Diego Bomfim, Marcos Corsato e Perseu Almeida morreram, e Daniel Proença foi levado ao hospitalReprodução / Redes sociais

Rio - A Secretaria de estado de Administração Penitenciária (Seap) apreendeu celulares de detentos no Presídio Gabriel Castilho, popularmente conhecido como Bangu 3, na Zona Oeste, nesta sexta-feira (6), após a informação de que uma videoconferência entre a cúpula do Comando Vermelho (CV) teria sido realizada para selar o destino dos criminosos envolvidos na execução de três médicos na Barra.
Investigações apontam que os suspeitos podem ter sido julgados pelo "tribunal do tráfico" do Complexo da Penha, na Zona Norte, e assassinados. Isso porque o CV, facção da qual faziam parte, estaria contrariado com a repercussão do caso envolvendo inocentes.
Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta-feira (6), o governador Cláudio Castro afirmou que antes do 'tribunal do tráfico' identificar os envolvidos no crime, a Polícia Civil, em menos de 12 horas, já havia monitorado os suspeitos. O governador do Rio também comentou sobre a punição interna do CV.
"Até eles se indignaram com a ação e fizeram essa punição interna. Isso não altera absolutamente nada, vamos continuar as investigações", afirmou o governador, que não detalhou de quem eram os celulares e nem quantos foram apreendidos.
A reunião teria acontecido na noite de quinta-feira (5), horas depois do assassinato dos médicos Diego Bonfim, 35 anos, Marcos de Andrade Corsato, 62, Perseu Ribeiro Almeida, 33. Já Daniel Sonnewend Proença, de 32, sobreviveu e se recupera bem em um hospital particular após ser submetido a uma cirurgia.
Na noite de quinta-feira (5), quatro corpos de suspeitos de participação na execução médicos foram encontrados dentro de dois carros, na Zona Oeste.
O secretário da Polícia Civil, José Renato Torres, disse em coletiva que vai investigar e punir os criminosos que assassinaram os executores.
"Nós vamos tratar com o mesmo rigor que tratamos o crime do quiosque, quem mandou matar esses indivíduos que eram objeto de investigação da Polícia Civil. Porque quem tem a legítima força é o estado, através de suas forças policiais. Nós vamos submetê-los ao rigor da lei. Se houve esse pseudotribunal. De que maneira foi feita essa reunião, para mim, pouco importa. A minha orientação para a Delegacia de Homicídios é que identifiquem cada um dos participantes e que sejam submetidos ao rigor da lei", completou o secretário.
Suspeitos identificados
Todos os mortos pelo 'tribunal do tráfico' já foram identificados. São eles: Philip Motta Pereira, o Lesk, Ryan Nunes de Almeida, o Ryan, Thiago Lopes Claro da Silva e Pablo Roberto da Silva dos Reis. Lesk, que estava no veículo localizado na Gardênia, era miliciano e trocou de lado, passando a integrar o Comando Vermelho sendo abrigado por criminosos do Complexo da Penha. O ex-miliciano teria sido ainda o responsável por chefiar a invasão de traficantes e tomada do controle da comunidade da Gardênia Azul, em Jacarepaguá. Já Ryan é apontado como integrante do grupo liderado por Lesk, chamado de "Equipe Sombra". 
Além dos quatro mortos, a Civil suspeita do envolvimento de outros dois traficantes na execução dos médicos. São eles: Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, e Bruno Pinto Matias, vulgo Preto Fosco, ambos foragidos.
Principal linha de investigação
A principal linha de investigação da polícia é que Perseu Ribeiro Almeida tenha sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26 anos, que mora próximo ao local onde ocorreu o crime.

Taillon é apontado como líder da milícia que atua na região de Rio das Pedras, Muzema, Gardênia Azul e adjacências. Ele está em regime semiaberto desde março e tem como residência fixa um apartamento na Avenida Lúcio Costa, a menos de 1 km do quiosque onde as vítimas foram executadas.

O miliciano travou uma disputa territorial com traficantes do Comando Vermelho (CV) no início deste ano, liderados por Philip Motta, o Lesk. Em janeiro, a maior facção do Rio de Janeiro invadiu comunidades na Gardênia Azul, Muzema, Itanhangá e Rio das Pedras. A disputa entre os criminosos rivais também acontece na Cidade de Deus, Tirol, Complexo da Covanca e Praça Seca. Na Zona Norte, o conflito ainda ocorre nos Morros do Fubá e Campinho.

Já Perseu era membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e especialista em cirurgia do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IOT-HCFMUSP). Segundo o cunhado da vítima, Hugo Dantas, era a primeira vez de Perseu no Rio de Janeiro e ele se mostrou bastante animado com a viagem e o congresso.