Willian Silva, na porta do Hospital Adão Pereira Nunes, no dia (8), quando a filha foi baleadaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
"Olha, amor, descanse em paz, viu. Enquanto você esteve aqui nos trouxe paz, união, alegria, amor, realmente um anjo. Papai queria poder ter ido em seu lugar, tenha absoluta certeza disso, mas os planos de Deus não são os nossos e quem sou eu para questioná-lo”, lamentou Willian.
H. morreu no sábado (16) após ficar nove dias internada no Hospital Municipalizado Adão pereira Nunes, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. A menina sofreu uma segunda parada respiratória desde que deu entrada na unidade de saúde, no último dia 7 de setembro.
"No hospital, eu acreditei com todas as minhas forças até o último segundo, e mesmo com todos os aparelhos desligados eu pensei em algum momento ligar tudo de novo por conta própria, só queria sair de lá com você em meus braços e ir embora pra casa", disse o pai.
De acordo com o Instituto Médico Legal, a causa do óbito da pequena foi lesão no encéfalo por projétil de arma de fogo. A menina foi atingida enquanto voltava da casa dos avós, em Itaguaí, Região Metropolitana, no carro com os pais pelo Arco Metropolitano.
O veículo foi perseguido por agentes da PRF, que o identificaram como um automóvel roubado. Em seu depoimento, contudo, Willian afirmou não foi dado nenhum aviso pedindo a parada do automóvel para a abordagem. No carro, estavam os pais de H., a irmã e uma tia.
"Lembro de todos os dias quando você iria pra escola, e nos dava aquele beijinho toda linda dentro daquele uniforme, e voltava cheia de canções novas e as coreografavas. Você jamais será esquecida, jamais! Que Deus conforte os nossos corações de alguma maneira nesse momento difícil. Queremos justiça", finalizou.
Agentes foram afastados
Em seu depoimento, o agente da PRF Fabiano Menacho Ferreira, responsável pelos disparos, contou à TV Globo que atirou contra o veículo após ouvir o barulho de um disparo. Ele também confirmou que começaram a perseguir o veículo após constatarem que o carro estava registrado como roubado.
Por conta do incidente, a PRF afastou os três policiais envolvidos na ação. O caso é alvo de investigação da Corregedoria da corporação. O Ministério Público Federal (MPF) pediu a prisão preventiva dos envolvidos na ação.
Em nota, a PRF declarou se solidarizar "com os familiares, neste momento de dor, e expressamos as mais sinceras condolências pela perda".
A Prefeitura de Duque de Caxias e a Secretaria Municipal de Saúde também lamentaram a morte de Heloísa. "Lamentamos profundamente e nos solidarizamos aos familiares e amigos da pequena Heloísa", divulgou a prefeitura.
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