Familiares do congolês Moise deixando o fórum no centro do Rio de Janeiro, nesta Sexta-feira (15).Marcos Porto/Agencia O Dia
Caso Moïse: Réus permanecem em silêncio durante última audiência de instrução
Testemunhas também foram ouvidas. Congolês morreu espancado em um quiosque na Barra da Tijuca, em janeiro do ano passado
Rio - A Justiça do Rio ouviu, na tarde desta sexta-feira (15), três réus no processo que julga a morte de Moïse Kabagambe, de 24 anos. De acordo com o depoimento, o trio permaneceu em silêncio por toda a audiência. Familiares do jovem estiveram no fórum para acompanhar o caso. O congolês foi espancado até a morte após uma discussão em um quiosque na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde trabalhava, em janeiro do ano passado.
Esta foi a última audiência de instrução, que ouviu também testemunhas do caso. Após o recolhimento de todos os depoimentos, a acusação e defesa têm prazo de cinco dias úteis sucessivos para apresentarem alegações para a juíza da vara, que decidirá se os réus vão a júri popular.
Fábio Pirineus da Silva, o Belo; Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove; e Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota, estão presos preventivamente desde a morte de Moïse e respondem por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.
Relembre o caso
Moïse Kabagambe, 24 anos, trabalhava no quiosque Tropicália na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele foi espancado e morto por Fábio Pirineus da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Brendon Luz da Silva na noite do último dia 24 de janeiro. Os três homens agrediram o jovem com socos e chutes, golpes de taco de beisebol e pauladas.
Fábio assumiu ter dado pauladas na vítima, já Cristiano confessou ter participado das agressões, enquanto Brendon aparece nas filmagens imobilizando o congolês no chão.
O motivo, de acordo com relatos colhidos pela Polícia Civil, foi um desentendimento após Moïse cobrar valores de duas diárias de trabalho no quiosque.
O crime gerou grande comoção com repercussão nacional e internacional, protestos e até relatos de ameaças de familiares do jovem congolês que chegaram a dizer que teriam sido inibidos ao ir até o local onde fica o quiosque para protestar e mostrar a indignação pelo assassinato brutal de Moïse.
Organizações de Defesa dos Direitos Humanos, grupos antirracistas e outras entidades de grande importância, bem como artistas e autoridades foram às redes sociais protestar contra o crime. O caso chamou a atenção das autoridades sobre condições de trabalho insalubres, maus tratos, abusos e não cumprimento de leis trabalhistas para com os imigrantes que moram no Rio.
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