Daniel Proença, 32, foi o único médico que sobreviveu ao ataque no quiosque da Barra da TijucaReprodução / Redes sociais

Rio - Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, único sobrevivente do ataque a tiros que matou três médicos em um quiosque, gravou um vídeo diretamente do Hospital Samaritano, na Barra da Tijuca, onde está internado, dizendo que "está tudo tranquilo".
"Estou bem, viu? Está tudo tranquilo, graças a Deus. Só com umas fraturas, mas vai dar certo. Vamos sair dessa juntos. Valeu pela preocupação, obrigado", disse o ortopedista, em um vídeo de 12 segundos. Um amigo, que preferiu não se identificar, disse ao DIA que Daniel levou mais de 10 tiros e sofreu fraturas no fêmur, no úmero e no cotovelo.
Na tarde desta quinta-feira (5), Daniel Proença foi transferido do Hospital Municipal Lourenço Jorge, onde passou por uma cirurgia, para o Hospital Samaritano. O último boletim divulgado, disse que o médico "encontra-se lúcido, orientado e respira sem o auxílio de aparelhos". 
Natural de Mogi das Cruzes, em São Paulo, Daniel é especialista em Ortopedia, Traumatologia e em reconstrução óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Em nota, o Conselho Federal de Medicina (CFM) manifestou seu repúdio ao ocorrido e ainda cobrou das autoridades medidas que tragam segurança aos moradores e turistas. Segundo o órgão, "não pode haver a banalização da violência, o que demanda adoção de uma série de medidas urgentes em favor do bem-estar e da vida".

"Contando com o empenho de todos para superar o clima de insegurança que tomou conta de parte do país, resultado da violência sistêmica historicamente negligenciada, o CFM aproveita essa oportunidade para manifestar seu pesar. Neste momento de consternação, o CFM empenha solidariedade às famílias e amigos das vítimas, Marcos de Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida e Diego Ralf de Souza Bomfim. Da mesma forma, deseja rápida recuperação ao colega Daniel Sonnewend Proença, que se encontra internado", informou a nota.
O ataque
Na madrugada desta quinta-feira, os médicos Diego Bomfim, 35, Marcos Corsato, 62, Perseu Almeida, 33, e Daniel Proença, 32, foram atacados a tiros, enquanto estavam em um quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Imagens de câmeras de segurança mostraram que suspeitos desceram de um carro e atiraram diversas vezes contra os ortopedistas. Um dos homens chegou a voltar para atirar mais em uma das vítimas que tentava se refugiar atrás do quiosque.
Ainda pelas imagens, é possível ver que os médicos estavam sentados no estabelecimento, que fica em frente ao Hotel Windsor. No início da madrugada, por volta de 1h, um carro branco parou e ao menos 3 homens armados de preto atiraram contra eles.
A Polícia Civil de São Paulo enviou, nesta quinta-feira, equipes para auxiliarem as investigações sobre a execução dos três médicos. Por determinação da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, foi deslocada ao Rio uma equipe do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa) e uma equipe do Dipol (Departamento de Inteligência da Polícia Civil). 
A principal hipótese da investigação para a motivação do crime indica que os criminosos confundiram Perseu Almeida com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado como um dos principais chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste. O médico e o miliciano possuem características físicas semelhantes.
Taillon está cumprindo pena em regime semiaberto desde março deste ano e tem como residência fixa um apartamento na Avenida Lúcio Costa, a menos de 1 km do quiosque onde ocorreu o ataque. O filho traçou o mesmo caminho do pai e é acusado de ser líder de uma quadrilha que atua na região de Rio das Pedras, Muzema e adjacências.
Outra hipótese aponta que o crime possa ter sido uma execução devido a uma das vítimas, Diego Bomfim, ser irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) e cunhado do deputado federal Glauber Braga (PSOL). Os parlamentares receberam apoio de amigos para a liberação do corpo do ortopedista, na tarde desta quinta-feira, do Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio.
As investigações do caso estão a cargo da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e serão acompanhadas pela Polícia Federal, a mando do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. A medida, segundo o ministro, ocorre pela "hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares", pois o médico Diego Bonfim é irmão e cunhado de deputados federais.