Luiz Camilo é dono de um Opala que pertenceu à sua avóArquivo pessoal
Organizado pelo grupo VW Clube RJ, o evento reúne apaixonados por seus automóveis, que consideram verdadeiras relíquias. Muitos dos participantes têm uma história familiar e afetiva com estes carros. É o caso do empresário Fernando Brandão, de 32 anos, morador do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, que conseguiu "resgatar" nove veículos da família, entre eles uma Blazer que era seu xodó na infância.
"Todos os meus carros com exceção do meu primeiro carro que eu tenho até hoje são carros resgatados da família, então eu tenho quase todos os carros que os meus pais tiveram na infância todos eles antigos", diz.
Fernando revela que a maioria dos carros resgatados é dos anos 1990. "Tenho inclusive uma Blazer DLX que foi o primeiro carro que eu escolhi na vida. Tinha cinco anos de idade e praticamente obriguei meu pai a comprar esse carro", diz.
A coleção de carros do empresário inclui ainda um Monza, um Gol Star, um Versailles, que pertenceu ao avô, e um Ômega Suprema.
Caso de amor com um fusquinha 1970
Já o engenheiro mecânico Leonardo Tanure, de 67 anos, morador do Grajaú, na Zona Norte, tem uma história longa com o seu Fusca 1970, comprado pela família 0 Km.
"É um carro familiar, fui pegá-lo na loja com o meu pai quando tinha 14 anos. E desde zero foi cuidado por mim. O meu pai faleceu logo em seguida, em 1971, o carro ficou encostado um tempo, mas sempre bem tratado e mantido", conta.
Leonardo diz que essa "queda" por carros antigos vem desde cedo. "Mas eu não achava onde fazer os encontros. Em 1999 eu achei o Volkswagen Clube do Rio, do qual sou presidente até hoje. Comecei a frequentar, fazer os contatos e começamos a conhecer outros clubes", explica.
O Fusquinha foi restaurado em 1986 e passou a ser um carro de coleção. Em 1995, Leonardo comprou outro Fusca, ano 1994. "Um carro muito inteiro, bem conservado, que eu também dei uma restaurada nele, um banho de tinta por fora e fiz o interior dele, botei tudo original. Está todo original o carro, em perfeitas condições", orgulha-se.
Como de costume entre os colecionadores, ele tem todo cuidado para preservar os veículos: "Preservo muito bem porque é meu brinquedinho. Eu viajo com esses carros, vou para outros encontros interestaduais, intermunicipais, então o carro tem que ter um funcionamento correto para não me deixar na mão. Tem que ter uma manutenção em dia".
Opala de avó para o neto
O interesse por carros antigos surgiu graças ao pai, que sempre trabalhou com automóveis, caminhões, transporte escolar, além de compra e venda: "Ele sempre trabalhou em cima de veículo e e essa paixão começou a despertar pelo próprio Opala. Minha mãe tinha um Chevette na época também, inclusive era da mesma cor do Opala, hoje ela não tem mais esse carro, mas o Opala foi um carro que ficou".
Quando se tornou maior de idade, Camilo colocou na cabeça que tinha que colocar o carro para andar novamente, já que ficou anos parado na garagem.
"Esse carro tinha placa amarela e aí eu fiz toda parte de documentação do Detran. Hoje tem placa preta, de coleção. Tenho muito zelo por ele. Hoje o meu filho, de dois anos, anda nele também comigo. É um carro que passou de geração para geração e continua sendo cuidado", explica.
O veículo tem manual, chave reserva, nota fiscal e em 2012 ganhou até uma pintura. "Até então a pintura dele era original. A única coisa que mexi foi essa porque já tinha muito desgaste nas quinas. E os pneus dele ressecaram. Por medida de segurança, eu tive que trocar. Não coloquei os da época, porque eram pneus mais finos", diz.
Além do Opala, Luiz Camilo é dono de um Fusca de 1963.
Qual é o valor de um carro antigo?
Um carro antigo, dependendo do estado de conservação e das peças originais, pode ter um valor alto. Sem contar, é claro, o valor afetivo, que muitas vezes influencia no preço para alguns colecionadores.
"Vai variar muito. Porque um carro desse não tem valor. E aí vai ser de cada um. Na hora que quiser vender, vai pedir o preço que quer, que acha que vale. Não existe uma tabela igual a dos carros modernos, onde existe um valor definido. Cada um pede o que acha que tem na mão e vale. É devido à originalidade, à história e ao cuidado", diz Luiz Camilo.
Paixão de pai para filho
"O interesse por carros antigos foi por acaso, preservando os carros que eram de meu pai, que por muitos anos não mais dirigia pela idade avançada. Após o falecimento dele, em 2014, a família se uniu para restaurar o VW de 1969. O Gol não precisou ser restaurado e possui baixa quilometragem e ambos possuem placa de coleção", diz.
O pai chegou a pensar em vender um dos carros nos anos 1990, mas a família não teve interesse por ser um carro que marcou a infância de todos: "É um carro que está na família até hoje, então quando meu pai faleceu a gente se uniu e restaurou, era algo que meu pai não tinha interesse em fazer e a gente fez".
Mantovani recorda que o pai ia ao menos uma vez por ano com a família de carro até Santa Catarina, onde nasceu. "Éramos crianças ainda. Ia parando porque tem parente em São Paulo, Curitiba... Então fazia a viagem em três dias na ida e três na volta. O carro tem muita história", recorda.
Feira de carros antigos
O evento do Shopping Boulevard acontece todo primeiro domingo do mês, em parceria com a VW Clube RJ e reúne modelos exclusivos de diferentes estilos de carros antigos.
A próxima edição acontecerá no dia 1º de outubro, das 12h às 16h, no estacionamento do Shopping Boulevard (G6).
Para os amantes dessas relíquias que desejam exibir seus carros, a exposição é organizada por ordem de chegada e os automóveis devem ser fabricados até 1998, estarem limpos e em bom estado de conservação.
Para quem deseja curtir o evento é necessário resgatar a sessão antecipadamente, no aplicativo do shopping. A entrada é gratuita e as vagas são limitadas. O shopping fica na Rua Barão de São Francisco, 236, em Vila Isabel.
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