Advogada do MC Poze morre após sofrer complicações de lipoaspiração
Silvia de Oliveira Martins, de 40 anos, chegou a ficar internada no Hospital Oeste D'or, mas não resistiu: 'teve exageros na cirurgia', relatou uma amiga
Silvia Martins, de 40 anos, morreu após sofrer complicações de uma lipoaspiração - Reprodução / Redes sociais
Silvia Martins, de 40 anos, morreu após sofrer complicações de uma lipoaspiraçãoReprodução / Redes sociais
Rio - Morreu, neste domingo (17), Silvia de Oliveira Martins, de 40 anos, conhecida por advogar para o MC Poze do Rodo. A advogada sofreu complicações, após fazer uma lipoaspiração HD na clínica da médica Geysa Leal Corrêa. A declaração de óbito indicou que a causa da morte foi um "choque hemorrágico, devido a um tromboembolismo pulmonar, em razão de lipoaspiração recente".
Na última sexta-feira (15), Silvia Olly, como era chamada pelos amigos, deu entrada na clínica, que fica em Laranjeiras, Zona Sul do Rio. Na manhã de sábado (16), a mulher recebeu alta, voltou para casa, mas começou a sentir fortes dores. Por volta das 14h30, a advogada foi para o Hospital Oeste D'or, em Campo Grande, na Zona Oeste, onde ficou internada até às 6h56 de domingo (18), quando teve a morte confirmada.
Em entrevista ao DIA, a esteticista e amiga de Silvia, Mariza Dias, que também trabalha com pós-operatório, disse que suspeita dos erros que a médica pode ter cometido. "Há um tempo, [Silvia] fez um enxerto no glúteo e, provavelmente, foi colocada a substância PMMA (Polimetilmetacrilato), que não pode ser lipoaspirada. Uma vez que esse produto é aspirado, ele pode ir para a corrente sanguínea. Não é comum um tromboembolismo com um dia de pós-operatório", explicou a esteticista.
Mariza também relata que, além da questão do PMMA, existiu excessos. "Eu acredito que tenha tido exageros na cirurgia. Em um procedimento, existe limites para retirar a gordura de um corpo. Ela ficou muito tempo submetida", disse.
O advogado Sérgio Castro, amigo próximo de Silvia, contou como era a personalidade da amiga. "Era maravilhosa. Não tem uma pessoa que não goste dela. Adorava os amigos e a casa cheia. A gente se entendia e fazia tudo junto. As pessoas falavam que nossa amizade era muito bonita", comentou o amigo.
O DIA teve acesso a uma conversa em que a médica Geysa Corrêa relata como tudo aconteceu. "Estou arrasada. [Silvia] teve embolia e a tomografia mostrou um pequeno coágulo no fígado. Com a medicação, o coágulo sangrou e deu choque hemorrágico. É uma situação muito difícil", escreveu a cirurgiã.
Geysa também disse que, como médica, sabe que essas fatalidades podem acontecer. "A gente sabe que isso pode ocorrer, mesmo se fazendo tudo certo. Mas achamos que nunca vai acontecer conosco ou com pessoas próximas. Com certeza foi um dos piores dias da minha vida", finalizou.
Em 2021, MPRJ denunciou a médica
Por homicídio culposo, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou, em fevereiro de 2021, a médica Geysa Corrêa, pela morte de Adriana Capitão Pinto, após um procedimento estético. De acordo com as investigações, a cirurgia ocorreu sem problemas e um inchaço foi identificado nas pernas da paciente. Mas, segundo a médica, era consequência natural. Seis dias depois, Adriana passou a se queixar de falta de ar, teve um desmaio e acabou falecendo. A necropsia confirmou que o procedimento foi a razão da morte.
Segundo o MPRJ, a médica, à época, possuía especialidade em otorrinolaringologia. As investigações ainda apontaram que Geysa não estava devidamente habilitada para intervenções estéticas, tendo realizado o procedimento em um local sem as devidas condições sanitárias e sem a adoção dos cuidados pós-operatórios.
Além da denúncia do MPRJ, Geysa responde, na competência cível, a 11 processos no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Já na área criminal, existe um processo contra a médica por lesão corporal.
Em uma postagem feita pela médica em 2018, pessoas comentaram que a cirurgiã havia cometido erros trágicos. "Açougueira", disse uma mulher. "Criminosa", disse outra. "Quer morrer? Operem com essa farsante e desonesta", comentou um homem. "Sorte de vocês que estão vivas", escreveu outra internauta.
A reportagem procurou a médica Geysa Leal Corrêa, mas não obteve resposta. Em nota, o Conselho Federal de Medicina (CFM) informou que não comenta casos em instância de julgamento em grau de recurso com intuito de manter sua isenção. "Denúncias envolvendo médicos podem ser feitas junto ao Conselho Regional de Medicina onde ocorreu a situação", explicou.
Já o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) afirmou que abriu uma sindicância para apurar os fatos.
Nas redes sociais, o MC Poze do Rodo escreveu: "Vai com Deus, tia". O filho de Silvia, Pedro Caio, fez uma série de postagens em homenagem à mãe. "O que me conforta é saber que estive juntou de você até o final, nunca te abandonei e você nunca me abandonou. Mãe, eu só tinha você: sempre foi eu e você. Passamos fomes juntos, lutamos juntos, trabalhamos juntos. Para sempre só nós dois", escreveu o rapaz.
O caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande).
O sepultamento de Silvia Martins será no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, na Zona Oeste, às 16h30, desta segunda-feira (18).
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini
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