Ato na escadaria da Câmara Municipal foi uma das ações em memória das mortes de Marielle e AndersonPedro Ivo

Rio - Atos de protestos em diversos pontos do Rio marcam os dois mil dias do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, nesta segunda-feira (4), para cobrar agilidade sobre a investigação do crime. Os dois morreram em um ataque a tiros em 14 de março de 2018, na região central da cidade do Rio.

Durante esta manhã, integrantes do Instituto Marielle colocaram uma faixa com os dizeres "2.000 dias sem justiça para Marielle e Anderson", rodeada de girassóis em frente ao Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no Centro.
A advogada Marinete da Silva, mãe de Marielle, esteve presente no ato, assim como o pai da vereadora, amigos, eleitores e familiares, além da vereadora Mônica Benício, ex-mulher da parlamentar. Segundo Marinete, a manifestação acontece com o objetivo de cobrar autoridades no andamento do caso, que até hoje não tem uma conclusão sobre o seu mandante.
"Estamos aí nas ruas para falar da importância que é estar fazendo o que fizemos hoje em frente da Câmara Municipal. Para a gente dizer que nada é normal quando se trata de um crime bárbaro como o que fizeram com a minha filha. A gente vai estar juntos para cobrar, para dizer que tipo de democracia está tendo nesse país, onde uma vereadora, uma mulher parlamentar, foi ceifada de uma maneira brutal, covarde e estamos aí sem resposta. É fundamental que a gente faça isso, cobre as autoridades, cobre as pessoas que são responsáveis. Foi nesse estado, foi nessa cidade que mataram a minha filha e precisa sim ter uma Justiça digna para ela e para o Anderson", contou.

Ao longo da semana, o Instituto vai estar em Brasília para cobrar autoridades sobre melhorias nas políticas de enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça. Nos dias 20, 21 e 22 de setembro o Instituto realizará na Uerj o seminário internacional Justiça por Marielle e Anderson, que contará com presenças como a do filósofo Achille Mbembe.


No último domingo (3), fundadores do Instituto Marielle Franco estiveram na Estátua de Marielle com uma faixa que reforçava a pergunta: "Quem mandou matar Marielle e Anderson?".

Já no sábado (2), a Anistia Internacional realizou um ato simbólico para marcar a data, que foi realizado na Praça Mauá, em frente à Superintendência da Polícia Federal, teve por objetivo reivindicar o andamento mais rápido das investigações, com imparcialidade, transparência e o esclarecimento das motivações do crime e quem foram os mandantes.

A Anistia cobra ainda que o governo federal implemente, por meio de cooperação técnica internacional, um mecanismo independente de especialistas para trabalhar no apoio à elucidação do crime.

Avanços

No início do governo Lula, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, mobilizou a Polícia Federal para atuar diretamente no caso junto com o Ministério Público do Rio (MPRJ). O motorista que dirigia o carro utilizado no assassinato, o ex-policial militar Élson Queiróz, confirmou o nome dos envolvidos no crime. Na delação premiada com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público do Rio de Janeiro, ele confirmou sua participação, a de Ronnie Lessa e a do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa nos assassinatos de Marielle e Anderson. O ex-PM ainda indicou envolvimento de mais pessoas no crime, informação que segue em segredo de Justiça.

Para o Dino, a colaboração premiada de Élcio de Queiroz encerrou uma fase da investigação ao retirar todas as dúvidas sobre a execução do crime, abrindo a possibilidade de a polícia chegar aos mandantes do duplo assassinato.

"Há um avanço, uma espécie de mudança de patamar da investigação. A investigação agora se conclui em relação ao patamar da execução e há elementos para novo patamar: o da identificação dos mandantes do crime", destacou o ministro, em coletiva após a delação.