Operação da Delegacia de Homicídios de Niterói e do Gaeco tinha como alvos envolvidos em quatro mortes em MaricáPedro Ivo

Rio - Uma operação prendeu, nesta quinta-feira (24), dois envolvidos nos assassinatos de um jornalista, um vereador, seu filho e mais um homem, em Maricá, na Região Metropolitana, em 2019. Também alvo, um policial militar está foragido. Agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) e do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio (Gaeco/MPRJ) cumpriram cinco mandados de busca e apreensão expedidos pela Vara Criminal da Comarca do município. 
Rodrigo José Barbosa da Silva, Vanessa da Matta Andrade e Davi de Souza Esteves são apontados como responsáveis pelas mortes do jornalista Romário da Silva Barros, Sidnei da Silva, Thiago André Marins de Marins e seu pai, o vereador Ismael Breve de Martins. Os dois primeiros foram presos na manhã de hoje, em Maricá, enquanto o último, que é subtenente da reserva da PM, permanece foragido. Os crimes foram motivados, respectivamente, pela atividade jornalística; vingança; conflito familiar e financeiro; e "queima de arquivo".
Segundo o delegado titular da DHNSG, Pablo Valentim, os assassinatos foram investigados em inquéritos independentes, que levaram ao assassino e aos envolvidos. "São três inquéritos diferentes que a gente chegou à indícios que levavam ao mesmo executor, mas eles foram tocados concomitantes". De acordo com as investigações, Rodrigo José matou as quatro vítimas, enquanto a mulher e o PM foram coautores. A promotora do Gaeco, Gabriela Aguilar, explicou que o executor foi identificado a partir do modo de andar. 
"As três denúncias que foram oferecidas são baseadas em três inquéritos distintos. Em cada inquérito, há provas diferentes. Algumas, há provas apenas testemunhais, outras há provas telemáticas e, principalmente, em um dos casos, houve uma prova de padrão comparativo de marcha. Foi comparado o vídeo do momento de execução (do jornalista) com o vídeo de rede social, e chegou-se à conclusão de que a marcha, o andar do executor, era muito peculiar. O joelho era geno valgo (com desalinhamento ósseo), um andar "em tesoura", e isso levou a conclusão, além das provas já trazidas até então ao inquérito, foi a prova que espancou qualquer dúvida de que seria esse realmente o executor". 
O jornalista foi morto por motivo torpe, em junho de 2019, por conta do trabalho investigativo que realizava, e mediante recurso que dificultou a defesa, já que Rodrigo e Davi ficaram vigiando e esperando ele voltar de uma caminhada e surpreenderam Romário com um ataque a tiros, sem dar a chance de reação. A especializada ainda apura se o homicídio teve motivação política. "A gente ainda continua as investigações referentes ao mandante, porque há uma dúvida com relação a isso. A gente tem o Rodrigo como executor e há indicativo de que o Romário estava levando uma investigação a respeito de algumas condutas ali na cidade e que esse poderia ter sido o motivo da execução dele", disse o delagado. 
O homicídio de Sidnei foi cometido por vingança, por conta de uma discussão na rua, poucos dias antes do crime, entre a vítima e a sua ex-cunhada, que é esposa de Rodrigo. A especializada também descobriu que a morte de Thiago, em agosto do mesmo ano, foi motivada por um permanente conflito familiar e financeiro com Vanessa, que era sua ex-companheira e foi a mandante do crime. Por fim, o vereador, que era seu pai, foi morto logo em seguida, como "queima de arquivo", por ter presenciado o assassinato do filho. 
A operação desta quinta-feira cumpriu mandados de busca a apreensão nas residências de Rodrigo e Vanessa, além de em uma empresa do primeiro, onde apreenderam computadores, celulares e documentos, além de em duas casas de Davi, que não foi encontrado, todos em Maricá. Nos endereços do PM, os agentes encontram armas, munições e cerca de R$ 78 mil em espécie. A ação contou com o apoio de equipes da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público (CSI/MPRJ). Procurada, a Polícia Militar informou que não vai se posicionar sobre o fato.