O ônibus foi atingindo por um artefato explosivo enquanto passava pela Avenida Brasil, altura de Barros FilhoReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - Passageiros e motoristas viveram momentos de terror durante um arrastão na Avenida Brasil, altura de Barros Filho, na Zona Norte, na noite desta quarta-feira (27). Na ação, criminosos jogaram um artefato explosivo de fabricação caseira que explodiu no interior do veículo e deixou três pessoas feridas, dentre elas, um idoso de 61 anos, em estado grave. A região sofre com uma intensa onda de confrontos entre criminosos rivais desde o último fim de semana.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, o acionamento ocorreu às 21h30. Eduardo S. Vieira Pontes, 61 anos, em estado grave, Luiz Silva, 65 anos, com ferimentos moderados, e Elaine S. Ivo, 35 anos, com ferimentos leves, foram encaminhados ao Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Segundo a direção da unidade, nesta quinta-feira (28), os pacientes Eduardo e Luiz têm quadro de saúde estável. Já Elaine recebeu alta.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram ainda o desespero dos passageiros após a explosão. "É muito sangue, pelo amor de Deus! Que sufoco meu pai. Os bandidos jogaram uma bomba lá dentro, explodiram, tem duas pessoas ensanguentadas lá dentro", relatou uma passageira em desespero.



O ônibus atingido foi o da linha 771 que faz o trajeto Campo Grande x Coelho Neto. Em nota, a Rio Ônibus lamentou o caso e pediu providências das autoridades.
"O setor que sofria com ônibus incendiados por criminosos, agora foi alvo de granadas. Passageiros e rodoviários perderam o direito de ir e vir na cidade do Rio de Janeiro. Diariamente, a inação do Estado sobre questões de Segurança Pública é escancarada por episódios de violência extrema. O crime e o medo, infelizmente, viraram rotina, assim como as vítimas têm virado estatística. O Rio Ônibus lamenta profundamente o ocorrido e reforça o apelo para que as autoridades competentes tomem as devidas providências com urgência", disse em comunicado.
Segundo a Polícia Militar, uma equipe do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) foi acionada para coibir uma ação de criminosos na Avenida Brasil. De acordo com o comando da unidade, o grupo tentava atear fogo em um coletivo, que circulava na pista sentido Zona Oeste na altura da comunidade Joana D'Arc.

No local, os policiais já encontraram o ônibus com as janelas quebradas e três passageiros feridos. O policiamento permanece reforçado na região. A ocorrência foi registrada na 39ª DP (Pavuna) e em seguida encaminhada para a 31ª DP (Ricardo de Albuquerque).
Na última segunda-feira (25), criminosos armados impediram um trem do ramal Belford Roxo de seguir viagem, próximo à estação Barros Filho, na Zona Norte. A ação ocorreu novamente durante uma intensa troca de tiros entre criminosos rivais. Durante o confronto, um ônibus chegou a ser incendiado e uma van foi atingida por uma bala perdida.

A PM chegou a realizar uma operação nos Complexos da Pedreira e Chapadão na manhã seguinte. No entanto, não houve registro de presos e apreensões.

Ainda segundo a corporação, nos últimos dias, criminosos de grupos rivais iniciaram uma disputa pelo domínio territorial naquela região, mais precisamente no Complexo da Pedreira, que é um grande complexo de favelas localizado nos bairros de Costa Barros, Barros Filho, Coelho Neto, Parque Colúmbia e Pavuna. O Complexo do Chapadão, na mesma região, ainda abrange os bairros de Anchieta, Guadalupe e Ricardo de Albuquerque, todos na Zona Norte. A disputa na região ocorre entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP).
Procurada, a Polícia Civil informou que a inteligência da corporação está atuando em apoio à 31ª DP (Ricardo de Albuquerque), que instaurou inquérito para identificar os criminosos envolvidos na ação. O Esquadrão Antibombas da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) foi acionado para a ocorrência.
O motorista e testemunhas foram ouvidos, e a perícia foi realizada no ônibus. Os agentes realizam investigações em busca de imagens de câmeras de segurança que tenham registrado os fatos e coletam outras informações.