Veículo em que a vítima estava ficou com marcas de tiros nos para-brisas e latariaReginaldo Pimenta
Publicado 09/09/2023 10:44 | Atualizado 09/09/2023 12:14
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Rio - H. dos S. S, de 3 anos, permanece internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A menina foi baleada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) quando passava de carro com a família pelo Arco Metropolitano, na noite de quinta-feira (7). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, neste sábado (9), a vítima continua entubada e seu quadro é considerado grave. 
De acordo com a pasta, a criança deu entrada na unidade de saúde com perfuração em região cervical esquerda, além da lesão no couro cabeludo, região occipital esquerda amolecida. Ela foi avaliada pelas equipes de cirúrgia pediátrica, neurocirurgia e pediatria, com realização de exemas de imagem e laboratório, e encaminhada para o centro cirúrgico. Aos familiares, os profissionais afirmaram que o procedimento foi bem-sucedido.
O pai da menina contou que a família voltava da casa dos avós, em Itaguaí, na Região Metropolitana, por volta das 20h, quando passaram por uma viatura parada em um cruzamento na entrada de Seropédica, na Baixada Fluminense. Segundo William Silva, não houve ordem de parada, mas os agentes passaram a seguir e a ficar muito próximos ao veículo da família. Ele então decidiu dar seta para encostar o carro e, quando já estava no acostamento, quase parando, o automóvel foi alvo de mais de quatro disparos.
O agente que atingiu a vítima contou em depoimento na 48ªDP (Seropédica) que junto com dois colegas, perseguiram o carro depois que foi constatado que era produto de um roubo. Ele disse que depois de dez segundos atrás do veículo, ouviram um som de disparo de arma de fogo, chegando a se abaixar dentro da viatura, e atirou apenas após escutar os tiros. O policial relatou que atirou três vezes com um fuzil calibre 556, porque a situação o fez supor que o disparo havia sido feito do automóvel. 
O pai da criança também prestou depoimento à Polícia Civil nesta sexta-feira e esclareceu que o então proprietário, que ainda tem seu nome no documento, teria apresentado o recibo de compra e venda do veículo (CRV) no processo da compra do carro. O vendedor do automóvel teria realizado uma consulta da placa no sistema do Detran e enviado a ele, portanto, não imaginava que havia registro de roubo ao veículo no ano anterior.
A Polícia Rodoviária Federal afastou preventivamente os três policiais envolvidos na ação das funções operacionas, "inclusive para atendimento e avaliação psicológica". A arma do agente que atirou também foi apreendida e vai passar por perícia. A instituição disse que as circunstâncias da ação estão em apuração pela Corregedoria e que colabora com as investigações da polícia judiciária para o esclarecimento dos fatos. "A PRF expressa seu mais profundo pesar e solidariza-se com os familiares da vítima, assim como está em contato para prestar apoio institucional". O caso foi registrado na delegacia distrital, mas será investigado pela Polícia Federal.
O Diretor-Geral da PRF, Antonio Fernando Souza Oliveira, disse em entrevista à Globonews, que o disparo feito por um dos agentes não é um método aceito. "A gente precisa marcar que não é um método aceito pela PRF, isso não está previsto em nenhum dos nossos manuais. Pelo contrário, nós temos uma portaria interministerial de 2010, assinada pelo então presidente Lula, a portaria 4226, que deixa claro (...) que é vedado o disparo de arma de fogo contra veículo que fugiu de bloqueio policial ou que não atendeu a ordem de parada. Não é permitido o disparo de arma de fogo para o veículo que está em fuga, a gente tem que fazer o acompanhamento tático", afirmou.
O ministro da Justiça e Segurança Pública cobrou providências sobre a ação, em uma publicação em suas redes sociais. Flávio Dino descreveu o caso como trágedia e afirmou que está esperando por uma resposta dos órgãos de direção. Ele informou ainda que mandou acelerar a revisão da doutrina policial e manuais de procedimento da instituição. Já o procurador da República e coordenador do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Federal (MPF), Eduardo Benones, determinou a instauração de um procedimento investigatório sobre o caso.
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