documento ainda ressalta que nos últimos dois anos, crimes em razão da religião aumentaram 45% no Brasil e tiveram como alvo mais frequente os cultos de matriz africana, segundo pesquisa da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras. Segundo a pesquisa, 78% dos representantes de 255 terreiros em todo o Brasil relataram que os indivíduos de suas comunidades já sofrem algum tipo de violência motivada por racismo religioso.

O advogado Carlos Nicodemos, que assina a notícia-crime, afirma que o objetivo da ação é levar às autoridades policiais um fato que está sendo amplamente divulgado e que configura como crime por incitar preconceito de religião.

"Cabe às autoridades policiais fazer uma investigação e verificar se houve um impulsionamento desse diálogo, inclusive com intuito de promover uma ofensa às religiões de matriz africana. Certamente, a apuração inicial será na oitiva das partes envolvidas, mesmo não sendo uma questão de interesse privado, mas sim de interesse coletivo. Não há espaço para qualquer tipo de tolerância no que diz respeito à discriminação. A responsabilização criminal é uma forma pedagógica e de chamar atenção da sociedade para um novo tempo, um tempo de respeito a todas as religiões", afirmou Nicodemos.

A CCIR é uma organização sem fins lucrativos formada por representantes da sociedade civil, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Polícia Civil. A comissão tem atuação na luta contra a discriminação social, econômica, religiosa e sexual em todo o território nacional.

Entenda a briga

Em entrevista exibida no programa 'Fantástico', da TV Globo, a atriz Larissa Manoela deu detalhes sobre os conflitos familiares que tem enfrentado ultimamente. A jovem relatou sobre o rompimento da sociedade que tinha com os pais, Silvana Taques e Gilberto Elias.
Larissa teria aberto mão de nove propriedades, com valor total estimado em R$ 18 milhões, que faziam parte das duas empresas que ela tinha com os pais, além de uma casa no exterior em nome de Silvana e Gilberto.
Atualmente, Larissa diz que só tem uma casa. "Eu tenho um apartamento que acabei de vender para poder pagar a casa em que eu estou morando hoje. E que eu tive que pegar um empréstimo para poder quitar", afirmou à repórter Renata Capucci. Segundo a advogada da artista, Patrícia Proetti, na época da compra do imóvel, a atriz chegou a ter o crédito negado. "Porque ela não tinha movimentação bancária. Não tinha histórico bancário que fosse capaz de suportar um crédito imobiliário".
Patrícia também afirmou que Larissa não tinha autorização dos pais para usar seu dinheiro e cartões de crédito sem permissão. "Depois dos 18 anos lhe eram fornecido cartões de crédito, sim, mas ela não tinha autorização para uso. Tanto que se quisesse comprar um sapato, ela precisava pedir, (...) e o pai então autorizava e dizia inclusive em qual cartão poderia comprar. Ela tinha uma vida que os pais forneciam para ela", contou.
Em resposta, Silvana deu entrevista à jornalista Chris Flores, do SBT. Trechos exibidos no programa 'Domingo Legal' mostram a mãe rebatendo as acusações da filha.
"Ela [Larissa Manoela] sempre teve o cartão de crédito sem limite. Tinha a senha e acesso a este dinheiro. Você acha mesmo que a Lari não teria dez reais ou sei lá quanto para comprar um milho na praia? Você acredita nisso? Ela sempre pôde comprar o que quisesse, de qualquer valor, inclusive carro, bolsa, sapato, que eu acho bem mais caro do que um milho na praia", afirmou Silvana.