Construção de restaurante no Parque dos Patins, na Lagoa Rodrigo de Freitas, após poda clandestina de árvoreCleber Mendes/Agência O Dia

Rio - Uma empresa privada está sendo acusada de cortar e podar árvores para a construção de um estabelecimento na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul, sem autorização prévia da prefeitura da cidade.

A remoção de diversos galhos e folhagens aconteceu em um ponto próximo ao Parque dos Patins, região que é destino de muitos cariocas e turistas durante o lazer ao ar livre e a prática de exercícios físicos.

No local, as árvores costumam ser usadas por diversas pessoas que buscam se abrigar do sol e do calor e também para tirar fotos da paisagem da cidade.

De acordo com uma denúncia recebida pelo DIA, a remoção teria sido feita de forma clandestina durante a madrugada, para evitar um possível flagrante. Na ocasião, um caminhão apontou a luz do farol para câmeras de segurança que gravaram o local.

A denúncia foi feita pelo colunista Sidney Resende, do Informe do Dia. De acordo com o jornalista, no espaço onde estavam as árvores, será construído um restaurante e boate. A retirada ainda contou com um caminhão, que teria direcionado os faróis para as câmeras da rua, para evitar que o momento fosse registrado.

"Aconteceu a partir de 0h na Lagoa, pertinho do Parque dos Patins, onde vende-se ali cocos, as crianças gostam de brincar, muita gente gosta de tirar foto, também, naquelas galhadas lindas, naquelas árvores frondosas. Cortaram aquilo tudo. Não podaram as pontinhas, não, serraram aquilo tudo, porque estão construindo um restaurante lá, parece que vai ser uma boate. Mas destruíram tudo. Como eles fizeram isso à 0h, quando eles notaram que tinham câmeras, botaram o farol do caminhão em cima das câmeras, para não poder registrar, mas está lá registrado. As famílias curtiam aquele lugar lindo e está tudo destruído", afirmou Resende.
Comerciantes da região lamentam a retirada da vegetação e afirmam que o novo concessionário também pretende remover os bancos da praça.
"Tem umas seis ou sete árvores enormes no local e eles já cortaram umas três, só está o tronco. Eles vêm à noite, umas 22h ou 23h. Moradores já passaram por lá, reclamaram, denunciaram, mas está tudo no chão e eles vão cortar mais. Para a gente, eles falaram que compraram a praça, disseram que vão tirar os bancos, as árvores… Eles querem tirar até uma barraca de água de coco que tem há mais de 40 anos no local", disse um comerciante que preferiu não se identificar.
"A praça ficou totalmente descoberta, vai fazer uma falta enorme. Nos fins de semana, as pessoas vão à praça com crianças, carrinhos de bebê… Agora, eles fecharam o espaço com os bancos lá dentro. Daqui a pouco, estão acabando com o parque.  Eles vem à noite porque tem menos moradores na rua, menos gente para reclamar. Está muito feio, não tem fiscalização", concluiu.

De acordo com a Prefeitura do Rio, o local, onde antes funcionava o restaurante Arab, agora tem como novo permissionário a empresa Rio2 Parking Estacionamento e Serviços Ltda.

Em nota, a Comlurb, responsável pelo serviço de retirada de galhos e árvores, garantiu que não realizou nenhum manejo no local.

Procurada, a Subprefeitura da Zona Sul informou que a prefeitura não autorizou nenhuma poda no local citado. Informa também que solicitou a Patrulha Ambiental, vinculada a Secretaria Municipal de Ambiente e Clima, para realizar uma vistoria no local. Tão logo se tenha um parecer oficial do órgão sobre a poda irregular, as medidas pertinentes serão tomadas.

A pasta diz ainda que o novo permissionário do quiosque onde funcionava o Arab é a empresa Rio2 Parking Estacionamento e Serviços Ltda e ressalta que as permissões de uso, em regra, têm prazo indeterminado e destinam-se à exploração comercial de qualquer atividade permitida pela legislação em vigor. O termo de permissão de uso prevê que os quiosques sejam tradicionais, e não é permitido ter alterações na estrutura sem autorização da Superintendência de Patrimônio Imobiliário e dos outros órgãos municipais envolvidos.

A Rio2 Parking também foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos até a publicação desta matéria.