Josimar Wanderson Marinho Campos foi preso por tortura contra os quatro enteadosReprodução / Redes sociais

Rio - O padrasto que torturou quatro enteados em Guapimirim, na Baixada Fluminense, já possui um histórico de agressão. De acordo com familiares das vítimas, Josimar Wanderson Marinho Campos, de 20 anos, chegou a agredir a própria irmã em uma ocasião.
"Ele já tinha reputação de agressor. Ele já deu um soco na irmã dele e a família até chamou a polícia. As crianças sempre tiveram medo dele. Não era respeito, era medo. É muito agressivo, mas não contra outros homens. Só contra pessoas inofensivas, que não tem suporte para aguentar uma agressão dele. Para os vizinhos, o dia a dia dele é estudar e trabalhar, mas quem conviveu com a relação dele e da mulher, sabe que ele tem essa 'fama' de agressor", disse ao DIA, nesta segunda-feira (4), uma parente que preferiu não se identificar.
Na sexta-feira passada (1º), policiais da 76ª DP (Guapimirim) cumpriram um mandado de prisão preventiva contra Josimar pelo crime de tortura. No momento, ele aguarda audiência de custódia.
As quatro crianças torturadas pelo suspeito têm entre 4 e 10 anos - dois meninos, de 4 e 9, e duas meninas, de 5 e 10. A mãe, de 26, trabalha na cidade do Rio e, por isso, sai de casa na madrugada de segunda-feira para voltar somente na noite de sexta-feira. O casal passou a morar junto há aproximadamente dois anos.
De acordo com as investigações, no último dia 25, Josimar proibiu que os enteados saíssem de casa, mas foi desobedecido. Como era uma sexta-feira, ele não comentou nada com as crianças e passou o fim de semana como se nada tivesse acontecido.
Por volta das 4h de segunda-feira (28), assim que a mãe deixou a casa para trabalhar, ele trancou os quatro em um cômodo e ordenou que eles tirassem a roupa. Josimar os espancou com um cabo de vassoura até que o objeto se quebrasse. Depois, recomeçou as agressões com um pedaço de madeira até quebrar dois dedos do enteado de 9 anos, além de morder o outro, de 4 anos.
Diante da dor que sentiam, as crianças urinaram e defecaram no chão. Josimar, então, obrigou os mais velhos - a menina de 9 anos e o menino de 10 - a beberem a urina que estava no chão e passarem as fezes no rosto. O suspeito teria feito isso por considerar que a dupla era responsável pela desobediência.
Na quarta-feira (30), a avó materna estranhou o fato de que os netos não estavam comparecendo na escola e decidiu ir à casa de Josimar, que negou a entrada da sogra e afirmou estar tudo bem. Vizinhos, então, relataram à mulher que o padrasto havia agredido as vítimas na manhã do mesmo dia.
Ainda de acordo com as investigações, a avó passou a insistir que queria ver seus netos, praticamente invadindo a residência. Ao ser questionado pela sogra sobre os ferimentos das crianças, o rapaz teria afirmado que elas haviam caído da escada. A mulher retirou as vítimas da casa e as levou para sua residência. O fato foi denunciado à 67ª DP (Guapimirim) na quinta-feira (31).
Em depoimento na delegacia, os dois enteados mais velhos afirmaram que as agressões eram constantes desde que passaram a morar com o padrasto, mas que nunca haviam sido tão violentas como no último dia 28. Além disso, relataram que eram obrigadas a vestir calça e camisa de manga comprida para esconder os ferimentos no colégio. Ainda segundo as crianças, as torturas de beber urina e passar fezes no rosto também eram constante e aconteciam sempre que faziam necessidades nas roupas.
Aos policiais, Josimar disse ter "perdido a cabeça" na manhã que torturou os enteados, mas negou que havia mordido a criança de 4 anos. Ele foi encaminhado ao sistema prisional e aguarda audiência de custódia.