Francisco DornellesDivulgação

Rio - O ex-governador do Rio, Francisco Dornelles, morreu aos 88 anos, nesta quarta-feira (23). Ele estava internado desde maio no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, na Zona Sul. Ele era presidente de honra do Partido Progressistas (PP), além de ter sido ministro da Fazenda, senador e deputado federal.
Dornelles viveu a política por anos, inclusive dentro de sua família. O ex-governador é primo de segundo grau do ex-presidente Getúlio Vargas e sobrinho dos ex-presidentes Tancredo Neves e Castelo Branco. Ele também é primo de segundo grau, por parte de mãe, do deputado federal Aécio Neves.
Nascido em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1935, Dornelles era bacharel em Direito pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O político se especializou em finanças públicas e tributação em universidades do exterior como Nancy, na França, e Harvard, nos Estados Unidos. Ele também era mestre e doutor em Direito Público pela UFRJ.
Dornelles desempenhou diversos cargos e funções no serviço público e governo, tornando-se secretário da Receita Federal em 1979, cargo em que permaneceu por seis anos, quando passou a Ministro da Fazenda em 1985, para uma breve gestão devido ao falecimento do presidente Tancredo Neves, que o designara para a pasta. Foi sob sua administração na Receita Federal que foi criado o símbolo do leão como imagem representativa do Imposto de Renda e da Instituição.
Mais tarde, seria ainda Ministro do Trabalho e Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no Governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele ainda exerceu mandatos de deputado federal, senador e vice-governador do Rio de Janeiro, chegando assumir a liderança do estado em mais de uma oportunidade.
Chefe do Governo do Rio
Dornelles, que foi eleito vice-governador do estado, assumiu o cargo de governador do Rio pela primeira vez em março de 2016. Ele ficou na liderança do governo porque Luiz Fernando Pezão precisou ser afastado para tratar de um câncer. 
Neste período que ficou à frente da administração, o político decretou o Estado de Calamidade Pública a 49 dias das Olímpiadas do Rio. Na época, ele declarou que a crise financeira era a mais grave já vista por ele na contas públicas do estado.
Em 2018, Dornelles voltou a assumir o cargo de governador por 32 dias quando Pezão foi preso por causa da Operação Lava-Jato. Foi ele quem passou o cargo para Wilson Witzel.
Homenagens
A morte de Dornelles gerou diversas homenagens na política. O prefeito Eduardo Paes (PSD) publicou em seu perfil nas redes sociais uma foto com o ex-governador e palavras de carinho.
"Nos deixa hoje uma das figuras mais importantes da política brasileira dos anos 60 até os dias de hoje. Secretário da Receita, ministro duas vezes, deputado federal, senador, vice-governador e governador do Rio, Francisco Dornelles vivenciou todos os momentos importantes desse país durante os últimos 60 anos. Tive a honra de receber seu apoio em várias eleições e, muito especialmente, ter tido a sorte de ouvir seus conselhos e 'causos'. Nos últimos 20 anos não fiz um movimento sequer em minha trajetória política sem ouvi-lo antes. Homem público honrado, amigo leal, pai e marido amoroso Dorneles deixará muitas saudades. Meus abraços e carinho especiais a sua companheira de vida Cecília e suas filhas. Aos companheiros do Progressistas e a legião de amigos os meus mais profundos sentimentos", escreveu.
O governador Cláudio Castro (PL) disse que o Brasil perdeu um de seus mais responsáveis representantes do povo brasileiro. Dornelles ainda foi destacado como um exemplo para a classe política com suas experiências. Castro ainda decretou três dias de luto em homenagem ao ex-governador.
"Hoje é um dia triste para a política e para o país. O Brasil perdeu um de seus mais responsáveis, expressivos e dignos representantes do povo brasileiro. Ex-governador do Estado do Rio, Francisco Dornelles também teve exímia atuação como ministro, senador e deputado federal, sempre defendendo projetos em benefício da população. Com uma trajetória impecável, foi exemplo para a classe política com seus conselhos, troca de experiências e conduta inspiradora, tal como um pai para as gerações mais jovens. Dornelles nos deixa um precioso legado marcado pela capacidade de diálogo e luta pela democracia. Manifesto meu profundo pesar à família do ex-governador e presidente de honra do Partido Progressistas (PP), que viverá eternamente na memória dos brasileiros. O Governo do Estado decreta luto de três dias em homenagem a um dos maiores políticos da história do Rio de Janeiro e do país", destacou.
Já o Progressistas postou uma mensagem de luto. O partido, no qual Dornelles era presidente de honra, definiu o homem como um "defensor da democracia".
"O Progressistas está em luto. Com profunda dor e tristeza, informamos o falecimento do nosso presidente de honra, Francisco Dornelles. Grande homem público, defensor da democracia e do diálogo em todos os momentos, nos deixa um legado de ética, responsabilidade, humildade e dedicação ao Brasil. Com um imenso vazio na política brasileira e no coração de cada filiado, o Progressistas apresenta sentidas condolências à família. Francisco Dornelles, que tanto nos ensinou com suas ações registradas em uma honrada e ilibada biografia, por seus incansáveis serviços ao país e ao Rio de Janeiro, passa hoje da vida à imortalidade. Deus o acompanhe, eterno presidente!", diz a postagem.
O secretário de Estado de Saúde, Dr. Luizinho, colega de partido de Dornelles, também o homenageou. "Amigo, líder, ídolo... O maior político da história do Rio de Janeiro! Francisco Dornelles era um guia e um exemplo a ser seguido. Que Deus abençoe e ilumine Dona Cecília e todos os seus familiares", publicou.
O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, emitiu uma nota de pesar e de condolências em decorrência da morte do ex-governador Francisco Dornelles (PP). "Uma longa trajetória política marcada pelo bom convívio e diálogo, sendo admirado inclusive por adversários. Meus sinceros sentimentos aos familiares e amigos do ex-governador Francisco Dornelles", lamentou. 
Minuto de silêncio na Alerj
Deputados estaduais realizaram um minuto de silêncio durante sessão plenária, na tarde desta quarta-feira (23), na Alerj como forma de homenagem ao político. Os parlamentares foram comunicados da morte do político ainda em plenário. 
Integrante do partido de Dornelles e muito próximo a ele, o deputado Dionísio Lins (PP) se mostrou bastante consternado: "Eu rogo a Deus para que o receba e possa olhar por nós neste país. Dornelles foi um belo procurador federal que deu uma aula e uma lição e espero eu poder continuar aqui, no Legislativo ou onde estiver, defendendo e honrando a liderança dele".

A deputada Tia Ju (REP) também destacou a trajetória de Dornelles. “Seguem nossos profundos sentimentos à família do amado e nobre Francisco Dornelles, pessoa pública que deixou muita lição”, disse.

Um dos mais antigos parlamentares da Casa, Luiz Paulo (PSD) comentou que é difícil pensar a política do Estado do Rio de Janeiro sem a presença deste grande político. “O Francisco Dornelles foi um estadista. Um homem profundamente cortês, de uma fidalguia muito grande, incapaz de levantar a palavra, um mediador de conflitos e que conhecia os 92 municípios deste estado”, definiu.

A deputada Martha Rocha (PDT) disse que Dornelles fará falta no cenário da política. “Ele vai deixar muita saudade, mas também importantes ensinamentos com sua conduta e seu jeito muito próprios de conduzir a política”, observou.
Velório do ex-governador
O velório em memória do ex-governador será nesta sexta-feira (25), das 11h até às 15h, no Centro Cultural Getúlio Vargas, em Botafogo, na Zona Sul.