Coletiva com o governador Cláudio Castro e Ricardo Cappelli, secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança PúblicaCleber Mendes
"O problema não é do estado do Rio, é do Brasil. Nós só conseguiremos ter sucesso se for um combate de todos. Nós não estamos mais falando de uma briga de milicianos, traficante. Estamos falando de uma verdadeira máfia, que verdadeiramente tem entrada nas instituições, nos poderes, no comércio, nos serviços e inclusive no sistema financeiro nacional, que cada dia mais possuem suas próprias estruturas, inclusive, seus próprios tribunais", disse o governador.
O governador do Rio ressaltou o fato de os criminosos terem cometido o crime em um local com câmeras. "Não se trata de 'gente boazinha' da comunidade. São criminosos sanguinários, que têm que ser combatidos com a mão forte do estado. As investigações continuam e serão ampliadas. Iremos até o fim para combater essa máfia que atua no Rio e no Brasil inteiro e tem causado medo à população", acrescentou.
Torres disse que vai investigar e punir os criminosos que assassinaram os executores. "Nós vamos tratar com o mesmo rigor que tratamos o crime do quiosque, quem mandou matar esses indivíduos que eram objeto de investigação da Polícia Civil. Porque quem tem a legítima força é o estado, através de suas forças policiais. Nós vamos submetê-los ao rigor da lei. Se houve esse pseudotribunal. De que maneira foi feita essa reunião, para mim, pouco importa. A minha orientação para a Delegacia de Homicídios é que identifiquem cada um dos participantes e que sejam submetidos ao rigor da lei", completou o secretário de Polícia Civil do Rio.
O número 2 do Ministério da Justiça afirmou que nada muda em relação ao apoio oferecido no enfrentamento ao tráfico na comunidade da Maré. "Não muda absolutamente nada. Queremos fazer um trabalho com transparência. Ninguém está em busca de pirotecnia. Nós estamos atrás da efetividade e harmonia dos poderes porque o adversário está do outro lado", afirmou Cappelli.
A Polícia Civil encontrou, na noite desta quinta-feira (5), quatro corpos apontados como os de traficantes que participaram da morte dos médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, durante a madrugada do mesmo dia. Os corpos estavam dentro de dois carros nos arredores da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, na mesma região.
A polícia aponta que os suspeitos podem ter sido mortos pelo ''tribunal" do tráfico no Complexo da Penha, na Zona Norte. Isso porque a facção Comando Vermelho (CV), da qual faziam parte, estaria contrariada com a repercussão do caso, já que inocentes morreram. Informações preliminares afirmam ainda que antes da execução dos traficantes houve uma reunião na Vila Cruzeiro, na Penha, com alta cúpula da organização criminosa e os suspeitos de participarem do crime.
Três corpos estavam dentro de um carro na Rua Abrahão Jabour, nas proximidades do Riocentro; e outro no segundo veículo, na Avenida Tenente-Coronel Muniz de Aragão, na Gardênia Azul. Os carros foram rebocados para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) para perícia.
Os principais suspeitos de participar da execução de médicos na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, vinham sendo monitorados pela força-tarefa Polícia Civil havia meses. Os corpos de dois deles — Philip Motta Pereira, o Lesk, e Ryan Nunes de Almeida, o Ryan — foram localizados em dois carros, na noite de quinta-feira (5).
Três médicos foram mortos a tiros e um quarto ficou ferido em um quiosque na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, na madrugada de ontem. O sobrevivente está estável e lúcido. As vítimas atuavam em São Paulo e estavam de passagem pela cidade devido a um congresso internacional de ortopedia.
Imagens de câmera de segurança da região mostraram quando suspeitos desceram de um carro branco e atiraram diversas vezes contra os profissionais de saúde. Os ortopedistas estavam sentados no quiosque em frente ao Hotel Windsor, onde estavam hospedados, quando, no início da madrugada, por volta de 1h, um carro branco parou, e ao menos três homens vestidos de preto e armados desembarcaram e atiraram contra eles.
Um dos criminosos chegou a voltar para atirar mais em uma das vítimas que tentava se refugiar atrás do quiosque.
Mais de 30 tiros foram disparados no ataque. Durante a perícia realizada no local, a Polícia Civil recolheu 33 estojos de munição calibre 9mm. Polícia realizou ainda uma perícia nos quartos das vítimas, onde nada relevante foi encontrado. Apenas celulares foram apreendidos.
Médico pode ter sido confundido com miliciano
A principal linha de investigação da polícia é que Perseu Ribeiro Almeida tenha sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26 anos, que mora próximo ao local onde ocorreu o crime.
Taillon é apontado como líder da milícia que atua na região de Rio das Pedras, Muzema, Gardênia Azul e adjacências. Ele está em regime semiaberto desde março e tem como residência fixa um apartamento na Avenida Lúcio Costa, a menos de 1 km do quiosque onde as vítimas foram executadas.
O miliciano travou uma disputa territorial com traficantes do Comando Vermelho (CV) no início deste ano, liderados por Philip Motta, o Lesk. Em janeiro, a maior facção do Rio de Janeiro invadiu comunidades na Gardênia Azul, Muzema, Itanhangá e Rio das Pedras. A disputa entre os criminosos rivais também acontece na Cidade de Deus, Tirol, Complexo da Covanca e Praça Seca. Na Zona Norte, o conflito ainda ocorre nos Morros do Fubá e Campinho.
Carro na Cidade de Deus
Segundo a Polícia Civil, inicialmente o carro dos criminosos que executaram os médicos na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, seguiu para a comunidade da Cidade de Deus. O trajeto durou cerca de 40 minutos e foi mapeado pelos policiais que investigam o caso.
Os agentes rastrearam imagens de câmeras de segurança e concluíram que o veículo saiu do local da execução em direção ao quebra-mar da Barra da Tijuca. Em seguida, os criminosos foram para a Cidade de Deus, totalizando cerca de 17Km.
Traficantes da facção Comando Vermelho atuam na comunidade e a usam como base na disputa territorial com milicianos da região.
Enterro das vítimas
Os corpos de Marcos Corsato, Diego Bomfim e Perseu Almeida foram liberados no IML na quinta-feira (5), por amigos e parentes, e seguiram para as cidades de Presidente Prudente e Sorocaba, ambas no estado de São Paulo, e para Salvador, na Bahia, respectivamente.
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